Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira

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Em 2018, o duo paulista Voodoo Brothers ainda estava dando os primeiros passos e, mesmo assim, recebeu a oportunidade de tocar no Psycho Carnival. Naquele momento, isso foi um reconhecimento do trabalho da banda e uma injeção de ânimo gigantesca.

Na 21ª edição do festival, que será realizada de 20 a 24 de fevereiro no Jokers Pub e em outros espaços culturais de Curitiba, Vinci Bueno (guitarra e vocal) e Camila Lacerda (bateria e backing vocal) chegam para mostrar que o olho clínico dos organizadores do Psycho Carnival acertou em cheio. “Desta vez a responsabilidade é maior, pois estamos com cinco anos de banda. Na primeira vez, como era uma estreia, acho que a nossa própria cobrança era menor e o público também estava nos descobrindo”, diz Camila.

O grupo, que une Psychobilly, Surf Music e Blues em um som bem original, se apresenta na segunda-feira (24), na noite de encerramento do festival que contará com ninguém menos do que os ingleses do Guana Batz, um dos nomes mais importantes do Psychobilly. “Estamos mais maduros, com mais experiência de shows e mais exigentes com nós mesmos. Acredito que o público também espera uma apresentação mais completa, então a gente quer fazer um show bem afiado, tocar tudo em uma pegada legal”, complementa a baterista.

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Uma celebração do underground

Tanto para o público quanto para os artistas, além da possibilidade de assistir a grandes shows, a convivência com a cena underground nos quatro dias de festival é uma experiência sempre marcante. “São muitos amigos, bandas, interesses em comum. Temos várias vertentes do Rock, tanto para divulgação quanto para curtir com nossos amigos e prestigiar as outras bandas. A gente curte muito o Carnival!”, diz Vinci.

Na verdade, a ligação de Camila e Vince com o Psycho Carnival surgiu muito antes do Voodoo Brothers. “O meu pai já frequentava o evento, e eu já vou há sete anos com a minha esposa. Sempre senti muita vontade de tocar e agora, então, pela segunda vez, vai ser muito bom! Pra gente é muito importante fazer parte desse evento mais uma vez”, conta Vinci.

Camila, por sua vez, está  vindo pela 11ª vez ao festival. “Eu sempre falo que são dias nos quais a gente vive intensamente esse mundo de shows, amigos e trocas de experiências que amamos tanto. Eu sempre quis tocar nesse evento e me dar conta de que tocarei pela 3ª vez consecutiva (em 2018 eu fui com a minha banda de meninas, a Time Bomb Girls) é incrível! É um sonho sendo realizado e reafirmado a cada ano!”, diz a baterista.

Com essa ligação tão próxima com o festival, os Voodoo Brothers podem avaliar muito bem a importância do evento no cenário brasileiro. “A admiração que temos pelo Psycho Carnival é muito grande! Principalmente pela inspiração de ter um evento que traz as bandas de fora e as brasileiras que estão mais na ativa, lançando coisas, ou as mais antigas também. É um grande pilar que mantém essa chama acesa, não só aqui no Brasil como no mundo. Até porque o Psycho Carnival foi reconhecido até em Piñeda com um dia dedicado só para os brasileiros”, avalia Vinci.

Em 2019, o festival espanhol Psychobilly Meeting, que é realizado na cidade de Piñeda del Mar, teve uma noite com shows só de bandas brasileiras. A intenção dos organizadores foi homenagear os 20 anos do Psycho Carnival e, por isso, foram convidadas as bandas The Mullet Monster Mafia, Os Catalépticos, Sick Sick Sinners e Hillbilly Rawhide.

Para os artistas brasileiros, que batalham em um país que pouco valoriza a cultura, a possibilidade de contar com o apoio de um evento desse porte deve ser deve ser ressaltada. “A nossa admiração também é muito grande pelos organizadores por mostrarem que os músicos brasileiros podem seguir e divulgar o nosso som pra fora do país. Mesmo sendo da cena underground, a gente pode viajar o mundo para tocar e trazer gente de fora para ver as bandas daqui também. Isso pra mim é único!”, complementa Vinci.

A invasão dos gatos

Nesses cinco anos de atividade, o Voodoo Brothers lançou o album “Green Kahuna” (2017). No final do ano passado, uma das faixas do CD ganhou um clipe que aborda uma situação bem peculiar.

Afinal, “Six little devils” conta a história de uma família de felinos que estava sob os cuidados de Vinci. “Eu tinha dois gatos, eles deram cria, e vieram esses seis capetinhas para a minha vida. Eu morava em um apartamento pequeno, era um quarto e uma cozinha, aí eu acordava e tinha gato me cercando, eu ia comer e os gatos estavam dentro do meu prato, eu ia lavar a louça e eles estavam dentro da pia, eu ia tomar banho e os gatos invadiam o banheiro…”, conta o guitarrista.

Obviamente, como o espaço era pequeno, os problemas foram inevitáveis. “Eles começaram a sujar a casa inteira e destruir algumas partes dela. A Mirella, que hoje éa minha esposa, começou a ficar na bad comigo, e eu falo isso na letra, inclusive. Com o tempo, eu fui doando os bichinhos. Hoje em dia eu estou só com dois ‘little devils’, a mãe e um dos filhotes. Minha vida está mais fácil (risos)”, complementa Vinci.

No Psycho Carnival, a banda vai apresentar no mínimo quatro canções novas. Uma delas é “Psychobilly Blues”, que também deve ser o nome do próximo álbum do Voodoo Brothers, que ainda não tem data de lançamento. “Estamos terminando mais duas músicas e, se tudo correr bem, vamos estreá-las no Carnival (risos). O Vinci escreveu uma dessas faixas pensando justamente nesse festival maravilhoso, então faremos o possível para que ela esteja do melhor jeito até lá”, finaliza Camila.

Serviço

Cinco dias para celebrar a música, a amizade e a diversão. Esse é o espírito da 21ª edição do tradicional festival curitibano Psycho Carnival, que será realizado entre os dias 20 (quinta-feira) e 24 de fevereiro (segunda-feira) no Jokers Pub, em Curitiba. “Boa parte do público que vem todo ano ao festival acabou construindo amizades que permanecem até hoje”, diz um dos organizadores do Psycho Carnival, o músico e produtor cultural Vlad Urban.

Em 2020, o evento reunirá 37 bandas de oito países. A ideia é apresentar um grande panorama do que há de melhor no mundo do Psychobilly, Rockabilly, Punk Rock, Outlaw Country e Surf Music. Entre as atrações deste ano estão o Guana Batz (Inglaterra), o Cenobites (Holanda), e os grupo curitibanos Ovos Presley, Os Catalépticos e Hillbilly Rawhide.

Assim como nos últimos quatro anos, o festival terá como base principal o Jokers Pub, localizado na região central de Curitiba. Porém, nesta edição, também serão realizados alguns shows gratuitos no Lado B Bar, nas Ruínas de São Francisco, no Largo da Ordem (com o apoio da Rádio Mundo Livre FM) e na Gibiteca de Curitiba. “Os eventos gratuitos são muito importantes! Independentemente do apoio ou não do poder público, nós acreditamos que todos devem ter acesso à cultura”, afirma Vlad Urban.

Os ingressos custam de R$ 50 a R$ 250 e podem ser adquiridos no site Sympla. Confira todas as informações sobre a 21ª edição do Psycho Carnival neste link.

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