Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
Capa: Divulgação

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Depois de nove anos de batalha, a banda curitibana Cafajeste Rock Clube finalmente chega ao seu primeiro álbum. O lançamento do CD físico acontece neste sábado (15) no John Bull. Para completar, quem fechará a noite será o grupo paulista Velhas Virgens, que está comemorando 30 anos de estrada.

Autointitulados “a banda mais canalha do mundo”, Chris Ferreira (vocal), “Big Gill” Horochovec e Cyro Sumski (guitarras), Celso Japiacu (baixo) e Tadashi (bateria) fazem jus ao adjetivo.

O “Rock Canalha” do grupo bebe nas fontes de vários artistas nacionais que usavam o bom humor e o sarcasmo como carro-chefe, entre eles, o Ultraje a Rigor e o Camisa de Vênus.

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Debut

“O Bar Nosso de Cada Dia” tem 16 faixas (entre músicas e bônus). Ele foi gravado no estúdio Old Black Records, em Curitiba, com a produção do músico e produtor Renato Ximú e do guitarrista “Big Gill” Horochovec. “O processo todo levou quase um ano. Gravamos 12 faixas a princípio e, depois, com o disco praticamente pronto, resolvemos colocar umas faixas de ‘zoeira’. Achamos que estava muito sério e não gostamos muito de ser tão sérios. Acabou com 16 faixas e o resultado nos agradou muito”, explica Gill.

No último dia 1º, a banda lançou o álbum nas plataformas digitais, entre elas o Deezer, o Spotify e o iTunes. O fato curioso é que, em pleno século XXI, a capa do CD acabou sendo censurada. “A ideia do disco e da capa era deixar claro que o bar é um lugar sagrado no qual o sujeito vai religiosamente. Ter o sagrado e o profano juntos. Uma freira com os peitos de fora é muito Rock’n’roll (risos)”, explica Chris. “No primeiro momento a gente ficou puto! Mas acabamos usando isso como publicidade. Fizemos uma capa alternativa e lançamos nas plataformas. A capa censurada é só para quem comprar o CD físico”, diz Gill.

A solução para o problema foi usar uma capa adaptada às “exigências” da internet. “Nas plataformas digitais e no próprio Facebook, nós não conseguimos mostrar a capa como ela é. Aí fizemos uma alternativa, sem os seios à mostra. Mas levamos na boa. Nós não valemos nada, só levamos a sério uma cerveja gelada”, complementa Chris.

O CD teve a participação de quatro convidados especiais. O primeiro foi o vocalista do Velhas Virgens, Paulão, na música “O bar nosso de cada dia”, que abre o álbum. “Ele é uma referência para nós, principalmente pra mim. O cara é muito gente fina, canta demais e está sempre à disposição para fortalecer o nosso trabalho”, diz Chris. “Hoje, será a quarta vez que dividiremos palco com o Velhas. O Paulão é um cara muito acessível e disposto a ajudar. ‘O bar nosso de cada dia’ era a cara dele e fazia muito sentido convidá-lo. Ficou sensacional!”, complementa Gill.

Já o vocalista do Motorocker, Marcelus, canta na música “Eu quero ser cafajeste”. “Ele é uma lenda! Ficamos honrados por tê-lo em nosso trabalho. É gente da gente!”, elogia Chris. “Nós tocamos com ele em alguns eventos e acabamos estreitando os laços de amizade. O Marcelus e o pessoal do Motorocker são pessoas sensacionais. Ele topou de bate-pronto quando o convidamos”, diz Gill.

A compositora e cantora Michele Mabelle participa da música “Conto de fodas”. “Ela é uma artista que tem se destacado no cenário curitibano com seu trabalho próprio e como defensora das causas feministas. Achamos que seria bacana tê-la no disco reclamando de nós, homens, quase como uma sátira”, explica Chris.

O guitarrista e vocalista da Relespública, Fabio Elias, gravou a canção “O maridão”. “Foi por causa dele que eu entrei no Cafajeste! É uma história louca (risos). O cara é o ‘culpado’ por estarmos nessa, é meu padrinho!”, conta Chris. “O Fabio é um grande amigo, aliás, ele é o responsável pela entrada do Chris na banda. É tipo um padrinho, mesmo. Sempre podemos contar com ele”, diz Gill.

A situação inusitada que culminou com a entrada de Chris no Cafajeste aconteceu em 2012. “Fazia 12 anos que eu estava sem banda, após minha vinda do interior. Então, eu liguei para o Fabio Elias perguntando se ele sabia de alguma banda para eu voltar para o circuito e ele disse que não. No mesmo dia, o ‘Big Gill’, fundador do Cafajeste, teve a mesma ideia e também ligou para o Fabio. Foi muito louco (risos). Ele fez a ponte entre eu e a banda. Fiz o teste e, por falta de opção do grupo, eu estou com eles até hoje (risos)”, complementa Chris.

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Resistência

Entre os seus primeiros passos e o lançamento de “O Bar Nosso de Cada Dia”, foram quase dez anos de batalha para que o Cafajeste conseguisse o seu objetivo.

Porém, demorar tanto tempo para lançar o seu primeiro álbum não é uma situação incomum para a maioria dos artistas curitibanos. “Fazer Rock em Curitiba não é fácil. Parece incoerente, pois somos a cidade mais roqueira do Brasil. Eu acho que fazer música própria e se tornar conhecido é o mais difícil. Temos que comemorar! É um puta disco de Rock’n’roll. Acabamos de lançar nas plataformas digitais e estamos recebendo várias mensagens de todo o Brasil dizendo que o disco ficou muito foda! Tem que ser comemorado, pois foi feito com muito tesão e profissionalismo”, diz Chris.

Diante dessa situação, chegar ao lançamento de seu primeiro álbum é um grande motivo de orgulho para a banda. “É uma vitória gigante! Fizemos o álbum com recursos próprios, tocando todo o nosso set autoral. É claro que tivemos que tocar muito cover, mas não houve um show sequer em que não tocamos todo o nosso set autoral. Não nos dobramos, mas conseguimos!”, complementa Gill.

O show de lançamento do CD terá a participação de Paulão, da cantora e compositora curitibana Michele Mabelle e do radialista e humorista Zico Lamour, que faz o personagem INRI Cristo na rádio Joven Pan. “Nós preparamos um show performático, teatral e visceral, um baita show de Rock! Quem estiver no John Bull vai se divertir. Hoje, tocaremos em casa. Muitos que estarão lá conhecem a nossa luta, nossas músicas e a nossa caminhada. Esperamos encontrar um público pronto para receber o que temos de melhor: Rock Canalha, bêbado e divertido”, conta Chris. “Tivemos que mudar a ordem das músicas por causa dos horários do Paulão, que vai tocar com a gente. No mais, é quase o mesmo show que a gente vem fazendo. Temos o privilégio de lançar um disco no qual o público que acompanha a gente sabe cantar todas as músicas!”, finaliza Gill.

O show acontece hoje no John Bull. Os ingressos são limitados e custam R$ 40 (3º lote) e R$ 50 (último lote). Os bilhetes podem ser adquiridos no site Sympla e na loja Let’s Rock (Praça Tiradentes, 106, loja 3, Centro. Fone: 3324-2676).

A casa abre às 20h e o show do Cafajeste Rock Club começa às 23h. O John Bull Pub fica na Rua Mateus Leme, 2204, no Centro Cívico.