Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Rosangela Missawa

Andy Summers, Rodrigo Santos e João Barone apresentaram os grandes clássicos e também alguns lados B do grupo inglês

callthepolice



Interpretar grandes clássicos é sempre uma tarefa traiçoeira, mas quando você tem um dos compositores dessas canções ao seu lado, esse desafio é ainda maior. Para os fãs, certas canções são sagradas e, quando a banda que compôs essas pérolas não está completa, a cobrança acaba sendo multiplicada.

Andy Summers (guitarrista fundador do The Police), Rodrigo Santos (baixo e vocal – ex-Barão Vermelho) e João Barone (bateria – Os Paralamas do Sucesso) sabiam dessa responsabilidade quando criaram o projeto Call the Police para interpretar músicas do lendário grupo inglês.

A ideia do projeto Call the Police nasceu em 2014 quando o empresário Luiz Paulo, que trabalhava com Andy Summers e com Rodrigo Santos, apresentou os dois artistas. Na ocasião, Andy começou a ter contato com os trabalhos do Barão Vermelho e dos Paralamas do Sucesso e ficou impressionado com a qualidade de Rodrigo e Barone. Três anos depois, em 2017, a criação do Call the Police começou a ser colocada em prática.

Andy costuma dizer que só toca as músicas do The Police quando está acompanhado de músicos especiais. Ou seja, o guitarrista inglês considera Rodrigo e Barone os parceiros ideais para reviver esses clássicos, o que é uma honra não só para eles, mas para toda a cena musical brasileira.

Nessa sexta-feira (30) no Teatro Positivo, em Curitiba, o trio mostrou que é capaz de dar vida a essas canções icônicas de uma maneira que vai muito além de um simples cover.

call2



O show

O trio abriu o show com “Sychronicity”, “Driven to tears”, “Spirits in a material world” e “Walking on the moon”. Logo de cara, era possível notar que o público colocava uma enorme responsabilidade principalmente nos ombros de Rodrigo Santos, o responsável por recriar os vocais de Sting, tão marcantes no Police. Afinal, as vozes originais de canções como “Walking on the moon”, por exemplo, são cantadas em tons altíssimos. Porém, de maneira tranquila e com personalidade, Rodrigo se saiu muito bem, sem dar margem aos “haters”.

O mais “à vontade”, digamos assim, era o baterista João Barone. Essa tranquilidade é justificável pela influência que o próprio Stewart Copeland sempre teve na trajetória do músico brasileiro ao lado dos Paralamas do Sucesso. O setlist do show ainda teve, entre outras músicas, “King of pain”, “De do do do, de da da da” e “Roxane”.

O Police

Poucas bandas influenciaram o Rock/Pop de forma tão decisiva quanto os ingleses do The Police. Afinal, a química entre Sting (baixo e vocal), Andy Summers (guitarra) e Stewart Copeland (bateria) foi praticamente perfeita desde o álbum de estreia, “Outlandos d’Amour” (1978).

A maior prova disso pôde ser sentida após a separação do grupo depois da turnê mundial do último trabalho de estúdio do trio, “Synchronicity” (1983). Confiante de que manteria a máquina de sucessos em funcionamento, Sting embarcou em uma carreira solo que, mesmo com bons momentos, como o álbum ao vivo “Bring on the Night” (1986), não chegou nem perto da genialidade do Police. Nitidamente, eles precisavam uns dos outros para criar algo grandioso. Talvez, nenhum dos três tenha percebido isso a tempo de manter a banda em atividade.

Em 2007, o grupo se reuniu para alguns shows ao redor do mundo, mas era claro que a banda não estava se divertindo como antes. A turnê passou inclusive pelo Rio de Janeiro, em um show que reuniu mais de 70 mil pessoas no estádio do Maracanã.

call3



O respeito ao público curitibano

Após “Every breath you take”, a banda se retirou rapidamente do palco do Teatro Positivo. Na volta, Barone revelou que ele e Rodrigo tinham apresentado a capital paranaense para Summers da melhor maneira possível: “nós queríamos muito tocar aqui e falamos para o Andy que Curitiba tem um público roqueiro sensacional!”, disse o baterista.

Depois disso, Andy arriscou um diálogo em português com o público terminando com a enigmática frase “music is the answer” (a música é a resposta). Em tempos tão conturbados, nos mais variados sentidos, essa é uma afirmação que faz todo sentido. O trio encerrou a apresentação com “Every little thing she does is magic” e saiu do palco sob os aplausos do público que praticamente lotou o Positivo.

Claramente, é muito difícil que aconteça uma nova reunião do The Police. Assim, é necessário manter esses grandes clássicos vivos na memória dos fãs e apresentá-los às novas gerações que, porventura, ainda não conheçam essas canções.

Como nem sempre é possível conferir de perto um artista que escreveu parte da história da música, a oportunidade de ver Andy Summers acompanhado brilhantemente por Rodrigo e Barone emocionou até os mais antigos fãs do Police. “Eu não tive o prazer de ver o The Police em ação, mas foi satisfatório assistir esse ‘projeto nacional’ comandado pelo Andy Summers. É nítida a influência do Stewart Copeland no estilo de tocar do João Barone, então, não podia ser diferente o resultado. Excelente som!”, diz o analista de sistemas Irajá Eric.

Confira a música “Every breath you take”, gravada ao vivo no show do Call the Police no Teatro Positivo e veja também o nosso álbum de fotos.

 

Call The Police - Teatro Positivo - 30/8/2019