Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Divulgação

curitiba em riffs

Curitiba sempre teve seus focos de resistência contra a estagnação cultural que as autoridades tentam impor à classe artística da cidade. Dentro do mundo musical nos últimos anos, por exemplo, foram criados vários projetos para organizar shows, gravar coletâneas e produzir festivais. Nem todos conseguiram sucesso, mas essas iniciativas independentes sempre movimentam a cena de alguma forma.

O mais novo projeto surgido no underground curitibano é a coletânea “Curitiba em Riffs”. Organizada pelo baterista Christiano Carstensen (Rabo de Galo), pelo guitarrista e vocalista Ulisses “Mano” Rodrigues (Hecatombe, Necrotério, Grympha) e pelo baterista Bruno, do Grympha, a iniciativa é uma continuação do CD “Curitiba em 3 Acordes”. A coletânea, lançada em 2016, prestou uma homenagem ao underground curitibano com regravações de músicas de bandas históricas da cena local.

Agora, no “Curitiba em Riffs”, o modelo escolhido para viabilizar o projeto foi, novamente, o financiamento coletivo na plataforma Kickante. Foram selecionadas 21 bandas, e cada uma delas gravará uma música de um grupo que marcou o seu nome na história do Heavy Metal curitibano. O CD também contará com uma música inédita do grupo Alma Negra. A lista de bandas convidadas e homenageadas, que estão entre parênteses, é a seguinte:

Aqueronte (Amen Corner), Sad Theory (Infernal), Fearless Woman (Anorkia), Horrific Discurbance (Hecatomb), Exylle (Septic Brain), Jailor (Epidemic), Death Smoke (Fornication), Axecuter (Holy Death), Tripanossoma (Scarnio), Crotch Rot (Entrails), Rot Remains (Necrotério), Offal (Iced), Division Hell (Legion of Hate), Cassandra (Eternal Sorrow), Atrocitus (Gory Host), Motorbastards (Subversive), Grimpha (Masmorra), Decadência (Imperious Malevolence), Mercy Killing (Creeping), Slammer (Funeral) e Howfar (Gipsy Dream).

curitiba em riffs 2

As bandas que gravariam as músicas e as que seriam homenageadas passaram por um processo de seleção que ficou a cargo de Ulisses “Mano” Rodrigues e de Bruno. “A lista foi definida pelos dois. Eu dei um pitaco ou outro. Sugeri que a Cassandra fizesse uma versão do Eternal Sorrow e que o Atrocitus participasse, por exemplo. Como critério, decidimos que elas deveriam estar na ativa e produzindo. Sabemos que muitas ficaram de fora, e é uma pena, mas vamos tentar colocar mais bandas em eventos ou nas próximas edições”, diz Christiano.

A meta da campanha é atingir R$ 12 mil até o dia 7 de julho. O dinheiro será usado para todo o processo de gravação e produção dos CDS, assim como em despesas de correio e na confecção das recompensas. Para contribuir, é possível escolher entre várias opções de valores, que vão de R$ 35 a R$ 1000 e dão direito a diferentes recompensas, entre elas, canecas, bottons e tatuagens, além dos próprios CDs. “No ‘Curitiba em 3 Acordes’, nós não atingimos 100%, mas, mesmo assim, o CD saiu. Agora, como o orçamento é um pouco mais ousado, não sei como vai ser. A ideia é gravar após a arrecadação, justamente para pagar o estúdio e todas as bandas gravarem tranquilas”, diz. “Neste primeiro momento, a dedicação é total à campanha. Depois, vamos criar o cronograma e acompanhar a produção do material”, complementa.  Para contribuir, basta acessar este link e escolher o valor e a recompensa.

A realidade é que, no “Curitiba em 3 Acordes”, Christiano e os organizadores conseguiram mobilizar a cena da cidade de uma forma até surpreendente. Agora, o desafio é manter esse envolvimento. “O underground, artisticamente, tem muito a oferecer. É um movimento que nunca parou. Precisamos apresentar tudo isso que acontece para um público que nem imagina a efervescência que rola pelas ruas. Também temos que estimular quem já participa a conhecer mais o passado”, diz. “O mais interessante é a amizade. Ver a molecada de uma banda nova deixar o CD do AC/DC um pouco de lado e descobrir que em Curitiba, lá nos anos 1980, antes de eles nascerem, já existiam uns malucos apavorando o coreto (risos). A ideia é  estimular a arte, a amizade e a diversão em todos os níveis”, finaliza Christiano.