Texto: Marcos Anubis
Fotos: Reprodução Facebook Slayer e Andrew Stuart

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Nesse sábado (30) no The Forum, na cidade de Los Angeles, o Slayer colocou um ponto final nos 38 anos de trajetória do grupo. No derradeiro show da “Final World Tour”, Tom Araya (baixo e vocal), Kerry King e Gary Holt (guitarras) e Paul Bostaph (bateria) escolheram o clássico “Angel of death” para encerrar as atividades da banda.

Antes de sair do palco, o grupo passou mais de dez minutos agradecendo aos fãs. Gary Holt foi o primeiro a abraçar Araya e os outros integrantes. Visivelmente emocionado, Tom Araya se dirigiu ao público para ressaltar o apoio que o grupo sempre recebeu. “Muito obrigado! Eu queria agradecer a vocês por passarem tempo com a gente. Tempo é precioso, então queria agradecer vocês por compartilharem ele conosco”, disse. A turnê de despedida do Slayer começou em maio de 2018 e foi encerrada com aproximadamente 150 shows em 30 países, inclusive pelo Brasil com apresentações em São Paulo e no Rock In Rio. Em Curitiba, o Slayer se apresentou em 2011, no Master Hall, e em 2014, no BioParque.

Nome marcado na história

Formado em 1981, na Califórnia, o Slayer foi um dos pioneiros do Thrash Metal. Durante as quase quatro décadas de vida da banda, o grupo lançou álbuns que se tornaram essenciais para a construção dos alicerces do Thrash. Entre eles, estão “Show No Mercy” (1983), “Hell Awaits” (1985), “Reign in Blood” (1986), “South of Heaven” (1988), “Seasons in the Abyss” (1990)  e “Divine Intervention” (1994). Ao todo, o Slayer lançou 11 álbuns de estúdio e dois ao vivo.

A banda foi indicada para concorrer ao Grammy em cinco ocasiões na categoria de Melhor Performance Heavy Metal e ganhou em 2007, com a faixa “Eyes of the insane”, e em 2008, com “Final six”. Entre 2009 e 2010, o Slayer se juntou ao Metallica, ao Megadeth e ao Anthrax na turnê “Big 4”, que reuniu quatro grandes nomes da história do Thrash Metal. A mini-tour resultou no DVD “The Big 4 – Live From Sofia”, que mostra o show gravado na capital da Bulgária.

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Perdas irreparáveis

Nos 38 anos de vida, o Slayer precisou enfrentar dois momentos muito difíceis. O primeiro aconteceu em 1993, com a saída do baterista Dave Lombardo. Na época, Paul Bostaph assumiu as baquetas e o grupo lançou aquele que talvez tenha sido o último grande álbum da carreira da banda, o excelente “Divine Intervention” (1994).

Lombardo voltou em 2001 e saiu de forma definitiva em 2013. Usando convenções rítmicas que iam muito além do Thrash Metal, Dave Lombardo fez com que o som do Slayer se tornasse muito diferenciado em relação aos outros grandes nomes do Thrash. Em 2014, o Cwb Live publicou uma entrevista exclusiva com Lombardo. Leia neste link.

Já em 2011, veio o golpe mais profundo quando o Slayer foi surpreendido com a morte do guitarrista Jeff Hanneman, que compôs alguns dos maiores clássicos do Slayer, entre eles, “Hell awaits”, “Raining blood” e “Angel of death”. O músico, que tinha apenas 49 anos, faleceu de maneira repentina, vítima de insuficiência hepática.

Para continuar na ativa, o grupo convidou o guitarrista do Exodus, Gary Holt. Porém, alguma coisa se perdeu na química da banda. Holt é um excelente guitarrista, com muita presença de palco, mas a ausência de Hanneman foi claramente muito sentida. Com Gary, o Slayer lançou apenas o álbum “Repentless” (2013), que acabou sendo o último da carreira do grupo.

Outro assunto bem controverso para os fãs mais antigos da banda foi  própria essência do Slayer, que passou a ser questionada nos últimos anos. Afinal, a temática musical, visual e lírica do grupo sempre foi baseada em críticas ferrenhas a religião e a política, principalmente por parte do guitarrista Kerry King. Um dos grandes exemplos dessa linha seguida pela banda é o título do álbum “God Hates Us All” (2001), com a a frase “Deus odeia todos nós” sendo usada como uma clara alusão ao fanatismo religioso.

Surpreendentemente, nos últimos anos, Araya começou dar declarações defendendo o cristianismo. Uma delas aconteceu pouco tempo depois do lançamento do álbum “God Hates Us All” (2001) quando, ao ser perguntado sobre o título, Tom acabou indo, de certa forma, na direção contrária ao que a banda sempre transpareceu. “Ele não odeia, mas é um ótimo nome para um álbum”, disse.

Se o Slayer ainda vai se reunir no futuro, ninguém sabe. Afinal, muitas bandas acabam encerrando as atividades “definitivamente” e, alguns anos depois, retornam aos palcos como se nada tivesse acontecido. Mesmo que o Slayer tenha realmente acabado, o legado construído pelo grupo durante os 38 anos de vida já eternizaram a banda como uma das maiores da história do Heavy Metal.