jim morrison the doors aniversário de morte

Jim Morrison em 1969 (Foto – Reprodução/Facebook Robby Krieger)

 

Madrugada do dia 3 de julho de 1971. Na banheira de um apartamento localizado na Rue Beautraillis 17, em Paris, o corpo de um dos maiores poetas da história do rock descansa, inerte. Aos 27 anos, a idade maldita para grandes ícones do rock, Jim Morrison, vocalista do The Doors, deixava sua vida de excessos e poesia.

Sua morte é, até hoje, cercada de mistérios e dúvidas. As hipóteses que a explicariam vão desde uma overdose até um assassinato cometido pela CIA, que teria um dossiê com 89 páginas de informações sobre o cantor. Uma das “teorias” que a cercam diz que Jim teria simulado a sua morte para viver em paz, longe dos holofotes do mundo do rock. O fato é que a polícia francesa afirmou que Morrison sofreu uma parada cardíaca e essa é a causa mortis que consta em sua certidão de óbito. O corpo do vocalista, porém, só foi visto por sua namorada, Pamela Courson. Ele também não foi submetido a uma necropsia.

E para aumentar o leque de divagações, quando o empresário da banda, Bill Siddons, chegou para acompanhar os trâmites para o enterro, o caixão de Jim estava lacrado. Sua morte só foi divulgada 48 horas após o funeral, no dia 9 de julho. Pamela morreu de overdose de heroína em 25 de abril de 1974, aos 28 anos, sem nunca ter revelado a verdade sobre os últimos momentos do Rei Lagarto.

 

Waiting For The Sun

 

Morrison tinha ido para a capital da França para fugir do assédio dos jornalistas e do próprio governo americano, que tinha atingido níveis insuportáveis para a personalidade do cantor. Após ter sido rapidamente alçado ao posto de sex symbol, Jim propositadamente engordou e deixou uma vasta barba, procurando se afastar ao máximo desse rótulo. A essa altura de sua carreira ele já estava profundamente envolvido com as drogas e principalmente com o álcool. O estopim para essa fuga dos Estados Unidos aconteceu em um show na cidade de Miami, em 1969, onde Jim foi acusado de simular um ato de masturbação. Em Paris, Morrison pretendia se dedicar ao que parecia ter sido a sua grande paixão, a poesia.

 

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Apresentação dos Doors no Whisky a Go Go, em 1967 (Foto – Reprodução/Facebook Robby Krieger)

 

As portas da percepção

 

Poucos astros do rock se perpetuaram tanto no imaginário dos fãs como Jim Morrison. Ele nasceu no dia 8 de dezembro de 1943 na cidade de Melbourne, nos Estados Unidos. Seus pais eram militares, porém, sua ojeriza por regras e leis logo se tornou evidente. Apaixonado por poesia e arte, formou-se em cinema na UCLA, de Los Angeles, em 1965.

Mas seria um encontro com o tecladista Ray Manzarek que mudaria o rumo de sua vida. Jim mostrou ao amigo uma das letras que guardava em um caderno, “Moonlight Drive”. A partir de então, estava criado um vínculo musical de onde sairiam obras imortais. “Vamos nadar para a lua. Vamos escalar a maré. Penetrar na noite que a cidade dorme para esconder. Vamos nadar essa noite, amor. É nossa vez de tentar. Estacionados ao lado do oceano em nosso passeio ao luar”, dizia a poesia.

O nome da banda foi inspirado em um verso do livro “The Doors Of Perception”, de Aldous Huxley. “Se as portas da percepção estiverem limpas, todas as coisas se apresentarão ao homem como são, infinitas”, diz o texto. Profundamente enraizado na poesia de Jack Kerouac e Allen Ginsberg, entre outros autores, Morrison conseguia destilar essas influências em letras únicas, envoltas em psicodelismo, sentimentos e morte.

Sua carreira ao lado dos Doors, (Ray Manzarek nos teclados, Robby Krieger na guitarra e John Densmore na bateria), rendeu seis álbuns de estúdio e um ao vivo, alguns deles antológicos. O primeiro foi “The Doors” (1967). O disco trazia pérolas do quilate de “Break On Through” e “The End”, com seus quase 12 minutos de ode dionisíaca. “O assassino acordou antes do amanhecer, ele pôs suas botas. Ele retirou uma foto da antiga galeria e andou pelo corredor. Entrou no quarto em que sua irmã vivia, e então ele visitou o seu irmão, e então ele andou pelo corredor e veio até a porta. Ele olhou para dentro. ‘Pai?’. ‘Sim, filho?’. ‘Eu quero te matar’. ‘Mãe eu quero te foder’, diz a letra. A força da canção é tão grande que o diretor Francis Ford Coppola a usou no filme “Apocalypse Now”, de 1979.

“L.A. Woman”, sexto álbum de estúdio do quarteto, foi lançado um mês antes da morte de Morrison, em 1971. O disco traz uma das letras mais enigmáticas de Jim, “Riders On The Storm”. O cantor afirmava que em uma viagem com seus pais, quando era criança, ele presenciou um acidente onde as vítimas eram índios. Um deles, o Xamã da tribo, teria passado a acompanhar Jim. “Nessa casa nascemos. Nesse mundo fomos jogados, como um cachorro sem osso, um ator atuando sozinho. Viajantes na tempestade”, diz a letra.

Jim foi sepultado no dia 7 de julho de 1971. Seu túmulo fica no cemitério Père Lachaise, em Paris, e é constantemente visitado por fãs que deixam bebidas, drogas e velas no local que também é o local de descanso de nomes como Honoré de Balzac, Oscar Wilde, Molieri e Edith Piaf. O site do cemitério permite que se faça uma visita virtual aos túmulos. Confira neste link. Se estivesse vivo, o cantor completaria 71 anos de idade no próximo dia 8 de dezembro.

Assista ao show do The Doors no Hollywood Bowl, em 1968, um dos concertos mais emblemáticos da história do rock and roll.