zepultura

Zé Ramalho e Andreas Kisser (Foto – Facebook Rock in Rio/Ariel Martini / I Hate Flash)

 

A união entre o heavy metal com qualquer outro estilo musical sempre provoca desconfiança nos fãs mais “radicais”. O show do cantor e compositor Zé Ramalho ao lado do Sepultura, neste domingo (22), último dia do Rock in Rio, ajudou a desmistificar essa máxima.

Antes de entrar no palco, os músicos concederam uma entrevista para o canal Multishow falando sobre a parceria inusitada. “É uma coisa fácil quando a gente tem musicalidade suficiente pra se envolver, absorver e se integrar com uma banda como Sepultura. Eu não vejo nenhum problema”, afirmou Zé Ramalho. “Nós tentamos respeitar ao máximo as canções dele, mas colocando da nossa maneira, do jeito que a gente toca. A voz dele se encaixa muito bem com as músicas do Sepultura”, disse o guitarrista do grupo, Andreas Kisser.

O quarteto, que além de Kisser tem o vocalista Derrick Green, o baterista Eloy Casagrande e o baixista Paulo Jr., começou a apresentação com “Dark Wood Error”, do álbum “Dante XXI”, de 2006. Na sequência, a banda tocou algumas músicas que raramente são executadas, como “Dusted” e “Spit”, do último álbum gravado por Max Cavalera, “Roots” de 1996. O setlist incluiu até “Da Lama ao Caos”, cover do Chico Science & Nação Zumbi, cantado pelo guitarrista Andreas Kisser, que estará no novo álbum da banda, “The Mediator Between the Head and Hands Must Be the Heart”, previsto para ser lançado no final de outubro.

 

Admirável metal novo

 

Após sete canções, Andreas chamou Zé Ramalho para a esperada reunião. “É um grande privilégio dividir o palco com este monstro da música brasileira”, disse Kisser. Todo vestido de preto e sob os aplausos do público, Zé retribuiu o elogio. “É um prazer imenso tocar com essa banda poderosa, o Sepultura”, afirmou.

A parceria começou com “A Dança das Borboletas”, música de Zé e Alceu Valença, gravada para a trilha sonora do filme “Lizbela e o Prisioneiro”, lançado em 2003. Logo de cara, para quem duvidava de que a parceria pudesse dar certo, Ramalho mostrou que sua voz grave e empostada se encaixa perfeitamente com melodias mais pesadas. O público assimilou bem a fusão e passou a gritar “Zépultura”, se referindo ao quinteto.

Na sequência veio um dos maiores clássicos da carreira do cantor, “Jardim das Acácias”, do seu segundo álbum, “Zé Ramalho 2”, de 1980. A letra da música, como boa parte da obra do artista, cria imagens místicas com muita criatividade. “Esperando alvorecer de novo. Esperando anoitecer pra ver a clareza da oitava estrela. Esperando a madrugada vir”, diz a letra. “Em Busca do Ouro”, quem tem o vocal feito por Zé Ramalho, música do álbum solo de Andreas Kisser, “Hubris I & II”, de 2009 foi outra surpresa do setlist.

A apoteótica “Admirável Gado Novo”, talvez o maior clássico da carreira de Zé Ramalho, executado em uma versão pesadíssima, fechou a apresentação, cantada por todo o Palco Sunset. O show do “Zépultura” serviu para quebrar barreiras e mostrar que musicalidade independe de estilo. Felizmente, o público presente na Cidade do Rock entendeu e respeitou essa fusão entre metal e MPB.