Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Pati Patah e Divulgação

edu_falaschi4Foto Pati Patah

Edu Falaschi é uma das vozes mais marcantes do Heavy Metal brasileiro. Além da carreira solo que ele vem consolidando nos últimos anos, Edu também integrou o Angra (um dos maiores nomes da história do Heavy Metal brasileiro até hoje) e o Almah.

Neste domingo (19), o cantor se apresenta na Ópera De Arame, em Curitiba. O show faz parte da turnê “Temple of Shadows in Concert”, que celebra os 15 anos do álbum “Temple of Shadows” (2004), um dos mais importantes da discografia do Angra. O vocalista será acompanhado pelo baterista Aquiles Priester e pelo tecladista Fabio Laguna, que também são ex-integrantes do Angra. O show ainda terá a participação da Sphaera Rock Orchestra (com regência do maestro Alexey Kurkdjian) e do grupo de música barroca-medieval Illvminata. No repertório da apresentação, Edu canta o álbum “Temple of Shadows” na íntegra e também outras composições do Angra. A abertura fica por conta do grupo Anie.

Para recriar as músicas originais do álbum “Temple of Shadows” (2014), Edu contou com um time de grandes talentos. “O processo foi uma adaptação do que já existia porque o som do Angra já tem um elemento orquestral, obviamente que feito com os teclados. Muito do som original foi mantido, nós só tivemos que adaptar. O show está superbonito, foi um trabalho muito bem feito do maestro Adriano Machado, que fez todos os arranjos”, explica.

As dificuldades se justificam, afinal, “Temple of Shadows” é, provavelmente, o disco mais ousado do Angra, e a gravação do álbum envolveu muito trabalho. “Foi um desafio! Além dos elementos eruditos, o álbum tinha muito da música brasileira, nordestina e de outros países, como o Flamenco. Nós fizemos uma mistura de tudo isso em um disco de Metal Progressivo bem complexo que tem muitos elementos”, conta.

Entre os vários momentos marcantes vividos durante o período de gravação e produção do álbum, Edu destaca participação de um dos grandes nomes da MPB. “Eu tive o prazer de dirigir o Milton Nascimento e vê-lo colocar aquela voz icônica, histórica, na ‘Late redemption’, que fecha o CD. Hoje, ela é cantada em uníssono pelo público e é maravilhoso!”, diz.

Das 13 faixas do álbum “Temple of Shadows”, Edu participou da composição de cinco: “Deus le volt!”, “Spread your fire”, “Angels and demons”, “Wishing well” e “Gate XIII”, o que dá legitimidade ao projeto “Temple of Shadows in Concert”.

Para a apresentação na Ópera de Arame, Edu também convidou o grupo curitibano Illvminata. “Eu gravei com eles a música “Streets of florence”, que é uma canção nova. Ela já existe em uma versão Heavy Metal e eu convidei o Illvminata para fazer uma versão medieval, porque ela tem uma pegada Folk. Então nós usamos gaita de foles e outros instrumentos antigos que eles tocam. Foi muito legal essa parceria”, explica.

De certa forma, a turnê “Temple of Shadows in Concert” é uma retomada de um projeto que o Angra acabou não concluindo na época do lançamento do álbum. O grupo pretendia gravar um DVD com a participação de uma orquestra para destacar toda a magnitude harmônica do trabalho, mas isso acabou não acontecendo. “Esse álbum é importante para os fãs porque é um disco antigo (2004) e, na época, foi divulgado que seria produzido um DVD que acabou não saindo. Hoje, eu estou conseguindo realizar esse feito contando com a participação de uma orquestra filarmônica, do maestro José Carlos Martins, do Guilherme Arantes e de convidados originais que gravaram o CD”, diz. Os shows da nova turnê também marcam o recontro de Edu com o baterista Aquiles Priester e com o tecladista Fabio Laguna, companheiros do vocalista nos tempos do Angra. “Foi muito louco! A primeira sensação foi no ensaio, porque a gente começou a tocar e eu fechava os olhos e pensava que estava lá em 2001, quando a gente se conheceu e começou a tocar juntos. O jeito do Aquiles e do Fabio tocarem é muito característico”, diz.

Uma das apresentações da “Temple of Shadows in Concert”, que aconteceu no dia 5 de maio na casa de shows Tom Brasil, em São Paulo, foi gravada e será lançada em DVD. O show teve a participação da Orquestra Bachiana Filarmônica (regida pelo maestro João Carlos Martins), do músico, cantor e compositor Guilherme Arantes e do vocalista Kai Hansen (Helloween, Gamma Ray), entre outros convidados especiais. “O material é bem complexo pra editar, são muitas variáveis. A nossa ideia é lançar ainda neste ano, mas dependemos das gravadoras que vão fazer o lançamento oficial no mercado”, conta.

Edu se mostra muito feliz com o resultado do projeto que culminou no show “Temple of Shadows in Concert”, tanto na questão da interpretação pessoal quanto no time que ele reuniu para afzer parte da turnê. “Antes de qualquer coisa, ainda mais de algo dessa magnitude, eu quero ter um clima de alto-astral, de energia positiva, ter pessoas do bem junto comigo me ajudando a realizar esse projeto que é complexo e difícil de fazer. Essa foi a espinha central: ter pessoas centradas, profissionais e do bem. Eu trouxe muito desse lance espiritual para esse projeto, no sentido de contar com pessoas que tivessem essa vibe mais positiva. Acho que isso foi crucial para que tudo desse certo até agora”, afirma.

A volta por cima

Nos últimos anos, Edu vem retomando a carreira de uma forma bem consistente, o que é ainda mais surpreendente por causa dos problemas que o vocalista começou a enfrentar ainda quando estava no Angra. Na época, Edu não sabia, mas sofria de refluxo gastroesofágico, uma doença muito comum, mas que estava afetando seriamente a potência vocal do cantor.

Em 2011, após o show do Angra no Rock in Rio, Edu tomou a decisão de sair do Angra e anunciou a retirada no início do ano seguinte. Ainda nessa época, o vocalista viveu um período ainda mais pesado por causa da morte da mãe.

Obviamente, sobreviver a tudo isso foi uma tarefa pesada. “Realmente a minha saída do Angra foi muito conturbada. Eu vivi alguns anos sofrendo dentro da banda com esse problema do refluxo e isso afetou o meu lado emocional. As coisas começaram a ficar estranhas pra mim em 2004, tecnicamente no vocal, e isso só foi crescendo, me abalando e se transformando em uma bola de neve. Um problema gerava outro problema. O refluxo me afetava a voz, que gerava problemas psicológicos e me tirava totalmente a segurança pra cantar, aí começou a me dar depressão, stress e até problema de pele eu tive (risos)”, conta.

Hoje, Edu consegue tratar esse período com leveza, e essa atitude foi uma das aliadas do vocalista naquela época de turbulência. “Eu sempre fui um cara muito positivo e tentava reverter isso, por isso aguentei tanto tempo. Eu consegui segurar as pontas até aquele momento, mas chegou uma hora em que eu decidi que se eu continuasse, ia me prejudicar de verdade. Então eu resolvi parar para me tratar”, conta.

Porém, as dificuldades não pararam por aí. “A minha mãe morreu um pouco depois disso, então foi um ano horrível. Eu demorei uns dois anos para me reerguer. Foi uma reconquista de astral, de confiança mesmo. Depois, eu tive que remontar um quebra-cabeça que estava espalhado e eu consegui com a ajuda de pessoas bacanas que me estenderam a mão, que me ajudaram. Eu voltei para o Rock in Rio em 2013 e não estava 100%, mas já estava melhor, e reencontrei o meu caminho em 2017. Deus me deu a luz para eu retomar a minha carreira na trilha certa, como artista solo e contanto a minha história que me fez ficar conhecido no mundo inteiro, que marcou a vida dos fãs e que eu tracei paralelamente à vida de muita gente. Eu estou há dois anos nessa turnê solo e a tendência é só crescer. Eu estou superanimado!”, complementa.

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A relação com os fãs curitibanos

Edu considera os shows em Curitiba realmente especiais por causa do envolvimento que os fãs possuem com os artistas em geral. “É um público exigente. As pessoas prestam muita atenção nas músicas. Existem muitos músicos em Curitiba, guitarristas e cantores bons, então, os shows têm sempre uma responsabilidade um pouco maior. Eu sempre lembro desses momentos aqui com o público prestando atenção. O último show que eu fiz em Curitiba foi na tour ‘Rebirth of Shadows’, que foi a primeira vez que eu cantei como artista solo em Curitiba. Graças a Deus eu tive uma aprovação bem grande e isso foi muito legal”, relembra.

Além do carinho dos fãs brasileiros, os artistas do Power Metal brasileiro costumam ser muito bem recebidos também em outros países. No Japão, por exemplo, ele é um dos gêneros musicais mais populares. Por causa disso, muitas bandas brasileiras, desde o Viper nos anos 1990, conseguiram conquistar uma fiel geração na terra do sol nascente. “Os japoneses consomem música do mundo inteiro e gostam muito de música de qualidade e bem tocada. O ‘Temple of Shadows fez muito sucesso lá. Eu só tenho a agradecer a Deus por ter essa oportunidade de atravessar o mundo e mostrar a minha arte do outro lado do planeta. Acho que vai um pouco da complexidade do estilo de vida deles. Os japoneses são pessoas muito evoluídas, então, eu acho que isso combina com o estilo de vida do povo japonês”, analisa.

Mudanças

Nitidamente, o Metal Melódico vem evoluindo ao longo do tempo e se tornando cada vez mais técnico e trabalhado. Essas mudanças podem trazer mais qualidade, mas ao mesmo tempo, “robotizar” as bandas, de certa forma, tornando-as iguais.

Na visão de Edu, a técnica é importante, mas o sentimento que a música transmite deve estar acima de qualquer coisa. “Todos os estilos evoluíram. O Power Metal realmente deu uma incrementada na parte dos arranjos, e os músicos foram ficando cada vez mais técnicos. Mas eu acho que o principal caminho para as bandas dentro de qualquer estilo é manter sempre uma originalidade e, antes de tudo, ser verdadeiro, fazer aquilo com amor, porque você gosta. Isso é fundamental”, opina.

Outra questão importante na evolução do mercado fonográfico é a diminuição do poder das gravadoras, que hoje não são a única maneira do artista chegar até o público. “O mundo todo teve que se adaptar às mudanças tecnológicas. A vida vai mudando, evoluindo, e a gente tem que se adaptar, não tem que ficar chorando. Precisamos estar de portas abertas para as mudanças. Como dizia aquela música que a Elis Regina cantava: ‘o novo sempre vem’. A gente precisa aproveitar esses momentos e evoluir como pessoas também. Eu procurei estudar um pouco dessa parte digital e me aliei a pessoas que são especialistas nisso. Eu sou um cara old school, da época do vinil, e consegui me adaptar bem. É uma questão de aceitação, de adaptação e de tirar sempre o melhor de todas as evoluções”, diz.

Atualmente, Edu já está trabalhando em um novo álbum de inéditas. “Já estou compondo e pretendo lançar esse o mais rápido possível. Quero fazer um disco bom, com qualidade técnica tanto de interpretação das músicas quanto na parte de mixagem e masterização, como eu sempre fiz, priorizando a qualidade máxima”, revela.

Os ingressos custam: Plateia Premium – R$ 210 (inteira) e R$ 110 (meia-entrada). Plateia A – R$ 170 (inteira) e R$ 90 (meia-entrada). Plateia B – R$ 130 (inteira) e R$ 70 (meia-entrada). A meia-entrada é para estudantes, maiores de 60 anos, professores, doadores de sangue, portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer. Associados do Clube Prime possuem 50% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular. Portadores do cartão fidelidade Disk Ingressos possuem 20% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular.  Já está incluso o valor de R$ 10 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração Disk Ingressos. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro.

Os bilhetes podem ser adquiridos no site Disk Ingressos, na loja da empresa no Shopping Palladium (de segunda a sexta, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), nos quiosques instalados nos shoppings Mueller e Estação (de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), no Call center pelo fone (41) 3315-0808 (de segunda a sexta, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h). As entradas também podem compradas nas bilheterias dos teatros Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9hs às 18hs) e Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h).

A casa abre às 18h30 e os shows começam às 19h30. A classificação etária é livre. A Ópera de Arame fica na Rua João Gava, s/n, no Abranches.