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O show na Pedreira Paulo Leminski faz parte da última turnê mundial de um dos maiores ícones do Heavy Metal

A música atual é cheia de regras e atitudes politicamente corretas. Aos 69 anos de idade, Ozzy Osbourne representa o avesso de tudo isso. Durante quase 50 anos de carreira, ele viveu no limite. Os dias e noites de Ozzy sempre foram regados a sexo, drogas, álcool e Rock’n’roll, mas nada disso o impediu de se tornar uma lenda que transcende a música. Também é verdade que esse estilo de vida poderia ter ceifado facilmente a sua existência, mas acabou ajudando a criar o mito em torno do nome dele.

Em 2018, Ozzy anunciou que a “Farewell World Tour” seria a última turnê mundial que ele faria. Os shows, de agora em diante, devem se restringir ao seu festival, a Ozzfest, e a algumas apresentações pontuais. Nessa quarta-feira (16), na Pedreira Paulo Lemiski, os fãs curitibanos puderam “dar adeus” ao Lorde das Trevas.

Depois de um longo vídeo mostrando várias fases da carreira de Ozzy, ao som de “Oh, fortuna”, da épica ópera “Carmina Burana”, o Madman surgiu para iniciar o show com dois clássicos: “Bark at the moon e “Mr. Crowley”. Atrás do palco, uma gigantesca cruz pendurada em frente ao telão dava um clima “sabbathico” ao concerto.

Logo de cara, principalmente em relação ao show de Ozzy em 2015 (o primeiro do cantor na capital paranaense), ficou nítida a diferença de peso com a volta do guitarrista Zakk Wylde. Naquela ocasião, a guitarra estava a cargo do grego Gus G. que, apesar de ser um bom músico, não acrescentava nada muito diferente ao som do grupo.

Além de possuir uma técnica impressionante e usar os harmônicos como ninguém, Zakk tem uma postura de palco que abrange todos os “trejeitos” que marcam a figura de um guitar hero. Em uma banda de Heavy Metal, isso sempre vai fazer muita diferença.

A personalidade de Zakk, inclusive, faz com que, nas músicas do Black Sabbath, como “War pigs” e “Fairy with boots”, ele fuja bastante das notas tocadas por Tony Iommi nos solos. Obviamente, o guitarrista segue a linha mestra das composições, mas acrescenta uma cara própria às improvisações mesmo quando executa esses clássicos intocáveis.

Além de Zakk, o baterista Tomy Clufetos é outro que se destaca na massa sonora criada pela banda, pois tem uma maneira de tocar que utiliza muitos elementos técnicos imortalizados por Bill Ward (Black Sabbath) e por John Bonham (Led Zeppelin). Com um set de bateria que inclui dois bumbos estilizados com o nome “Ozzy” e apenas um tom, Tomy espanca a bateria com uma energia impressionante. Aliás, foram essas qualidades que fizeram com que ele fosse escolhido para “substituir” Bill Ward na turnê de despedida do Black Sabbath, em 2016/17. Completam a banda o virtuoso tecladista Adam Wakeman, filho da lenda Rick Wakeman, e o baixista Rob “Blasko” Nicholson.

No setlist do show, Ozzy não fugiu muito do repertório de suas últimas turnês. Destaque para “Flying high again” (uma das faixas do disco oficial da primeira edição do Rock in Rio, em 1985), uma das primeiras músicas de Ozzy a fazer sucesso no Brasil. O repertório ainda incluiu a fantástica “No more tears” e “Suicide solution”, entre outras canções.

Antes de “Road to nowhere”, Ozzy brincou: “eu amo vocês, mas que frio desgraçado!” Em “War pigs”, do Black Sabbath, Zakk desceu do palco e foi solar no meio do público durante uns 20 minutos! Na sequência, Tomy fez um solo de bateria menor do que a exibição técnica de Zakk.

As diferenças em relação ao show de 2015 não se restringem somente ao “novo” integrante da banda. Contagiado pelo entusiasmo do público e pelo clima de despedida da turnê, Ozzy estava claramente ainda mais animado do que de costume.

Depois de “Crazy train”, com o riff antológico composto pelo falecido Randy Rhoads, o grupo se retirou rapidamente do palco. Na volta, antes de “Mama, I’m coming home”, Ozzy relembrou o show de 2015 ao lado do Judas Priest e do Motörhead, na Monsters Tour. Visivelmente emocionado, o Madman disse: “a última vez que eu toquei com o Lemmy foi aqui. Obrigado, Lemmy”!

“Paranoid” encerrou a apresentação. No final, com “Changes” tocando nos alto-falantes da Pedreira, na versão em que Ozzy faz um dueto com sua filha, o público se recusava a ir embora, talvez ainda sem acreditar que essa havia sido a última oportunidade de ver o Madman.

Porém, mesmo com a emoção que o momento despertava, certamente os fãs tiveram a real noção de que presenciaram um momento histórico. Fica a esperança de que, mesmo ensaiando uma aposentadoria, Ozzy ainda retorne a Curitiba trazendo a velha loucura que sempre o caracterizou.

Confira o vídeo do clássico “Crazy train”, gravado ao vivo no show de Ozzy Osbourne na Pedreira Paulo Leminski.

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