Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Divulgação e reprodução Facebook Pato Fu

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Completando 26 anos de trajetória artística, o Pato Fu segue como uma das bandas mais criativas do país. Desde o álbum de estreia, “Rotomusic de Liquidificapum” (1993), o grupo sempre procurou “experimentar” para criar novas sonoridades.

No próximo sábado (20), no Teatro Guaíra, em Curitiba, o Pato Fu apresenta o show “Música de Brinquedo 2”, que mantém essa linha inventiva e o inconformismo com o que é comum. O espetáculo tem uma concepção simples na teoria, mas muito ousada em sua essência: tocar clássicos do mundo da música usando apenas instrumentos de brinquedo.

A turnê faz parte da divulgação do CD homônimo, lançado no final do ano passado como uma continuação do premiadíssimo “Música de Brinquedo” (2010). Na época, o álbum ganhou o Grammy Latino de “Melhor Álbum Infantil para ​Música de Brinquedo” e foi eleito o “Melhor Álbum Pop para Música de Brinquedo” no Prêmio da Música Brasileira, ambos em 2011.

No show em Curitiba, Fernanda Takai (vocal), John Ulhoa (guitarra), Ricardo Koctus (baixo), Glauco Mendes (bateria) e Richard Neves (teclados) contarão com o auxílio dos instrumentistas Thiago Braga e Camila Lordy “tocando” os mais variados tipos de brinquedos e miniaturas. Os vocais de apoio ficam a cargo dos monstrinhos Groco e Ziglo, criados pelo Grupo Giramundo de Bonecos e que são manipulados pelos mestres Marcos Malafaia, Beatriz Apocalypse e Ulisses Tavares.

Inicialmente, show seria realizado em junho, mas acabou sendo adiado por causa da greve dos caminhoneiros, que dificultou a chegada dos equipamentos em Curitiba. Naquela oportunidade, a apresentação seria no formato “tradicional”, com a banda tocando os grandes sucessos da carreira. A mudança para a turnê do álbum “Música de Brinquedo 2” partiu do próprio Pato Fu. “Essa é a turnê que temos em foco agora, pois é o nosso lançamento mais recente. O show ‘adulto’ continua rolando, mas a nossa tentativa no momento é fazer o máximo do ‘Música de Brinquedo 2’ possível. Tomara que não demore muito para voltarmos com o outro show. Acho que tem público para os dois”, conta John Ulhoa.

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Ousadia

A iniciativa do Pato Fu não deixa de ser surpreendente. Afinal, gravar um álbum e montar uma turnê com essa concepção foi uma ideia muito ousada e, naturalmente, gerou algumas dúvidas. “Não tínhamos certeza, no início. Poderia ser um fracasso retumbante”, relembra.

Dessa forma, para desenvolver o espetáculo, a banda resolveu consultar alguns amigos que ajudaram a avaliar o que o grupo pretendia. “Primeiro, gravamos duas músicas, mostramos para nossos amigos e foi aí que percebemos que tudo tinha chance de funcionar bem. Mas aí estou falando do disco, o show só se tornou uma realidade depois, pois não tínhamos encontrado o jeito de levar isso aos palcos. Ao vivo, a ideia de substituir as crianças do álbum pelos monstros do Giramundo foi a chave. A partir daí, foi mais uma questão de resolver a parte técnica que foi testada em shows fechados para poucas pessoas”, explica.

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Os instrumentos de brinquedo

O processo de escolher instrumentos de brinquedo que soassem o mais perto possível dos originais foi o primeiro grande desafio enfrentado pela banda. “É algo que começou antes mesmo do ‘Música de Brinquedo’. Nos arranjos do Pato Fu e de outras produções minhas, eu já tinha começado a fazer isso. É um processo trabalhoso, mas que ao mesmo tempo é divertido. Não é nem um pouco ‘acadêmico’, pois o resultado não precisa ser provado e não passa por nenhuma banca examinadora. Basta ser reconhecível, e isso por si só já provoca um sorriso nas pessoas. O negócio é nunca parar de procurar brinquedos. Muitas vezes, eu entro em lojas sem saber exatamente o que procuro, desde que produza um som que nos remeta a alguma canção”, conta.

O repertório do show é composto por músicas dos mais variados estilos, como “Every breath you take”, do The Police, “Kid Cavaquinho”, de João Bosco, e “Private idaho”, do B-52s. Para chegar a um resultado que pudesse ser apresentado ao vivo, a escolha das canções também exigiu muita atenção por parte do grupo. “Procuramos músicas que fossem sucessos, mas não muito recentes, e que tivessem um instrumental marcante para ser transposto aos brinquedos. Também queríamos que elas tivessem alguma parte vocal interessante para as crianças (ou monstros) cantarem e que não fossem propriamente infantis, mas de um repertório adulto que a gente mesmo se identificasse”, diz.

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Sonoridade

Ao vivo, principalmente em locais grandes como o Teatro Guaíra, a equalizacão dos instrumentos é importantíssima para que o show transcorra bem. “Os técnicos de som são os mesmos que trabalham na turnê ‘normal’, mas todos nós tivemos um trabalho de aperfeiçoamento no método de captação desses brinquedos”, explica.

Essa também foi outra questão que precisou ser enfrentada pela banda para que os shows pudessem acontecer. Afinal, o grupo tinha que encontrar uma maneira de captar todos os sons emitidos pelos brinquedos e harmonizar toda essa massa sonora. “Esses instrumentos não foram feitos para performances ao vivo. Eles têm som baixo, quebram e gastam muita pilha. Então, junto com um aprendizado de como captar essas coisas, existem algumas adaptações, microfones embutidos e outras gambiarras que fomos desenvolvendo para que tudo funcione”, complementa.

Pop underground

Uma característica interessante do Pato Fu é que a banda mantém uma legião de fãs, mesmo sem mergulhar de forma mais forte na “grande”mídia brasileira. Ao todo, a discografia do grupo já conta com 13 álbuns, entre gravações em estúdio e ao vivo que renderam vários sucessos, como “Canção para você viver mais”, “Sobre o tempo” e “Made in Japan”, que fazem parte da programação de rádios em todo o Brasil. “A gente mergulha e volta de tempos em tempos, né? Já frequentamos mais as paradas de sucesso das FMs, mas achamos um caminho que nos permite sobreviver muito bem quando não estamos ‘na moda’. Eu diria que não é exatamente de propósito que mantemos essa aura underground, é mais um resultado de nossas escolhas. Muitas vezes, nossas opções são mais artísticas e menos ortodoxas em termos comerciais. Com isso, vamos velejando mais lentamente, mas nos divertindo no caminho”, diz.

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Sexo Explícito

Antes de formar o Pato Fu, em 1992, John fez parte do fantástico Sexo Explícito, um dos ícones do underground brasileiro no final dos anos 1980, início da década de 1990. Com a banda, ele lançou apenas dois álbuns que hoje são itens de colecionador: “Combustível Para o Fogo” ‎(1989) e “Sexo Explícito – O Disco Dos Mistérios ou 3 Diabos e ½ Ou Sexplícito Visita o Sítio do Pica-Pau Amarelo ou Tributo a H. Romeu Pinto” (1991).

O Sexo Explícito tinha uma sonoridade mais agressiva, principalmente por causa da parceria de John com o vocalista Rubinho Troll. Já o Pato Fu carrega uma identidade mais Pop, mas que de alguma forma já fazia parte das influências do guitarrista. “Acho que o Sexo Explícito era bem experimental, não exatamente Punk e, ao mesmo tempo, flertava com o Pop. Isso é algo que eu trouxe para o Pato Fu e fomos evoluindo a partir daí. Se alguém ouve nossos discos em sequência cronológica, percebe esse caminho. Então, no começo da banda, acho que não houve nenhuma grande ruptura”, analisa.

Independência

Durante esses 26 anos de estrada, o Pato Fu vivenciou de forma intensa o mundo das gravadoras tradicionais, como a BMG/Plug. Hoje, o grupo lança seus álbuns por um selo próprio, batizado de Rotomusic, o que garante mais liberdade artística.

As diferenças entre as duas maneiras de lançar um trabalho são consideráveis. “São duas formas e épocas bem diferentes. Gravadoras eram grandes empresas que investiam em sua carreira esperando ter algum retorno nisso. Essa fórmula podia dar certo ou não. Você podia usar isso a seu favor ou não”, analisa.

A principal diferença era o aporte financeiro que as grandes gravadoras traziam quando assinavam um contrato com um artista. “De todo modo, era uma instituição com um orçamento para você tentar sua sorte. Hoje, isso quase não existe mais, e os artistas têm que inventar maneiras de sobreviver se quiserem se manter na música. É como tentar inventar seu próprio emprego. ‘Empreendedorismo’, talvez?”, complementa.

Porém, na prática, são poucos os artistas que conseguem se adaptar a esse novo mundo. “É uma lástima que os músicos tenham que aprender ‘técnicas de mercado’ em vez de acordes e escalas, mas as pessoas têm que se virar ou buscar outra profissão. Acho que, no caso do Pato Fu, podemos nos considerar sortudos, pois tivemos uma bela carreira nos moldes ‘antigos’ e conseguimos nos manter nesses novos tempos. Ter uma carreira longa e próspera sempre foi o nosso objetivo e acho que estamos conseguindo!”, finaliza John Ulhoa.

Serviço

Os ingressos que já foram comprados para o show que seria realizado em julho continuam válidos para a apresentação deste sábado (20). O cliente que optar pelo reembolso deve entrar em contato com o site Disk Ingressos por meio do fone (41) 3315-0808.

Os ingressos custam: Plateia Premium – R$ 226 (inteira) e R$ 116 (meia-entrada). Plateia A – R$ 206 (inteira) e R$ 106 (meia-entrada). Plateia B – R$ 186 (inteira) e R$ 96 (meia-entrada). 1º Balcão A – R$ 156 (inteira) e R$ 81 (meia-entrada). 1º Balcão B – R$ 136 (inteira) e R$ 71 (meia-entrada). 2º Balcão A – R$ 114 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada). 2º Balcão B – R$ 940 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada). Já está incluso o valor de R$ 6 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração do Disk Ingressos.

Os bilhetes podem ser adquiridos no site Disk Ingressos, na loja da empresa no Shopping Palladium (de segunda a sexta, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), nos quiosques instalados nos shoppings Mueller e Estação (de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), no Call center pelo fone (41) 3315-0808 (de segunda a sexta, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h). As entradas também podem compradas nas bilheterias dos teatros Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9hs às 18hs) e Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h).

A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer. Portadores do cartão fidelidade Disk Ingressos possuem 20% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular. Promoção 1 +1 – Na compra de 1 bilhete, o cliente ganha outro no mesmo setor. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro.

A classificação etária é livre. A casa abre às 18h e o show começa às 19h. A classificação etária é livre. O Teatro Guaíra fica na Rua Conselheiro Laurindo, s/n, no Centro.