Texto, vídeos e edição: Marcos Anubis
Tradução, revisão e fotos: Pri Oliveira

O show dos ingleses no Psycho Carnival reviveu os anos de ouro do estilo



A matrix do mundo atual está programada para alienar comportamentos, gostos e opiniões. Dentro dessa padronização de comportamentos, se as rádios ou TVs dizem que Green Day é punk ou Slipknot é o suprassumo do Heavy Metal, boa parte dos jovens acredita. Bandas como Sex Pistols, The Clash, Black Sabbath ou Judas Priest, que fizeram parte da construção desses estilos musicais, que fiquem no limbo da história…

O festival curitibano Psycho Carnival, que neste ano teve a sua 16ª edição, sempre procurou unir a cena local e nacional aos alicerces do movimento Psychobilly. Neste ano, a ala veterana do evento ficou a cargo do grupo inglês The Ricochets, uma daquelas bandas que transcendem a música, pois fazem parte da base do estilo musical do qual fazem parte.

Steve Sardi (guitarra) Sam Sardi (baixo), Dave Jones (vocal) e Stephen Meadham “Ginger” (bateria), fizeram no último dia 15, um dos melhores e mais esperados shows da história do Psycho Carnival. Sam e Ginger já estiveram no país anteriormente, se apresentando com suas outras bandas, o baixista com o Guana Batz e o baterista com o The Highliners e Nigel Lewis & The Zorchmen, mas essa foi a primeira vez que o The Ricochets se apresentou no Brasil.

A história

O The Ricochets nasceu no final da década de 1970, em Londres, em meio à efervescência do Punk Rock, que tomava conta do mundo naquela época. “Eu e os outros membros da banda costumávamos ir a todos os clubes de Rockabilly de Londres e sair para curtir. Naquele tempo, a maioria das bandas era mais Rock ‘N’ Roll do que Rockabilly. Se tocava mais baixo do que contrabaixo, e para nós isso simplesmente não era certo”, diz o guitarrista Steve Sardi.

Com seu processo de evolução, o grupo gradativamente foi tomando forma. Nessa época, a banda passou a contar com os serviços de Steve Meadham “Ginger”, um dos melhores e mais importantes bateristas da história do Psychobilly.  “Tanto eu quanto o Dave já tocávamos, principalmente tentando imitar nossas canções favoritas de Rockabilly. Sam estava ocupado aprendendo o contrabaixo e trabalhando em sua técnica treble slap. Nós conhecemos o Ginger através da cena Rockabilly. Naquele tempo ele já era um baterista muito competente, então decidimos começar uma banda e começamos a ensaiar”, relembra.

Já nesse início veio o primeiro obstáculo a ser ultrapassado. Dave Jones resolveu se retirar dos Ricochets e o grupo passou a procurar um novo vocalista. “Dave inicialmente fazia parte da banda, mas por conta de problemas e compromissos pessoais, ele decidiu sair. Nós tentamos alguns vocalistas novos, incluindo o Paul Ansell (Number 9), e nos instalamos no Lester Jones. Gravamos duas faixas em um álbum de coletâneas com a Nervous Records, ‘Migraine’ e ‘Witchcraft’. Isso foi por volta do ano de 1981, e essas faixas foram bem recebidas pelos fãs de Rockabilly”, conta.

Em 1982 a banda fez um acordo com a Nervous Records para gravar o álbum “Made in the Shade”, considerado um dos mais importantes discos da história do estilo. “O Psychobilly estava começando a aparecer. Esse álbum foi aceito pela cena e nossa nova direção acabava de ser criada. Então nós tivemos uma curta pausa. Sam se juntou ao Guana Batz e o Ginger ao The Meteors. Em 1989 nós nos reunimos e dessa vez Dave estava de volta na banda”, conta.

Em 1991 o grupo lançou seu segundo álbum, “On Target”, e em 2013 seu mais recente trabalho, “Chain Dog”. E de acordo com Steve, a força criativa do grupo continua, pois já existe a intenção de gravar um novo disco em breve. “Nós estamos muito satisfeitos com esse álbum e esperamos lançar o próximo em 2016”, revela.

A importância do Psycho Carnival

O mundo da música sempre viveu mais de cópias do que de originalidade. São poucas as bandas que podem se orgulhar de dizer que criaram ou participaram da criação de um gênero musical. É o caso do The Ricochets. Steve se mostra surpreso e feliz, afinal o estilo musical que sua banda ajudou a criar foi absorvido por outros países e rendeu frutos até do outro lado do mundo. “Para ser honesto, é incrível que a música Psychobilly tenha um público tão generalizado e atrativo. O Psycho Carnival é muito importante para a cena. Ele permite que a música atinja um público maior e também que os fãs vejam mais bandas de outros países”, diz.

São esses eventos, na visão de Steve, que continuam fazendo com que o Psychobilly se mantenha em evidência entre os membros de sua cena, mais de 30 anos após o seu nascimento. “Eu não posso responder pelas outras bandas, embora tenha grande respeito e admiração por esse festival. Estes tipos de festivais mantêm a cena viva!”, afirma.

Na noite de encerramento do Psycho Carnival 2015, no último dia 16, Steve, Sam e Ginger estavam no Espaço Cult e concederam uma entrevista exclusiva ao Cwb Live. Os músicos se mostraram extremamente simpáticos e realmente pareciam estar felizes por terem participado do festival. Era nítida a satisfação por terem sido tratados com carinho e admiração tanto pelo público quanto pelos organizadores do evento.

Alheios a modismos e sucessos passageiros, o The Ricochets fez da sua passagem por Curitiba uma grande celebração à música. Para os fãs e para quem trabalha cobrindo o mundo musical é muito gratificante encontrar artistas que ainda fazem o seu trabalho com amor, livres da praga comercial que tomou conta da indústria fonográfica atual.

Confira a entrevista completa e as músicas “Rockin in the graveyard” e “Witchcraft”, gravadas ao vivo no show no Psycho Carnival.

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Por |2022-03-11T12:13:15-03:00março 2nd, 2015|Coberturas de Shows|0 Comentários

Sobre o Autor:

Jornalista pós-graduado em Produção e Avaliação de Conteúdos para Mídias Digitais. Acredito que a música pode realmente mudar a vida das pessoas, por isso trato o jornalismo cultural/musical com extrema seriedade. A missão do jornalista é buscar a informação e levá-la até o seu leitor. É isso que procuro fazer com o meu trabalho.

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