Texto: Marcos Anubis
Revisãoe fotos: Pri Oliveira

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O trio curitibano Sick Sick Sinners se apresenta neste domingo (26), no Jokers, na terceira noite do Psycho Carnival. Vlad Urban (guitarra e vocal), Mutant Cox (baixo e vocal) e Neri (bateria e vocal) batizaram o seu som de “Psychobilly Maldito”.

Devido ao peso com que a banda toca, tanto ao vivo quanto em seus CDs, o nome não poderia ser mais adequado. “Acho que foi o Mutant Cox que falou um dia, em um show ou ensaio, e o Neri pescou na hora. Parece que caiu como uma luva no som da banda, porque ele não é um Psychobilly clássico, é um som mais porrada, visceral”, explica Vlad.

Hoje, muitas vertentes do Rock estão caindo no conservadorismo e no comodismo. A velha característica do Rock de “não se adequar ao padrão”, está sendo deixada de lado. Na visão de Vlad Urban, que vive intensamente o estilo desde a década de 1990, o Psychobilly é um dos poucos gêneros musicais que ainda preserva algumas dessas características. “O Psychobilly tem alguns elementos que eu acho muito progressivos em relação a alguns retrocessos que a gente vê tão claramente na nossa sociedade. No The Cramps, por exemplo, uma das mais cultuadas pelo público psycho, o vocalista usava sapatos de salto alto e roupas bem chamativas. No Demented Are Go, o Sparky (baixista e vocalista) usou minissaia no show aqui no Brasil. Isso tem um aspecto bem liberal” analisa Vlad.

Na contramão da onda conservadora que assola o mundo, o Psychobilly luta para manter as suas raízes. “Acho que a máxima ‘sexo, drogas e Rock’n’roll’ que, se você falar alto, pode até chocar algumas pessoas que estão no meio do Rock, ainda está muito vivo no Psychobilly (risos). Então acho que o estilo está mais rebelde do que nunca, se formos olhar por esse lado. Não que ele tenha mudado, mas a gente sabe que comodismo e conservadorismo geralmente são muito hipócritas”, complementa.

Planos para o futuro

O Sick Sick Sinners tem 12 anos de estrada e já lançou três álbuns: “Road to Sin” (2007), “Hospital Hell” (2011) e “Unfuckingstoppable” (2014). Após o Psycho Carnival, a banda pretende começar a pensar em um novo CD. “A correria é frenética, então, ainda estamos preparando as músicas. Não tivemos muito tempo para colocar todas em andamento, mas neste ano vamos priorizar o álbum. Não vamos fazer nenhuma tour extensa. Temos alguns shows internacionais marcados, mas são aqui na América do Sul, então vamos ter mais tempo para trabalhar nisso”, conta.

Mas, se o sucessor de “Unfuckingstoppable” ainda está em processo de criação, a banda tem acumulado shows em várias partes do planeta. No ano passado, por exemplo, a Sinners voltou a fazer uma longa turnê pelos Estados Unidos. “Essa tour surgiu do convite de alguns produtores da Califórnia e do Arizona. Já tínhamos feito uma turnê similar no ano anterior que foi muito boa e aí veio o convite novamente. Acabamos ampliando a tour, tocando em lugares que não tínhamos nos apresentado antes, como Las Vegas, El Paso no Texas e San Diego”, conta Vlad.

Chama muito a atenção a carreira que o Sinners já conseguiu construir fora do país. Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, muitos fãs já costumam acompanhar as apresentações do trio curitibano. “O público psychobilly desses lugares é sensacional e muito intenso. Tocamos sempre para muito público latino e também em alguns lugares para nativos americanos. Alguns moram inclusive em reservas indígenas. São pessoas que tem uma identidade cultural muito grande e de alguma forma se identificam com a banda e isso é sensacional!”, complementa.

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O Psycho Carnival pelo mundo

O Psycho Carnival está prestes a completar duas décadas de vida. No Brasil, manter um festival vivo durante tanto tempo é quase inimaginável. Em Curitiba, então… “Nós temos muito orgulho de fazer parte dessa história. O Psycho Carnival só existe porque tem um público de aficionados pelo estilo, um grupo de grandes amigos, e acho que isso é o mais legal. Essa é a hora em que amigos se encontram, onde pessoas que se falam praticamente todo dia via internet conseguem se encontrar e conviver durante esses dias. Claro que ficamos muito felizes de conseguir de alguma maneira proporcionar isso, mas é um conjunto”, afirma.

Com o reconhecimento internacional que o Psycho Carnival vem adquirindo, muitas pessoas e bandas procuram o Sinners nesses shows internacionais para saber como se apresentar ou mesmo assistir ao festival curitibano. “As bandas que tocam com a gente sempre têm muito interesse em participar. O Psycho Carnival é um festival que tem um nome muito forte na Califórnia, onde a cena psychobilly é a maior nos EUA. Sempre tem um público interessado em vir. Neste ano com certeza vamos ter alguns americanos no evento”, explica.

Noites memoráveis

Os shows do Sinners no Psycho Carnival são sempre um acontecimento. Mesmo quem não acompanha regularmente os eventos de Psychobilly consegue sentir o respeito que os fãs demonstram ter pela banda.

No palco, o trio consegue absorver essa atmosfera. “Tocar no Psycho Carnival é demais! Você está tocando para quem conhece o estilo, para quem vive aqui e convive com você por meio da internet ou pessoas que são suas amigas de bar. É o momento em que a gente vê um público que vive praticamente a mesma coisa do que nós e acho que tem uma identificação muito grande. É um público muito bem informado, crítico. Por isso, quando a turma está curtindo o seu show, você pode ter certeza que alguma coisa certa você está fazendo”, diz.

O Sick Sick Sinners se apresenta neste domingo (26), no Jokers, na terceira noite do Psycho Carnival 2017. A programação ainda contará com as bandas The Mullet Monster Mafia, As Diabatz, Bad Luck Gamblers, Billys Bastardos e Fritz da Puta. “Vamos tocar algumas músicas antigas, teremos algumas surpresas, canções que faz tempo que a gente não toca, mas só estando lá para saber o que vai ser!”, finaliza Vlad.

As entradas são limitadas e estão à venda no site Sympla. O Jokers Pub fica na Rua São Francisco, 164, no bairro São Francisco. Informações pelo fone (41) 3013-5164.