Texto: Marcos Anubis
Foto: Pri Oliveira

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O trio The Mullet Monster Mafia se apresenta neste sábado (2) no Jokers Pub, no segundo dia da 20ª edição do Psycho Carnival. A segunda noite do evento ainda terá shows das bandas Hillbilly Rawhide, The Test Pilots, , Rancho Relaxo, Time Bomb Girls e do “one man band” O Lendário Chucrobilly Man.

Orleone Recz (bateria), Netão Lombada (baixo) e Ed Lobo Tikin Lopez (guitarra) formaram a banda em 2009 e fazem parte do lineup do Psycho Carnival desde 2009. Como sempre fazem um dos shows mais enérgicos do festival, o trio é uma presença garantida no evento, o que faz com que o grupo entenda como ninguém o real significado do Psycho Carnival para a cena underground brasileira. “Vinte anos é um longo período, é uma história gigante recheada de diversos momentos memoráveis e inesquecíveis. Neste ano comemoraremos estas duas décadas com a sensação contínua de estarmos fazendo a nossa parte. Esperamos que todos os amigos se façam presentes para esta celebração a esta festa que é de todos nós”, diz Orleone.

No ano passado, o Mullet lançou duas músicas que foram gravadas com a participação da Red Eyes Orquestra: “As the dark evil swells” e “Fishwater cataia”. O resultado foi bem interessante porque reuniu a melodia da orquestra de forma bem encaixada no peso do Mullet. “Foi uma doideira que funcionou bem demais. Aquela turma lá é ponta firme, são músicos cabulosos e amigos de longa data. Não tinha como falhar. Tivemos a ideia de fazer a música neste formato depois de um convite para um show onde não poderíamos tocar no pau do volume, como sempre fazemos (o Tikin e o Netão vivem colocando os amplis quase no máximo). Aí pensamos nesse formato e convidamos o Dirça (baixo acústico), o Pankada (violão) e o Du (percussão) para remontar algumas músicas nossas e fazer umas versões. Foram dois ensaios e já rolou o show, que foi alucinante! Está nos planos gravar um disco nesse formato aí. Vamos ver se geme”, conta.

Em abril, o grupo começa a gravação do novo álbum que foi batizado de “I.N.F.E.R.N.O.”. O CD deve estar pronto para a turnê que europeia do Mullet, em junho, e reunirá dez músicas entre inéditas e regravações.

Todos os integrantes do Mullet fazem parte do Psycho Carnival há muitos anos, tanto com a banda quanto pessoalmente. Assim, a percepção do significado do evento fica muito clara na visão do trio de Piracicaba. “O Carnival é mais do que um festival. É o momento de encontrar os brothers, de celebrar, de ver vários shows, de mostrar para o mundo e para nós mesmos que apesar de todas as dificuldades a nossa cena é cascuda, abrangente e sólida. Deveríamos ser mais unidos, mas não dá para ter tudo. Eu enxergo o Psycho Carnival como o maior responsável pela manutenção da cena sul-americana. É um foco de resistência, de perseverança e principalmente de luta por todos nós que optamos por ter a música como algo fundamental em nossas vidas”, analisa.

Com tanto tempo de cena, os integrantes do Mullet já viveram inúmeras situações marcantes nesses 20 anos de Psycho Carnival. Porém, uma das maiores lembranças de Orleone vem do início da banda, quando o grupo ainda sonhava em fazer parte do evento. “Quando montamos a banda, fizemos uma reunião antes do primeiro ensaio para traçar metas, definir objetivos a atingir e tal. Dos itens postos na mesa, um deles era conseguir tocar no Psycho Carnival. Era um sonho, um objetivo a ser atingido e precisávamos merecer fazer parte do lineup. Tocamos pela primeira vez em 2010 como a primeira banda da sexta-feira e a partir daí a coisa foi andando. Conseguimos o nosso espaço e adquirimos o respeito da cena, tanto aqui quanto na Europa e em outras partes do mundo. Sendo assim, ter o nome do Mullet associado ao Psycho Carnival é motivo de grande orgulho pra nós”, conta.

Parte desse reconhecimento acontecerá na prática no dia 3 de junho quando o grupo tocará no Psychobilly Meeting, que acontece em Pineda de Mar, na Espanha. O evento que considerado o maior do mundo psychobilly, fará uma noite especial em homenagem ao Psycho Carnival. “Isso é o reconhecimento mundial de um trampo árduo e intenso de 20 anos, revelando bandas e escrevendo a história. A Raquel (que faz o Psycho Meeting), soube que nós e o Hillbilly Rawhide estaríamos em tour na Europa nesse período e arquitetou o plano. A princípio seria uma noite com bandas brasileiras, mas quando definimos o lineup ela perguntou se poderia homenagear o Psycho Carnival porque seria uma grande honra para eles. Confirmamos na hora e certamente será uma noite inesquecível”, revela.

A batalha da organização

Além de tocar, Orleone faz parte diretamente da organização do evento ao lado do produtor e músico curitibano Vlad Urban. Assim, o envolvimento com o festival é total. “Todas as edições do Carnival são marcantes pra mim. Temos todo o trampo de formatar o lineup, tentar montar uma grade atrativa, ver as bandas que estão ativas e produzindo, buscar todos os meios pra viabilizar a festa, acompanhar todos os shows, encontrar os amigos, conhecer gente nova, se surpreender com novas bandas… É coisa demais”, diz.

Claramente, a satisfação que Orleone tem ao ver o festival acontecendo anualmente supera as inúmeras dificuldades que precisam ser superadas. “O Psycho Carnival pra mim é um presente, um momento especial e único que tenho a oportunidade de vivenciar graças ao Vlad que começou toda essa história”, afirma.

Acima de tudo, a possibilidade de reunir as pessoas da cena psychobilly brasileira anualmente é ainda mais gratificante. “Existe gente no mundo que nasce, vive uma vida, morre e não sabe o que é sentir a sensação que eu tenho, a oportunidade de vivenciar tudo isso ano após ano. A satisfação de ver seus brothers se divertindo, a turma unida, gente vindo de longe pra curtir a farra, enfim, tudo que envolve o Festival é especial. Por isso eu digo que apesar de todas as dificuldades (que são muitas), ter a oportunidade de fazer parte disso tudo é um privilégio. Espero viver e poder contribuir para continuar escrevendo a história do Psycho Carnival por mais 20 anos!”, finaliza Orleone.