Texto: Marcos Anubis
Revisão e fotos: Pri Oliveira/Cwb Live
Na Ópera de Arame, a banda baiana apresentou alguns dos maiores clássicos do Rock brasileiro
“Bota pra fudê! Bota pra fudê!” O coro ecoava insistentemente na Ópera de Arame nesse sábado (22). Entre o público, nenhuma manifestação de fobias, machismo, ou qualquer outro “ismo” do maldito século 21. Apenas o bom e velho Rock ‘n’ Roll e seu objetivo central: diversão.
Mesmo só com Marcelo Nova (vocal) e Robério Santana (baixo) da formação original da banda, o Camisa de Vênus ainda é capaz de reunir seus súditos e ser reverenciado por eles.
O show da turnê “35 Anos de História” começou com o mantra do Camisa, “Bota Pra Fudê”. Na sequência, “Hoje” e “Bete Morreu”. Uma boa surpresa do setlist foi “Rosto E Aeroportos”, pérola meio Lado B da banda.
A música faz parte do segundo disco do grupo, “Batalhões De Estranhos” (1984) que transformou o Camisa em um sucesso nacional. “Vou vestir a minha sombra. Preciso me proteger. Eu sempre manejei bem as palavras, mas agora não sei o que dizer”, diz a letra.
Apesar da inevitável falta que Karl Hummel, Gustavo Mullen e Aldo Machado fazem, Drake Nova (guitarrista e filho de Marcelo), Leandro Dalle (guitarra) e Célio Glouster (bateria) completaram muito bem a formação do grupo.
Já Marcelo Nova continua sendo uma das figuras mais bem-humoradas do Rock Nacional. Durante todo o show, o vocalista se dirigiu ao público com simpatia e se mostrou realmente emocionado pela acolhida que a banda recebeu dos curitibanos.
Mas além do sarcasmo, o Camisa também sempre teve a sua parcela de crítica social, o que lhe rendeu canções que ainda hoje são relevantes, mais de três décadas após o início da banda. “Talvez vocês já tenham ouvido essa música em algum lugar, em algum momento. Então, eu vou deixar que vocês exercitem seus dotes vocais”, disse Marcelo antes de “Só O Fim”, uma dessas canções que ainda retratam a realidade brasileira.
Outra canção que inevitavelmente insiste em “atormentar” o cidadão brasileiro é “Deus Me Dê Grana”, um dos clássicos da carreira do Camisa. “Hoje essa música tem ainda mais relevância do que quando nós a fizemos” disse Marcelo.
Já na parte final do show, depois de “Simca Chambord”, Marcelo pegou um aviãozinho de papel que foi jogado no palco. “Aqui está escrito: ‘Curitiba é Camisa!’. Obrigado!”, disse o vocalista. Realmente, a capital paranaense tem um dos públicos mais entusiastas que a banda possui no Brasil.
Os megaclássicos “Sílvia” e “Eu Não Matei Joana D’Arc” encerraram um grande show. As duas músicas foram cantadas a plenos pulmões pelos fãs, regidos por Marcelo e Robério.
A revitalização da Ópera De Arame, que foi comandada pela radialista Marielle Loyola, é digna de elogios. O local é excelente para assistir shows devido à inclinação da arquibancada em relação ao palco e à acústica que foi refeita. Mais um bom espaço que Curitiba ganha para eventos e apresentações.
Na contramão do politicamente correto
Certas coisas passam longe de um show do Camisa de Vênus e, dentro desse espectro, a caretice dos tempos modernos é a principal. Afinal, as letras do grupo sempre usaram a ironia, o bom humor e o sarcasmo como suas linhas mestras.
Esses elementos fazem parte do Rock ‘n’ Roll desde os primeiros passos com Little Richard, Elvis e outros músicos importantes. A realidade é que o “patrulhamento” da sociedade atual, onde tudo é motivo para críticas e interpretações nem sempre corretas, parece mais uma caça às bruxas do que qualquer outra coisa.
Por esses motivos, ver um show de uma banda como o Camisa de Vênus exorciza momentaneamente esses demônios da modernidade e leva o público a uma época na qual os artistas construíam as suas histórias com letras, músicas e atitudes. Hoje tudo se resume a views ou likes. Isso é só o fim.
Confira três momentos do show: “Eu Não Matei Joana D’arc”, “Rosto E Aeroportos” e “Gotham City”.
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Estava lá nessa noite histórica. Achei o som da Ópera IMPECÁVEL. Um dos melhores shows que já vi do Camisa. ( Vi alguns )
Sensacional sua resenha.