Texto: Marcos Anubis
Fotos, revisão e tradução: Pri Oliveira

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A última noite da 17ª edição do Psycho Carnival teve lotação máxima no Jokers Pub. Tudo porque, além das bandas nacionais que se apresentariam, o festival seria encerrado por uma atração especialíssima: 27 anos após a sua única vinda ao Brasil, o Guana Batz encontrava novamente os fãs brasileiros. E a noite, que começou cercada de uma expectativa enorme, cumpriu tudo o que prometia.


Diablo Cabron

A banda curitibana Diablo Cabron fez a sua estreia no Psycho Carnival e passou no batismo de fogo. O trio abriu a última noite do festival e, na passagem de som, já começou a sentir a importância do evento. “Foi um grande prazer subir no palco onde bandas incríveis se apresentaram. Foi muito marcante encontrar o pessoal do Guana Batz passando o som antes de nós. Também foi muito legal ver que as pessoas conheciam as principais músicas. Algumas sabiam os refrãos e cantavam junto”, diz o guitarrista e vocalista da banda, Fabricio Melo.

O público participou realmente do show e isso ajudou a banda a se manter mais tranquila e confiante. “A energia no show estava ótima. Muitos amigos estavam presentes e ainda tivemos o prazer de receber o Preto Aranha do The Brown Vampire Catz, que cantou uma música conosco. Só podemos agradecer a quem curte o Diablo Cabron e faz a festa acontecer”, finaliza Fabricio.


Skizoyds

Usando afinações baixas, fato não muito comum no Psychobilly, o quinteto paulista Skizoyds fez um dos shows mais pesados da noite. Mesmo já tendo se apresentado em várias edições do festival, o show deste ano parece ter marcado os músicos paulistas. “Participamos de várias edições do Psycho Carnival, mas esta sem dúvida foi uma das melhores, quiçá a melhor!”, afirma o vocalista e guitarrista Billy Nilson.

Um dos grandes momentos do show foi a música “MotörPsycho”. Billy, assim como a maioria das bandas que se apresentaram, também elogiou a estrutura do evento. “Só temos a agradecer por termos feito parte deste evento. A lineup das bandas foi muito boa e o Jokers é o melhor local para o evento, ever! Todos os profissionais envolvidos e os amigos presentes estavam no maior clima de ‘brodagem’. O som estava impecável e isso acabou contribuindo para que fizéssemos um de nossos melhores shows! Foi sensacional!”, elogia Billy.


The Brown Vampire Catz

O trio londrinense marcou o seu território no último dia do festival. Uma prova de que a banda chamou a atenção foi dada pelo baixista do Cenobites, P.G. Vogeli, que ficou ao lado do palco durante todo o show, prestando atenção nas músicas.

Um dos destaques do Vampire é o vocalista e guitarrista Preto Aranha. Aliando uma técnica apurada a um carisma acima da média, Preto acrescenta muita personalidade ao som dos londrinenses. “Ficamos muito satisfeitos com a nossa apresentação e com o feedback do público. Saímos com a sensação de que foi um dos melhores ou o melhor show que já fizemos em Curitiba”, diz Preto Aranha.


Krappulas

Os shows do Krappulas são diretos, pesados e agressivos. Desta vez não foi diferente. Afinal, quando o público que lotava o Jokers Pub viu o vocalista da banda, Breno, subir ao palco usando uma camisa de força, todos puderam ter uma ideia do que viria pela frente.

Mas se Breno incorpora toda a insanidade do Krappulas e a transmite para o público, são os riffs do guitarrista David Ernst que conduzem as canções do grupo e imprimem um peso absurdo. “Como prevíamos, foi um dos grandes shows do Krappulas. É claro que estávamos nervosos, afinal, tocar antes do Guana Batz em um dos maiores festivais de Psychobilly do mundo com bandas de nível altíssimo não é tarefa simples. Também sabíamos que a banda estava em um gás muito bom, e que uma sequência de shows e ensaios nos dava certa tranquilidade”, afirma o vocalista.

Ao abrir o show com “Hell”, o grupo já dava o tom do que seria a apresentação. Houve espaço até para uma versão Psychobilly de “Lil’ Devil”, do The Cult. “O show foi fera demais! O clima estava perfeito, todo mundo feliz, o som impecável e a galera foi um capítulo à parte, pois participou do início ao fim. Sempre nos sentimos em casa no palco do Jokers. A nossa vontade era de tocar por umas três horas, mas não dava. O motivo era dos melhores: realizar o sonho de ver o Guana Batz! Vida longa ao Psycho Carnival e até o ano que vem!”, finaliza Breno.


Guana Batz

27 anos após os míticos shows que a banda fez em 1989, o Guana Batz finalmente voltou a pisar em solo brasileiro. E coube a Curitiba, a atual capital do Psychobilly no país, a honra de receber novamente uma das lendas do estilo.

Com o Jokers Pub absolutamente lotado, pois os ingressos foram limitados por uma questão de segurança, Pip Hancox (vocal), Stuart Osbourne (guitarra), Jared Hren (bateria) e Paul “Choppy” Lambourne (baixo) abriram o show com “Bring My Cadillac Back”.

Já nesse início, ao olhar ao redor, era possível perceber no semblante das pessoas aquela sensação de que só os grandes shows e as bandas que construíram uma importante história ao longo dos anos conseguem provocar.

Sob uma atmosfera quentíssima, literalmente, a banda seguiu o show com “Jungle Rumble”, “You’re My Baby” e “Lady Bacon”, entre outras músicas. “Que calor! Estou muito suado! Enfim, é isso, estamos no Brasil”, brincou o vocalista.

Mas foi quando Pip anunciou a versão que o Guana Batz faz para “I’m On Fire”, de Bruce Springsteen, que a casa veio abaixo. “Temos muitos fãs do Bruce, aqui!”, brincou, surpreso com a participação do público que cantou praticamente toda a canção.

A realidade é que a banda se divertiu muito no palco. Durante todo o show, era nítido que cada integrante da banda estava emocionado com a recepção dos fãs brasileiros. “Foi um grande show para nós. Realmente não tínhamos ideia do que esperar depois de ficarmos longe por tanto tempo, mas a reação do público foi melhor do que poderíamos ter imaginado”, disse Pip ao Cwb Live.

Outro grande momento foi quando a banda tocou “Rock This Town”, do Stray Cats. Na primeira vinda do grupo ao Brasil, a música era muito executada nas rádios Rock da época. Nas palavras do próprio Pip, foi ela que tornou o Guana Batz mais conhecido entre o público brasileiro.

O show seguiu com “Dynamite”, “Wondrous Place”, “Loan Shark”, “Devils Guitar” e “Radio Sweetheart”. Em frente ao palco, brasileiros, chilenos, paraguaios, argentinos, holandeses, suíços e marcianos se acotovelavam como se aquela fosse a última roda de wreck de suas vidas.

“King Rat” encerrou uma noite histórica não só para o Psycho Carnival, mas também para a cidade Curitiba. Bandas que se tornam referências em seus respectivos estilos são cada vez mais raras. E ter a oportunidade de ver ao vivo um grupo que ajudou a fundamentar o Psychobilly, e que ainda continua nitidamente em forma, foi uma honra para amantes da boa música.

A segunda vinda

No início da noite de segunda-feira, após passar o som no Jokers Pub, o Guana Batz estava voltando ao hotel para descansar antes de sua apresentação. Como estávamos fazendo a cobertura online para a página oficial do evento, saímos correndo atrás da banda pela movimentada Rua São Francisco para gravar uma chamada no Instagram. “Estamos muito animados por voltar ao Brasil e tocar aqui”, afirmou Pip.

Após o show nós conversamos novamente com ele para sentir a dimensão do que a banda viveu na capital paranaense. Parece que a impressão que eles tiveram em relação a tudo que passaram por aqui foi a melhor possível. “A cidade nos pareceu ótima, mas, infelizmente, por estarmos na semana do Carnaval, tudo estava fechado. Então, não pudemos fazer muita coisa. Nós fomos na Zombie Walk, foi muito legal!”, disse.

Os elogios se estenderam ao festival. Um reconhecimento merecido, afinal, o trabalho que os organizadores têm todo ano para tornar possível o Psycho Carnival não é fácil. Certamente, tudo vale a pena quando um artista da importância do Guana Batz, acostumado a tocar em grandes eventos por todo o mundo, elogia a estrutura que lhes foi oferecida. “O festival foi ótimo. É muito trabalho para um promotor em um festival dessa proporção! O Vlad e sua equipe realmente fizeram um ótimo trabalho no que diz respeito à organização e o local também era ótimo!”, elogiou Pip.

O vocalista também fez uma analogia entre o momento vivido pelo Guana Batz em 1989 e essa segunda vinda ao Brasil. “Eu acho que gostamos mais agora, na idade em que estamos. Da última vez em que estivemos aí, nós éramos jovens e talvez não tivéssemos percebido como é legal ter tantos fãs entusiasmados tão longe de casa. Isso nos fez sentir muito bem e certamente esperamos voltar em breve”, finalizou.