Texto: Marcos Anubis
Revisão e fotos: Pri Oliveira
A arte, no Brasil, nunca teve o apoio que deveria ter. Atualmente, na visão de alguns gênios retrógrados, ser artista virou sinônimo de “não ter o que fazer”. Nessa onda de ódio gratuito, até um ícone como Chico Buarque virou alvo de ofensas. Fernando Anitelli é a antítese dessa afirmação.
O espetáculo de sua banda, O Teatro Mágico, une música, dança, poesia, acrobacias e malabarismo. No sábado (20) o grupo se apresentou no Teatro Guaíra, em Curitiba, e reuniu todas essas manifestações em um só palco.
A banda abriu o show com “Quando a fé ruge”, seguida de “Perdoando o adeus”, ambas do álbum “Grão do Corpo” (2014). No palco, a trupe de Fernando era composta pelos músicos Zeca Loureiro (guitarra e violão), Rafael dos Santos (bateria), Guilherme Ribeiro (teclado), Sergio Carvalho (baixo), Ricardo Braga (percussão) e pelas bailarinas/acrobatas Andréa Barbour e Manoela Rangel.
Uma aura realmente mágica, invisível, envolvia os fãs que estavam no Teatro Guaíra. Pessoas de todas as idades, desde animados adolescentes até fãs mais velhos, cantavam e interagiam fazendo coreografias em algumas músicas, como em “Pena”.
Um dos momentos mais emocionantes da apresentação foi o da canção “O anjo mais velho”. Ela é uma excelente amostra do som do Teatro Mágico e da poesia que a banda incorpora em suas canções. Metade de mim agora é assim. De um lado a poesia, o verbo, a saudade. Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim. E o fim é belo, incerto. Depende de como você vê. O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só. Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você, diz a letra.
Durante o show, as músicas foram o fio condutor do espetáculo, mas ganharam ainda mais força com a parte cênica que ilustra as canções. O som do grupo lembra muito o da lendária banda mineira Clube da Esquina. Essa influência é sentida claramente em suas canções, porém, com uma leitura mais moderna.
O que chama mais a atenção no Teatro Mágico é a forma como a banda encara o mercado fonográfico. Toda a produção musical do grupo é disponibilizada de forma gratuita em diversas plataformas digitais. Inacreditavelmente, essa postura corajosa incomoda muita gente, como o produtor Rick Bonadio, que chegou a criticar publicamente a atitude de Fernando e sua trupe.
Acreditando nessa forma de fazer música, o Teatro Mágico acaba de lançar o quinto álbum em seus 13 anos de carreira. “Allehop” (uma expressão que, na linguagem circense, é usada como incentivo antes do artista entrar no palco) trouxe outros elementos musicais para o trabalho da banda.
“Deixa ser” encerrou a apresentação. O público que praticamente lotou o Teatro Guaíra saiu envolvido pela arte que o grupo procura levar aos seus fãs. Fernando Anitelli e sua banda fazem da música uma forma de manifestação artística sem barreiras, tanto na execução quanto na distribuição fonográfica.
Eles são uma prova de que, entendendo que hoje a forma de produzir música difere completamente do passado, é possível ser um artista independente e se manter em evidência.
Assista aos vídeos de “Quando a fé ruge”, “Perdoando o adeus” e “Tudo se distrai”, gravados ao vivo no show do Teatro Mágico no Teatro Guaíra, e veja o nosso álbum de fotos da apresentação.
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