Texto: Marcos Anubis
revisão: Pri Oliveira
Foto: Divulgação
Desde o seu primeiro álbum, “Cidades em Torrente” (1986), a banda carioca Biquini Cavadão vem colecionando hits e mantendo uma veia Pop aliada a boas letras. Só em seu disco de estreia, o grupo emplacou quatro sucessos: “Múmias”, “No mundo da lua”, “Timidez” e “Tédio”. Neste ano, Bruno Gouveia (vocal), Carlos Coelho (guitarra), Miguel Flores da Cunha (teclado) e Álvaro Birita (bateria) estão completando 32 anos de estrada e continuam populares.
Um dos motivos que justifica essa longevidade é a conexão que o grupo mantém com o público que acompanha o trabalho do Biquini. “Acho que nossa união tem a ver com o respeito que temos um pelo outro. O trabalho do Biquini Cavadão sempre foi sincero. Verdade é um componente importante para cada música fazer sentido”, diz Bruno.
Neste sábado (19), a banda se apresenta no Teatro Positivo, em Curitiba. O show faz parte da turnê que está divulgando o mais recente álbum do grupo, “As Voltas que o Mundo Dá” (2017). No disco, o Biquini trabalhou pela primeira vez com o produtor e músico Liminha, que já assinou o lançamento de grandes álbuns do rock nacional. “Gravar com a produção de Liminha era algo que queríamos fazer há muito tempo e foi ótimo. Não tivemos só um grande produtor, mas pelas características da banda (que não tem baixista), contamos com ele no contrabaixo para todas as músicas. Um luxo! Isso também fez com que suas impressões para cada música fossem dadas de dentro pra fora, como um membro da banda faria”, explica.
Entre os importantes álbuns produzidos por Liminha com grandes nomes da música brasileira, estão “Tropicália 2” (Gil e Caetano), “Rappa Mundi” (O Rappa), “Vivendo e não Aprendendo” (Ira!) e “Cabeça Dinossauro” (Titãs).
A capa de “As Voltas que o Mundo Dá” também tem um significado especial para a banda. A obra mostra o desenho de uma árvore de ponta-cabeça, com as raízes viradas para cima, em uma metáfora relacionada à vida. “Foi uma ideia do Coelho e que o artista Octavio Bittencourt realizou com maestria. Acho que a primeira coisa que me passa pela cabeça ao ver a imagem é que ‘ainda é uma árvore’. Do mesmo modo, nossa vida pode virar do avesso, mas continuamos a ser nós mesmos”, conta.
O Biquini Cavadão sempre teve muitos fãs em Curitiba desde os anos 1980. Durante as turnês que a banda realizou nas últimas três décadas, alguns dos momentos mais marcantes foram vividos na capital paranaense. “Temos ótimas lembranças. Tocamos na Revoada das Águias no Parque Barigui, na década de 80, por exemplo, e o frio era de rachar (risos). Depois na década de 90, nossos shows no Aeroanta, no Coração Melão e em outras casas foram marcantes para nós. A animação era tanta que íamos para a Rua 24h continuar o show (risos), relembra.
Nos anos 1980, era imprescindível ter uma grande gravadora para a banda conseguir lançar seus trabalhos. Hoje, até mesmo artistas mais conhecidos encontram dificuldades para se manterem dentro do mercado fonográfico. Diante disso, saber seguir por esse caminho tortuoso se torna uma questão de sobrevivência. “É um mundo onde cada um faz o seu caminho e sempre aparecem novas trilhas, mas a mata continua densa e fechada. O importante é que podemos realmente mostrar nossa música sem isso passar por um crivo de uma gravadora. A internet abriu uma janela para o mundo. É uma TV a cabo com bilhões de canais. Difícil é você fazer todos sintonizarem no seu”, analisa.
Mas não é só o mercado fonográfico que mudou drasticamente. A música, o país e os fãs também não são os mesmos, o que exige um esforço ainda maior para se manter relevante musicalmente. “Acho que tudo isso mudou, mas o Biquini Cavadão fala muito sobre as relações pessoais, valoriza os sentimentos e critica de modo sensato. Isso não tem idade. A menina de hoje pode se emocionar com ‘Timidez’ tanto quanto sua mãe, que a ouvia há 30 anos”, diz.
Buscando se adaptar e usufruir das novas tecnologias, o Biquini Cavadão criou um aplicativo para que o fã possa acompanhar as notícias do grupo. Esse tipo de entendimento é essencial para qualquer artista na era dos singles, mas nem todos conseguem enxergar dessa forma. “São ferramentas que nos ajudam a ouvir muita coisa boa, basta procurar. O próprio Biquini Cavadão aproveita muito isso para oferecer o maior número de músicas e raridades para os nossos fãs. Quem banaliza a arte não é a ferramenta, é quem cria o conteúdo banal”, finaliza Bruno Gouveia.
Mesmo olhando para o futuro, o Biquini ainda carrega a alma dos anos 1980, uma época que teve quase um mundo à parte na música nacional. A partir de 1985, principalmente, inúmeras bandas dos mais variados estilos surgiram no Brasil, mas nem todas conseguiram sobreviver ao teste do tempo.
Isso é compreensível, afinal, aquele cenário tão diverso e rico musicalmente foi um momento único na história da cultura brasileira. “Tivemos uma conjunção estelar de ótimos compositores na década de 80, mas nos anos seguintes, muita gente boa apareceu. O que mudou foi o interesse pela boa música. Às vezes, é mais fácil achar graça de uma música-piada ou de um bordão e, infelizmente, ainda se acredita que visualizações respondem diretamente pelo sucesso de alguém. Ter um milhão de views é bom, mas não quer dizer que aquilo seja um sucesso, apenas que foi muito vista e comentada. Sob essa densa camada, escondem-se grandes compositores, que seguirão independentemente dos likes fazendo coisas boas”, finaliza Bruno Gouveia.
Serviço
Os ingressos para o show de hoje no Teatro Positivo custam: Plateia Vermelha – R$ 200 (inteira) e R$ 105 (meia-entrada). Plateia Azul – R$ 190 (inteira) e R$ 100 (meia-entrada). Plateia Amarelo – R$ 180 (inteira) e R$ 95 (meia-entrada). Plateia Roxo – R$ 170 (inteira) e R$ 90 (meia-entrada). Plateia Laranja – R$ 150 (inteira) e R$ 80 (meia-entrada). Plateia Rosa – R$ 130 (inteira) e R$ 70 (meia-entrada). Plateia Verde – R$ 110 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada). Já está incluso o valor de R$ 10 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração Disk Ingressos.
A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer. Promoção1 +1 – Na compra de 1 bilhete, o cliente ganha outro no mesmo setor. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro.
Os bilhetes podem ser adquiridos no site Disk Ingressos, na loja da empresa no Shopping Palladium (de segunda a sexta-feira, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), nos quiosques instalados nos shoppings Mueller e Estação (de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h) e no Call center, pelo fone (41) 3315-0808 (de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h). Os ingressos também podem ser comprados nas bilheterias dos teatros Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9hs às 18hs) e Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h).
A casa abre às 20h e o show começa às 21h15. A classificação etária é livre. O Teatro Positivo fica na Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, no Campo Comprido.
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