Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Divulgação The 900

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Encarar de forma profissional a sua própria carreira. Atualmente esse é o maior desafio das bandas brasileiras que não possuem o apoio de gravadoras ou selos. O The 900, formado em Americana, interior de São Paulo, tem enfrentado com inteligência essa exigência do mercado musical.

O grupo nasceu em 2006 e sua formação atual tem Laio Carvalho (guitarra e vocal), Alan Coelho (guitarra e teclado) Kleber Bovo (baixo e backing vocals) e Nara Maciel (bateria e backing vocals). O músico Jesse Oliveira (guitarra e teclados), acaba de ser incorporado à banda. Atualmente, a ideia central do grupo é procurar dar qualidade ao material que oferecem ao público e à mídia.

O novo álbum

Após quase uma década de estrada, a banda chegou finalmente ao seu primeiro CD full-lenght. Lançado em julho, “Automático” mostra um grupo maduro e que sabe usar de forma criativa as suas influências. “No ano que vem completaremos dez anos de banda e não poderíamos ter todo esse tempo sem lançar nenhum CD. Nós até preferimos o EP, pois é bem mais rápido e prático de lançar, além de manter a banda sempre ativa. Mas o CD é algo mais simbólico e profissional. Sabíamos dessa necessidade”, diz.

“Automático” foi gravado em duas frentes: voz e bateria em São Paulo, no Cavalo Estúdio, e guitarras, synths, baixo e backing vocals no estúdio do The 900 que fica na cidade de Sumaré, perto de Americana. A masterização foi feita em Seattle por Chris Hanzsek e a mixagem também foi realizada na cidade que é o berço do Grunge por Nicolas Csiky. “Nossos amigos da banda Travelling Wave gravaram com o Chris. Gostamos muito quando ouvimos o resultado e depois descobrimos que o Far From Alaska também havia feito alguns trabalhos de master com ele. A qualidade do trabalho e o preço também compensaram muito”, explica.

O álbum traz nove faixas que chegam ao ouvinte de forma direta. As canções transparecem influências do Grunge, Punk e Pop e poderiam perfeitamente estar na programação das grandes emissoras de rádio do país. “Acho que nos encontramos melhor nele, com referências e inspirações que mais nos agradam. Já estamos produzindo músicas novas para o nosso próximo álbum, também”, revela Nara.

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Profissionalismo

Em 2015 o The 900 fez uma parceria com a agência de propaganda Antidesign, buscando fortalecer a marca da banda e torná-la mais visível. A empresa cuidou do site (que oferece uma loja virtual, vídeos e fotos) e também da parte visual do novo álbum do grupo. “Como ainda estamos atrás de mais reconhecimento e uma agenda maior de shows, o meio virtual é a maior ferramenta que utilizamos para contato. Então, é importante ter uma boa qualidade e depois também fazer um ótimo show. É o que mais queremos como resultado de tudo isso”, explica Nara.

A realidade mostra que hoje o ritual de bater nas portas das grandes gravadoras para tentar um contrato é praticamente coisa do passado. Com a popularização da internet, o ambiente cibernético se tornou a grande vitrine para os artistas ao redor do mundo. Mas, ao mesmo tempo em que novas oportunidades aparecem, é preciso saber usá-las. “Muitas pessoas nos dizem que conheceram o The 900 por causa dos clipes e do nosso material na web, antes mesmo de ter ido a um show nosso. É um meio de divulgação muito importante e também uma forma de mostrar a nossa identidade além da música”, explica a baterista. “Se você apresenta um material de qualidade, as pessoas valorizam mais. Isso agrega valor à banda e também interfere na contratação para shows”, complementa.

Filmmakers

Um fato peculiar no The 900 é que ela é uma das bandas brasileiras que mais investe na produção de clipes. Nesses quase dez anos de carreira, o grupo já lançou cinco vídeos: “Não Vou parar”, “Hoje Tudo Está Bem”, “Megalomaníaco”, “Westphalen” e “Automático”.

Mas a grande mudança nesse processo aconteceu durante a pré-produção do álbum “Automático”, realizada no próprio estúdio da banda. Foi ali que o grupo decidiu assumir a produção dos seus clipes, buscando imprimir ainda mais personalidade à sua obra. “Foi durante esse processo que nós percebemos que conseguiríamos fazer os vídeos. Como eu, o Laio e o Alan trabalhamos nesse meio audiovisual, não tinha porque não encarar esse desafio. Além de sair mais barato, também fica mais autoral”, explica a baterista.

Unindo boa música a uma visão profissional do trabalho da banda, o The 900 está mostrando um caminho para os grupos que tentam um lugar ao sol na concorrida cena musical brasileira do século XXI.