Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Divulgação/Kingargoolas

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A 17ª edição do Psycho Carnival começa no dia 5 de fevereiro. O evento é reconhecido mundialmente como um dos mais importantes festivais da cena Psychobilly. Em 2016 ele terá 20 bandas em quatro dias de shows no palco do Jokers Pub, além da Noite do Esquenta no dia 4.

A honra de abrir o festival ficará a cargo do Kingargoolas. O grupo foi formado em 2006 na cidade de Guarapuava, interior do Paraná, e seu line up atual tem Mackey (guitarra e Theremin), Arêdes (guitarra), Joérto (baixo) e Cerso (bateria).

Há pouco mais de um mês para o início do Psycho Carnival, o quarteto vive a ansiedade de fazer a sua estreia no festival. “Estamos muito alegres por participar de um evento desta magnitude. A expectativa é grande, pois sabemos da importância do Psycho Carnival para a cena nacional e mundial. É muito empolgante tocar no mesmo evento com bandas lendárias, tanto do país quanto gringas”, diz Cerso.

Apesar de ser voltado para a vertente Psychobilly/Rockabilly, o Psycho Carnival tradicionalmente também abre espaço para outros estilos musicais. No ano passado, por exemplo, o festival recebeu o The Mullet Monster Mafia, que também se apresenta na edição 2016, e o The Violentures, ambos expoentes da Surf Music nacional.

Em função disso, o Kingargoolas acredita que não terá problemas em sua apresentação. “Acreditamos que será uma boa recepção, pois o Psycho Carnival historicamente sempre abre espaço para bandas de estilos ‘coirmãos’, como a Surf Music. Temos tocado com grupos de sons diferentes do nosso, do Metal ao Punk, com uma boa aceitação, então não há receio quanto a isso”, afirma o baterista.

Uma década de Surf Music

Prestes a completar 10 anos de carreira, o Kingargoolas tem dois CDs lançados: “Kingargoolas” (2013) e “Tales From The Instro Zone” (2015), além de participações em algumas coletâneas. Trabalhando de forma independente, o grupo acredita no crescimento da Música Instrumental e da Surf Music no Brasil. “Pela qualidade das bandas que estão surgindo ou que têm voltado à ativa, muitas com personalidade e nuances próprias, achamos que é um momento bem interessante para o som instrumental e a Surf Music em particular”, analisa.

Em relação ao apoio para esses estilos, Cerso cita nomes como J.R. do 92 Graus, Fernanda Coronado e os organizadores do festival Hell Surf, Neri (baterista do The Mullet Monster Mafia e do Sick Sick Sinners) e Paulão Mohawk da Radio Cadillacs, entre outros. “Existe apoio. Ainda não é o ideal, mas existem algumas pessoas, casas de show e rádios que encaram o lance e ajudam a fomentar algo que ainda pode ser muito maior”, diz.

Ampliando seus horizontes, em 2015 o Kingargoolas fez uma temporada de shows em bares, pubs e SESCs de São Paulo. “Tivemos a oportunidade de fazer essa tour por intermédio da Mamute Produções. Foi muito massa! Os SESCs são muito legais, pois possuem uma estrutura bacana e organização. Tivemos muitas coisas boas para tirar dessa experiência, mas não dá para ficar só nisso. É uma realidade à parte”, afirma.

Como na capital paranaense os SESCs raramente abrem as suas portas para os artistas locais, valorizar esse tipo de iniciativa é essencial em um cenário cada vez mais dominado pelo cover e por grupos descartáveis. “Procuramos fazer o nosso melhor, na medida do possível. O fato de sermos uma banda independente não faz com que não possamos ao menos tentar fazer as coisas de uma maneira mais profissional”, afirma o baterista.

Seguindo essa linha de pensamento, em 2015 o Kingargoolas teve uma produção artística consideravelmente grande. No mês de setembro a banda gravou seu segundo álbum, “Tales From The Instro Zone”. Lançado em parceria com a Orleone Records, ele saiu em vinil, CD e também está disponível no Bandcamp e no YouTube. “São 13 sons, todos autorais, que dão uma amostra de como fazemos Surf Music instrumental à nossa maneira”, diz.

O grupo também participou de três coletâneas: da “Weirdo Fervo”, lançada em vinil e que traz uma seleção de artistas nacionais da vertente Surf /Garage Music; do CD da revista americana Continental Magazine, especializada em Surf Music; e da coletânea virtual do programa Surf Report.

Um giro pelo Velho Continente

Além do seu trabalho com o Kingargoolas, Cerso participou recentemente da turnê que a banda curitibana Sick Sick Sinners fez pela Europa. Como o baterista do Sinners, Emiliano, não pôde acompanhar o grupo, a oportunidade surgiu repentinamente. “Aceitei a ‘bronca’ umas três semanas antes da viagem, tirei o repertório e fizemos quatro ensaios. Quando percebi eu estava tocando em uma tour que passou pela Rússia, França, Suíça e Espanha. E o melhor: com uma banda da qual sou fã!”, conta.

Essa foi a primeira vez que Cerso participou de uma excursão pela Europa. No Velho Continente, o baterista dividiu o palco com nomes lendários como o Toy Dolls, o Reverend Horton Heat e o Demented Are Go. “Me considero um cara de muita sorte, pois o Sinners tem uma verdadeira legião de fãs por aquelas bandas. O fato que mais me marcou neste giro foi ver de perto a credibilidade e o respeito que o Vlad, o Cox e o Neri possuem no circuito alternativo fora do Brasil”, relembra.

A experiência fez Cerso perceber o que alguns membros da cena musical local tanto lutam para mostrar: existe vida inteligente na música curitibana. Ela precisa é de apoio para dar ainda mais frutos. “Daqui talvez nós não consigamos ver com tamanha clareza o quanto esses caras são importantes para a cena mundial, contribuindo com sua música, eventos e atuando como agentes culturais. Me sinto honrado por ter feito parte de tudo isso. De quebra ganhei grandes amigos com quem aprendi muito e que ganham cada vez mais o meu respeito”, finaliza Cerso.

Os ingressos para a 17ª edição do Psycho Carnival podem ser adquiridos no site da Ticket Brasil.