Texto: Marcos Anubis
Fotos, revisão e tradução: Pri Oliveira

Cwb Live Guana Batz 12

Na última segunda-feira (8), 27 anos após os míticos shows que a banda fez em 1989, o Guana Batz finalmente voltou a pisar em solo brasileiro. E coube a Curitiba, a atual capital do Psychobilly no país, a honra de receber novamente uma das lendas do estilo.

Com o Jokers Pub absolutamente lotado, pois os ingressos foram limitados por uma questão de segurança, Pip Hancox (vocal), Stuart Osbourne (guitarra), Jared Hren (bateria) e Paul “Choppy” Lambourne (baixo) abriram o show com “Bring My Cadillac Back”.

Já nesse início, ao olhar ao redor, era possível perceber no semblante das pessoas aquela sensação de que só os grandes shows e as bandas que construíram uma importante história ao longo dos anos conseguem provocar.

Sob uma atmosfera quentíssima, literalmente, a banda seguiu o show com “Jungle Rumble”, “You’re My Baby” e “Lady Bacon”, entre outras músicas. “Que calor! Estou muito suado! Enfim, é isso, estamos no Brasil”, brincou o vocalista.

Mas foi quando Pip anunciou a versão que o Guana Batz faz para “I’m On Fire”, de Bruce Springsteen, que a casa veio abaixo. “Temos muitos fãs do Bruce, aqui!”, brincou, surpreso com a participação do público que cantou praticamente toda a canção.

A realidade é que a banda se divertiu muito no palco. Durante todo o show, era nítido que cada integrante da banda estava emocionado com a recepção dos fãs brasileiros. “Foi um grande show para nós. Realmente não tínhamos ideia do que esperar depois de ficarmos longe por tanto tempo, mas a reação do público foi melhor do que poderíamos ter imaginado”, disse Pip ao Cwb Live.

Outro grande momento foi quando a banda tocou “Rock This Town”, do Stray Cats. Na primeira vinda do grupo ao Brasil, a música era muito executada nas rádios Rock da época. Nas palavras do próprio Pip, foi ela que tornou o Guana Batz mais conhecido entre o público brasileiro.

O show seguiu com “Dynamite”, “Wondrous Place”, “Loan Shark”, “Devils Guitar” e “Radio Sweetheart”. Em frente ao palco, brasileiros, chilenos, paraguaios, argentinos, holandeses, suíços e marcianos se acotovelavam como se aquela fosse a última roda de wreck de suas vidas.

“King Rat” encerrou uma noite histórica não só para o Psycho Carnival, mas também para a cidade Curitiba. Bandas que se tornam referências em seus respectivos estilos são cada vez mais raras. E ter a oportunidade de ver ao vivo um grupo que ajudou a fundamentar o Psychobilly, e que ainda continua nitidamente em forma, foi uma honra para amantes da boa música.

A segunda vinda

No início da noite de segunda-feira, após passar o som no Jokers Pub, o Guana Batz estava voltando ao hotel para descansar antes de sua apresentação. Como estávamos fazendo a cobertura online para a página oficial do evento, saímos correndo atrás da banda pela movimentada Rua São Francisco para gravar uma chamada no Instagram. “Estamos muito animados por voltar ao Brasil e tocar aqui”, afirmou Pip.

Após o show nós conversamos novamente com ele para sentir a dimensão do que a banda viveu na capital paranaense. Parece que a impressão que eles tiveram em relação a tudo que passaram por aqui foi a melhor possível. “A cidade nos pareceu ótima, mas, infelizmente, por estarmos na semana do Carnaval, tudo estava fechado. Então, não pudemos fazer muita coisa. Nós fomos na Zombie Walk, foi muito legal!”, disse.

Os elogios se estenderam ao festival. Um reconhecimento merecido, afinal, o trabalho que os organizadores têm todo ano para tornar possível o Psycho Carnival não é fácil. Certamente, tudo vale a pena quando um artista da importância do Guana Batz, acostumado a tocar em grandes eventos por todo o mundo, elogia a estrutura que lhes foi oferecida. “O festival foi ótimo. É muito trabalho para um promotor em um festival dessa proporção! O Vlad e sua equipe realmente fizeram um ótimo trabalho no que diz respeito à organização e o local também era ótimo!”, elogiou Pip.

O vocalista também fez uma analogia entre o momento vivido pelo Guana Batz em 1989 e essa segunda vinda ao Brasil. “Eu acho que gostamos mais agora, na idade em que estamos. Da última vez em que estivemos aí, nós éramos jovens e talvez não tivéssemos percebido como é legal ter tantos fãs entusiasmados tão longe de casa. Isso nos fez sentir muito bem e certamente esperamos voltar em breve”, finalizou.