O chanceler da música eletrônica curitibana

Acreditar em um projeto e mantê-lo vivo: o músico curitibano Luciano Cardoso é um desses entusiastas que não entrega a sua arte aos abutres. Luciano mantém, desde 2011, um projeto musical chamado The Chanceller, no qual toca todos os instrumentos, canta e compõe. O “grupo”, na verdade uma “One-manband” (banda de um homem só), baseia o seu som no Synthpop de bandas como Erasure, Depeche Mode e Yazoo.

No próximo dia 25, o The Chanceller lançará o seu 5º álbum. Batizado como “High & Lows”, o novo trabalho foi gravado no Fayette Studios na cidade de Boston, Estados Unidos, entre os meses de junho e setembro. As 12 faixas de “High & Lows”, com “Love is a sin”, soam de uma forma mais soturna em comparação com os outros CDs do The Chanceller. “Acho que é uma evolução natural. Depois da experiência de já ter lançado quatro álbuns, você ficamais confiante, quer experimentar mais, preocupa-se menos com as críticas e sente-se desafiado a arriscar”, analisa.

Nesses cinco anos de estrada, Luciano sempre contou com participações especiais nas apresentações ao vivo, como a do tecladista Fernando Nahtaivel, atualmente no Eternal Sorrow, e a do músico Luciano Cordoni, ex-Tessália. Foram essas experiências que, aos poucos, lapidaram o som do The Chanceller. Hoje, elas contribuem para a confiança que Luciano demonstra no futuro do projeto. “Você se torna mais profissional e também aprende muito com os músicos que, de alguma forma, fazem parte da jornada. Sinto-me mais seguro cantando, algo que eu não curtia muito no começo. Arrisco mais, experimento mais e me divirto mais ainda. Adoro fazer backing vocals e várias vozes para uma mesma letra. É um exercício fantástico”, diz.

Outra forte mudança em relação ao período no Brasil é a preocupação ainda maior com a escrita e a pronúncia da língua inglesa. “Fiquei mais exigente na questão das letras. Cantar em inglês para os brasileiros é uma coisa, já para os americanos… Poxa, você está na casa deles! Se você se propõe a escrever e cantar na língua deles, faça bem feito. Estou tentando. Tenho uma pessoa revisando todas as letras antes de gravar”, afirma.

Confira o lyric video da música “I wonder”, uma das faixas do novo álbum.

Mudança de ares

Boston é o atual lar de Luciano. Ele se mudou no início deste ano para conhecer uma nova realidade. “Resolvi mudar de ares e buscar novos desafios na minha carreira. Já tinha visitado aqui algumas vezes e o timing da minha vida pessoal pareceu perfeito”, diz.

Logo de cara, para um músico acostumado com o cenário musical curitibano, o choque foi gigantesco. “Boston respira artes. Todos os dias tem algo acontecendo na cidade, seja na música, cinema ou teatro. As expressões artísticas são efervescentes aqui”, conta.

Essencialmente, Luciano destaca o interesse do público americano em buscar coisas novas. “A principal diferença entre as duas cidades é que aqui as pessoas não vão ver apenas artistas que conhecem e/ou têm alguma ligação. Nos EUA, temos a real noção do que é ‘público espontâneo’, ou seja, ir assistir a algo não porque você conhece, mas porque está aberto a esse tipo de experiência”, explica. “Outro ponto especial é que quase não se vê banda cover por aqui! Os músicos constroem suas carreiras com sua própria arte e não com apropriações mal-acabadas”, complementa.

O próximo passo de Luciano é começar a apresentar o trabalho do The Chanceller em shows pelos Estados Unidos a partir do início do ano que vem. Além disso, ele também tem se envolvido em outros projetos. “Fui convidado para tocar com a banda Lucretia’s Daggers. Temos ensaiado e estou trabalhando nos arranjos dos álbuns que eles já lançaram para sairmos em uma tour. No mês passado, eu também fiz o remix do single ‘Death is alive’, do Les Chats Noir. Está sendo um ano produtivo e também de preparação para o que vem por aí”.

“High & Lows” será lançado no dia 25 de novembro em CD e também será disponibilizado nas plataformas digitais Bandcamp, iTunes, Amazon, Spotify, Deezer, Rdio e Reverbnation. Existe a possibilidade do álbum também ser lançado em uma edição limitada em vinil.

Duas faixas do álbum também foram escolhidas para fazer parte da coletânea “Temple of Souls”, lançada pelo selo brasileiro Deepland Records. “Am I wrong?” foi incluída no Vol. 1 e “Farewell” sairá no Vol. 2 do CD.