Texto: Marcos Anubis
Revisão e tradução: Pri Oliveira
Fotos: Reprodução Facebook Boz Boorer
Participar, durante 25 anos, do trabalho de um dos grandes nomes da música mundial exige competência e criatividade. O guitarrista inglês Boz Boorer reúne como poucos essas duas qualidades.
Mesmo correndo com a divulgação de seu novo álbum, Boz conversou rapidamente com o Cwb Live e revelou alguns detalhes sobre a sua carreira.
Carreira
Boz Boorer passou a integrar a banda de Morrissey em 1991, na turnê do álbum “Kill Uncle”. A partir do seguinte, “Your Arsenal” (1992), ele fez parte de todos os discos do cantor inglês.
Mas além de sua parceria com Morrissey, a carreira de Boz também envolve trabalhos com outros artistas e cinco álbuns solo. O mais recente é “Age of Boom” (2016). “O álbum foi gravado principalmente em Portugal. Eu fiz a mixagem e há muitas colaborações”, diz.
Entre os convidados estão Eddie Argos do Art Brut, Tom Walkden do Wolventrix, James Maker, Georgina Baillie e Sarah Vista. Além de “Age of Bloom”, a discografia da carreira solo de Boz ainda conta com os álbuns “Between the Polecats” (2001), “My Wild Life” (2003), “Miss Pearl” (2008) e “Some of the Parts” (2012).
Uma das melhores faixas do recém-lançado “Age of Boom” é a música “El camino real”. A canção tem uma atmosfera bem Psychobilly e isso não é por acaso. Afinal, o estilo é uma das grandes influências na formação musical de Boz. “O Psychobilly foi o meu primeiro amor antes do Punk!”, conta.
Essa antiga paixão se refletiu logo na sua primeira banda, o The Polecats. Ao lado do grupo que apresentou Boz Boorer ao cenário da música inglesa, ele lançou dois álbuns: “Polecats Are Go!” (1981) e o disco ao vivo “Live In Hamburg” (1981).
Além de composições próprias, o álbum de estúdio do The Polecats trazia versões para “John, I’m Only Dancing” de David Bowie e “Jeepster” do T-Rex. Quatro anos depois, em 1983, Boz deixou a banda. Atualmente, o The Polecats continua na ativa e conta com a participação de Boz em alguns shows.
A partir daí, Boz Boorer trabalhou com vários artistas, entre eles Jools Holland, Evan Dando, Joan Armatrading e Adam Ant. O músico também tem um estúdio perto das montanhas do Algarve, em Portugal. No Serra Vista Studio, ele atua como produtor.
Para fechar a lista com suas várias faces culturais, Boz também tem uma loja de discos. A Vinyl Boutique Records Camden, em Londres, tem até álbuns de um dos maiores nomes da música do Brasil. “Eu adoro a cultura do vinil. De álbuns de bandas brasileiras, eu tenho somente Os Mutantes”, conta.
Estilo
A forma com que Boz compõe e interpreta suas canções é bem particular. Usando muitas ambiências (delay, reverb e echo), ele consegue criar um atmosfera única para as canções de Morrissey e também para o seu trabalho solo. “Minhas influências como guitarrista são Scotty Moore, Cliff Gallup, Les Paul, Marc Bolan, Alvin Lee e Steve Jones”, revela.
O interessante é que, em cada um de seus trabalhos, Boz demonstra maneiras de tocar muito diferentes entre si. “O The Polecats é principalmente Rockabilly e Morrissey é todo o resto”, explica.
Desejo de vir à Curitiba
Em fevereiro de 2017, o festival curitibano Psycho Carnival, chegará a sua 18ª edição. Respeitado e conhecido no mundo todo, o evento já recebeu inúmeras bandas Psycho/Rockabilly da Europa, como o The Richochets, o Guana Batz, o King Kurt e outras.
Na realidade, Curitiba também tem o cenário Psychobilly mais forte do Brasil. Algumas bandas curitibanas, inclusive, costumam ter a oportunidade de fazer turnês anualmente pela Europa e Estados Unidos.
Essa fama do festival curitibano já chegou aos ouvidos de Boz Boorer, que revela ter vontade de se apresentar na capital paranaense. “Eu sei de muitas bandas que já participaram do Psycho Carnival. Eu adoraria me apresentar aí também!”, diz.
Em Curitiba, Morrissey se apresentou no ano 2000 na antiga Forum, que hoje é a Live Curitiba. Boz não tem muitas lembranças dessa passagem, mas destaca o carinho que sempre recebeu dos fãs brasileiros. “O público brasileiro sempre foi muito receptivo!”, elogia.
25 anos ao lado de um ícone
Morrissey tem uma forte personalidade como vocalista, mas uma coisa que sempre chama a atenção nas suas apresentações é a qualidade de sua banda. Além de Boz Boorer, a formação atual do grupo ainda conta com Jesse Tobias (guitarra), Matt Walker (bateria), Mando Lopez (baixo) e Gustavo Manzur (teclado).
Juntos, eles criaram uma sintonia que se reflete nas atmosferas das composições de Morrissey e também nas versões feitas pela banda para as canções do The Smiths. “Eu tenho que organizar as músicas em um estilo um pouco diferente e que se encaixe com o som moderno. E nós nos damos muito bem, eles são excelentes músicos também!”, afirma.
Nos 25 anos ao lado do cantor inglês, Boz gravou dez álbuns de estúdio com Morrissey. Um deles, porém, tem um lugar especial em seu coração. “Bem, todos os álbuns refletem o meu estilo de tocar e todos são diferentes em seus próprios caminhos. ‘Vauxhall and I’ é um dos meus favoritos, pois foi quando tudo começou a fazer sentido para mim”, diz.
Além de fazer parte da banda que acompanha Morrissey desde 1991, Boz também divide algumas composições com ex-The Smiths. De acordo com Boz, o relacionamento deles na hora de criar uma nova canção não é muito complicado. “É simples: eu dou a ele uma canção e ele escreve a melodia e as letras, mas às vezes ele muda um pouco as coisas. O principal é mudar um pouco, alguns elementos podem ser adicionados ou retirados da ideia inicial”, finaliza.
Vale a pena conferir as outras facetas da criatividade de Boz Boorer. Elas vão além do seu trabalho com Morrissey.
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