Texto: Marcos Anubis
Revisão e fotos: Pri Oliveira

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Nos 17 anos de Psycho Carnival, o Ovos Presley se apresentou em 15. A justificativa é simples: a banda é um dos alicerces do Psychobilly no Brasil. A 18ª edição do festival acontece entre os dias 24 e 27 no Jokers e, mais uma vez, o grupo estará presente. “Para nós, o Carnival já faz parte da banda. O Ovos só não tocou em duas edições do festival até hoje. Culpa do Vlad (um dos organizadores do evento) que sempre colocou a gente para tocar (risos). É muito gratificante saber que as pessoas acreditam no que fazemos”,  diz o baixista do Ovos, Nei Rodrigues.

Ademir (vocal), Wallace (guitarra e vocal), Nei (baixo) e Cidadão Rancor (bateria) formaram a banda em 1993. Nesses 24 anos de estrada, eles se tornaram uma das maiores referências do psychobilly brasileiro.

Ao mesmo tempo, o Ovos Presley é a mais curitibana das bandas Psycho. Para o grupo, valorizar a cultura local é quase uma obrigação. “Isso surge meio naturalmente, pois as nossas músicas são em português. As letras do Ademir, além de abordar os temas que o Psychobilly sempre traz à tona (como histórias de horror, monstros, carros e bebedeiras), também falam sobre a vida cotidiana das pessoas, principalmente dos seres noturnos que perambulam pelos becos e bares da cidade. Isso fica bem explícito na música ‘Vampiras de Curitiba’, mesmo que ela seja uma história fictícia, ou não! (risos)”, diz Nei.

Todos os integrantes do Ovos Presley fazem parte das primeiras gerações da cultura Psychobilly curitibana. Por causa dessa forte ligação, a banda vivenciou cada momento do festival, dos seus primeiros passos até a sua consolidação como um dos principais eventos do Psychobilly em todo o mundo. “O Psycho Carnival não é mais apenas um festival curitibano. Ele foi tomando proporções gigantescas e, hoje em dia, ele é conhecido e respeitado no mundo todo”, afirma Nei.

Um dos grandes legados do Psycho Carnival é sua capacidade de mobilização. Afinal, durante esses quase 20 anos, o evento também influenciou muitos músicos a montarem as suas bandas para, um dia, fazerem parte dessa grande celebração. “Muitas bandas em Curitiba surgiram depois de alguma edição do festival. Muita gente começou a se identificar com o estilo psycho depois de ir a um show do Carnival. Acho que isso não morre nunca e, quem ganha com isso é o próprio festival, o público e a cena local”, complementa o baixista.

Santos de casa que fazem milagre

A importância que o Ovos dá a sua terra não se resume somente à música. Em seus álbuns, a banda sempre fez questão de se cercar de talentosos artistas locais. “Curitiba sempre teve bons artistas. Uns foram esquecidos, outros nem tanto. Alguns são amigos de longa data que acabam virando parceiros. Quanto mais os artistas se unirem, melhor. Isso só enriquece a cena e a cultura local”, afirma Nei.

Um desses grandes nomes do underground curitibano foi o artista plástico Alessandro Rüppel Silveira, conhecido como Magoo, falecido no ano passado. “Ele foi um cara que participou diretamente da cena psychobilly curitibana. Era um profundo conhecedor deste mundo. O Magoo criou capas de livros (como o ‘Terapia com Sequela’, do Marcio Tadeu), tirinhas, murais e até compôs uma letra para o Krappulas. Nós tivemos o privilégio de ter a sua arte no CD ‘A Date With Ovos’ (2004). no qual Ele ilustrou o encarte com seus desenhos únicos!”, conta Nei.

Clássico

A canção mais emblemática do Ovos Presley é “Tristes homens azuis”, que se tornou um clássico do psychobilly curitibano. A música, criada a partir de um texto do falecido poeta Marcos Prado, sempre é um dos grandes momentos nas apresentações da banda. “Achamos que o poema merecia ser musicado. O Ademir fez todo o arranjo. Quando o Marcos Prado ainda era vivo, o poema já ecoava pelas mesas dos bares da cidade e em diversas coletâneas literárias. Suponho que o Ademir a musicou pelo significado dessa letra: a busca de igualdade, a ideia de que somos todos iguais, tendo sangue azul ou não”, explica Wallace.

O respeito que a cena curitibana tem pelo Ovos Presley é impressionante. Dentro ou fora do movimento psychobilly, o quarteto é visto com muita admiração. “Só temos que agradecer, e muito. É difícil você tentar analisar isso tudo, o fato de sermos uma banda pioneira e tal. O que sempre fazemos é dar o nosso melhor quando estamos no palco, pois sabemos que a galera está esperando isso e tentamos corresponder com a energia que o Ovos sempre teve!”, diz Nei. “Realmente, mesmo com quase 24 anos de existência ‘Ovos Presleyana’, eu ainda não tenho real noção disso tudo. Mas, ao mesmo tempo, acho que ainda temos muito a melhorar, aprender e continuar a divertir nós mesmos e os outros, como uma grande família”, complementa Wallace.

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Aventuras em solo “estrangeiro”

Nós últimos dois anos, o Ovos Presley fez alguns shows marcantes fora de Curitiba. Um deles aconteceu em 2015, no III Mongoloid Festival, em Belém, no Pará. “Tocar fora de Curitiba é sempre legal demais. Conhecemos muita gente bacana em cada canto aonde vamos. O evento foi animal! Nunca tínhamos tocado em um lugar assim, com aquela vibe. O que mais me impressionou foi um dos dois palcos ter sido montado dentro de um barco ancorado no rio”, conta Nei.

Já no ano passado, a banda se apresentou no Psychobilly Attack Paraguay, em Assunção. “Foi a nossa primeira vez fora do país. Então, tudo era festa pra gente. Mesmo com alguns perrengues, foi divertido demais atravessar a fronteira”, complementa o baixista.

Após o show no Psycho Carnival, o ano de 2017 também pode reservar uma surpresa para os fãs da banda: o sucessor do mais recente álbum do Ovos, “PsychoPunk‘a’BillyBoogie” (2014). “O Ademir sempre tem algumas letras na mente, engatilhadas, mas, como todo mundo sabe, não planejamos muito as coisas. Nossa intenção é compor algumas músicas novas que estão paradas e, se possível, gravá-las, espero! (risos)”, diz Nei.

O Ovos Presley se apresenta na segunda noite da 18ª edição do Psycho Carnival, que acontece no sábado (25), no Jokers. “Faremos uma mescla do que está no último CD com algumas músicas que a galera sempre pede. Para um efeito estratégico, não vamos revelar o setlist (risos)”, finaliza Wallace.

As entradas são limitadas e estão à venda no site Sympla. O Jokers Pub fica na Rua São Francisco, 164, no bairro São Francisco. Informações pelo fone (41) 3013-5164.