Curitiba sempre foi considerada a “praça de testes” do cenário musical e artístico do Brasil. A ideia é que, se um show ou espetáculo for bem recebido na capital paranaense, a chance de que isso aconteça no resto do país é muito grande.

Nessa sexta-feira (23), no Teatro Positivo, a nova formação do Barão Vermelho passou nessa prova de fogo. Afinal, o grupo estreou a sua nova formação em maio no Circo Voador, no Rio de Janeiro, mas foi nesse show em Curitiba que a turnê “Barão pra Sempre” teve o seu pontapé inicial.

Rodrigo Santos (baixo), Guto Goffi (bateria), Mauricio Barros (teclado), Fernando Magalhães (guitarra) e o novato Rodrigo Suricato (vocal e guitarra) fizeram um show impecável.

O grupo abriu o show com três músicas em sequência, sem intervalo e nem conversa com o público: “Pedra, flor e espinho”, “Pense e dance” e “Ponto fraco” deram o tom da noite.

O repertório foi muito bem escolhido, pois, além dos megassucessos, entre eles “Bete balanço” e “Eu queria ter uma bomba”, ele também incluiu músicas fantásticas, que nem sempre são lembradas pelo público, como “Down em mim”, “Meus bons amigos” e “Dignidade”.

O setlist do show ainda teve “Não amo ninguém”, cantada por Maurício, e “Cuidado”, interpretada por Rodrigo. “O tempo não para” e “Brasil”, duas canções imortalizadas por Cazuza, também fizeram parte do repertório.

Do alto de seus 36 anos de estrada, uma coisa é claríssima: o Barão Vermelho tem uma das formações mais afiadas do mundo, sem exagero.

O novo integrante

Obviamente, a grande expectativa dos fãs era a de ver como seria o Barão sem Frejat. Por causa disso, o teatro não estava lotado. Mas, se existia certa desconfiança em relação ao que seria o espírito da banda sem uma de suas figuras mais importantes, isso foi por água abaixo depois do show.

Como explicou Maurício Barros, em uma entrevista exclusiva concedida ao Cwb Live na última quinta-feira (22), que você pode ler neste link, não houve nenhum desentendimento com Frejat. “O grupo sempre quis continuar na estrada, fazendo shows. Em função da carreira solo do Frejat, houve uma interrupção nas turnês que ficaram mais esporádicas e pontuais. Quando iniciaram as conversas para essa nova turnê, ele nos informou que não pretendia interromper seu projeto solo e pediu que o grupo ficasse à vontade para seguir em frente. A partir daí, fomos amadurecendo a ideia. Apesar de tudo, em nenhum momento a banda titubeou sobre seguir em frente”, contou.

A sugestão de convidar o vocalista e músico Rodrigo Suricato, que surgiu para o grande público em 2014 durante a primeira temporada do programa SuperStar, da Rede Globo, veio do próprio tecladista. “No ano passado, eu participei da turnê Nivea Rock Brasil, que percorreu diversas capitais do país, e o Suricato também fazia parte da banda. Ao longo dos meses de ensaios e shows, pude comprovar o seu talento como cantor e instrumentista. Acabamos ficando amigos. Quando começamos a pensar em alguém para assumir os vocais e a guitarra, sugeri o seu nome e todos aprovaram. Fiz o convite e, para a nossa alegria, ele topou na hora. Para completar, ele é um cara gente boa e até parece que já está na banda há muito mais tempo, tamanha é a sintonia com todos nós”, disse Mauricio na mesma entrevista.

Em uma comparação com outros artistas que receberam a honra de entrar em uma banda consagrada, Rodrigo não passou a sensação de ser um peixe fora d’água.

No Queen, por exemplo, Adam Lambert não teve a mesma “sorte”. Ao vivo, parece que o vocalista é um elemento estranho, um crooner se exibindo ao lado de dois monstros sagrados do Rock como Roger Taylor e Brian May. Para os fãs de Freddie Mercury e companhia, a aposta não funcionou.

Esse erro não parece ter sido cometido pelos integrantes do Barão Vermelho. Na prática, não existem argumentos para criticar Rodrigo Suricato nesse início de trajetória com o grupo.

Além da personalidade, ele canta bem e é um bom guitarrista. Como prova disso, na primeira parte do show, todos os solos foram executados pelo novo integrante. Isso, por si só, já demonstra uma enorme confiança por parte de seus companheiros.

Aliás, durante toda a apresentação, Rodrigo e Fernando sempre procuraram estar próximos de Suricato. Essa atitude passava a nítida intenção da vontade da banda em deixar o novo integrante à vontade e mostrar para o público que já existe uma química entre os músicos.

Após “Maior abandonado”, a banda saiu rapidamente do palco e voltou para o bis, que teve “O poeta está vivo” e “O tempo não para”.

“Pro dia nascer feliz” encerrou a apresentação. Agora, a banda tem uma semana para ajustar os últimos detalhes e começar a rodar o país com a turnê “Barão pra Sempre”. Os próximos shows serão em São Paulo (1), Cuiabá (8) e Niterói (9).

A julgar pelo que foi apresentado em Curitiba, a nova fase do Barão Vermelho tem tudo para dar continuidade ao legado daquela que seja, talvez, a banda mais Rock’n’roll do Brasil.

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