Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Divulgação

Toquinho 1

Ser o principal parceiro musical de um dos maiores poetas que o Brasil teve já é um título pessoal considerável. A carreira do músico, cantor e compositor paulista Toquinho não se resume aos anos dourados ao lado de Vinícius de Moraes. Em meio século de trajetória artística e 71 anos de vida, ele construiu uma sólida história também como artista solo e emplacou grandes sucessos, entre eles, “Aquarela”.

Nesta sexta-feira (18), Toquinho se apresenta no Teatro Positivo, em Curitiba. O show, batizado de “50 Anos de Música”, ainda contará com o músico, cantor e compositor carioca João Bosco e com o grupo vocal MPB4.

A ideia de reunir tantos talentos no mesmo palco nasceu da amizade e do respeito que existe entre amigos que se encontram na estrada desde o início de suas caminhadas. “Há alguns anos eu divido o palco com amigos importantes da música popular brasileira. Eu e o MPB4 iniciamos nossas carreiras na mesma época. Ao longo dos anos, fortalecidos pela amizade e ligados por parceiros comuns, participamos de muitos momentos importantes da cultura brasileira, assumindo transformações e evoluções musicais. Até que surgiu a oportunidade de estarmos juntos num espetáculo, consolidando esses mais de 50 anos de trajetória com simplicidade e bom humor”, explica Toquinho.

Shows ao lado de artistas tão talentosos não é uma novidade na vida de Toquinho. Em 2012, por exemplo, também no Teatro Positivo, ele se apresentou ao lado de João Bosco. O que chama a atenção é que existe uma diferença de concepção musical, na abordagem da MPB, que torna a presença dos dois no mesmo palco ainda mais interessante. “João Bosco e eu mantemos um ótimo entrosamento de palco nos muitos shows que já fizemos juntos. É muito prazeroso trabalhar com ele. O João tem uma técnica própria de tocar violão. Em suas composições, ele inventa trechos melódicos e harmônicos de espontânea sofisticação. Seu violão é vibrante, tanto quanto a dinâmica rítmica de suas músicas. E sua voz altera rusticidade e suavidade sem interferir na sonoridade de seu violão, fazendo dele um artista com linguagem inconfundível e plenamente brasileira. João é um compositor e intérprete peculiar, com estilo próprio, diferente do meu”, elogia.

No show da próxima sexta-feira, aliás, o público curitibano poderá ver três maneiras totalmente diferentes de encarar a música. Toquinho representa a MPB mais tradicional, o MPB4 também segue essa linha, trabalhando com arranjos vocais belíssimos, e João Bosco é a perfeita junção da técnica com a improvisação do músico brasileiro. “É interessante juntar num palco estilos diferentes originados da mesma base, que é a Bossa Nova. Entrosados na dinâmica do show, juntos ou separados, faremos do espetáculo momentos intimistas com sucessos que certamente emocionarão a plateia”, afirma.

Toquinho – Minha Profissão + Pout Pourri – Teatro Positivo – Curitiba – Brazil – 19/10/2012

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Meio século de música e mudanças

Em 2017, Toquinho está comemorando 50 anos de carreira com a incrível marca de 84 álbuns lançados. Mas, mesmo sendo um artista inserido dentro de um dos grandes nichos da música no Brasil, a MPB, ele vê mudanças radicais na forma de o artista existir, atualmente. “O show passou a ser o grande propulsor das trajetórias musicais dos grandes nomes da MPB. Para mim, é uma delícia, pois amo o palco, faço de cada espetáculo a sala de visitas de casa, fazendo com que o público seja cúmplice de minhas experiências e de meu entusiasmo em prosseguir me renovando a cada show. Mesmo hoje, com mais de 50 anos de carreira, todo show gera uma expectativa nova, necessária e inevitável. E é essa expectativa que contribui para minha evolução como artista da música. Satisfazer o público, manter a atmosfera intimista, ratificar minhas performances como instrumentista e, principalmente, definir a informalidade como eixo condutor do espetáculo. Tudo isso para agradar àqueles que seguem minha trajetória de forma tão constante”, afirma.

Outro reflexo dessa modernidade é que, hoje, a MPB tem pouco espaço nos veículos de comunicação, (rádios e emissoras de TV, principalmente). Ao mesmo tempo, grandes artistas, entre eles o próprio Toquinho, continuam com um público fiel que acompanha os shows e adquire os álbuns. “Os músicos da minha geração têm o privilégio de ser herdeiros da estrutura musical da Bossa Nova, e soubemos evoluir na criação de sucessos inconfundíveis, cuja qualidade dificilmente será alcançada ou ultrapassada. Ultimamente, apesar do tempo, sente-se uma renovação do público que se interessa por esses sucessos. Porque tornaram-se imorredouros. Tudo o que tem surgido de algumas décadas, com raríssimas exceções, não consegue sobreviver depois de um breve tempo”, analisa.

Além de tudo isso, existe mais uma característica irreversível dos novos tempos: as poderosas gravadoras que dominavam o mercado até os anos 1990, praticamente perderam o seu poder. “As gravadoras sucumbiram diante da velocidade e do alcance da internet. Temos de conviver com essa realidade e nos mostrar criativos na propagação de nossas canções. Cada um acaba descobrindo a maneira mais eficaz de propagar sua obra. Modelos não faltam, é só trilhar por eles do modo mais inteligente e inovador”, diz.

Todo esse cenário turbulento, que inclui a gestão política do país, vem minando a produção cultural brasileira. Isso acaba influenciando negativamente no surgimento de novos talentos, mas não é o único motivo para essa escassez. “Entendo que, com exceção do teatro e do cinema, as culturas musical e poética sofreram uma sensível queda na qualidade de suas criações. Mas não são apenas os desmandos políticos os responsáveis por isso. A própria evolução da tecnologia eletrônica tem contribuído decisivamente na visão e no comportamento das novas gerações, para as quais o tempo é uma mera centelha a ser preenchida sem apegos e continuidade dos sentimentos. E a poesia se esvaece diante do volúvel e do descomprometido”, avalia Toquinho.

Toda essa bagagem cultural e musical trazida por Toquinho, João Bosco e MPB4 poderá ser conferida de perto, nesta sexta, no Teatro Positivo. “O que fica para mim de marcante nos shows em Curitiba é o calor humano de sua gente, que acolhe minhas histórias sempre com carinho e interesse musical e pessoal”, finaliza Toquinho.

Serviço

O show “50 Anos de Música” acontece nesta sexta-feira (19) no Teatro Positivo. Os ingressos já estão disponíveis e custam: Setor Inferior Central – R$ 370 (inteira) e R$ 190 (meia-entrada). Setor Inferior direita e esquerda – R$ 310 (inteira) e R$ 160 (meia-entrada. Plateia Superior Central – R$ 260 (inteira) e R$ 135 (meia-entrada). Plateia Inferior direita e esquerda – R$ 210 (inteira) e R$ 110 (meia-entrada).

A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer. Portadores do cartão fidelidade Disk Ingressos e do programa de Benefícios do Teatro Positivo possuem 50% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular. Já está incluso o valor de R$ 10 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração do site Disk Ingressos. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro.

Os bilhetes podem ser adquiridos no site Disk Ingressos, na loja da empresa no Shopping Palladium (de segunda a sexta-feira, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), nos quiosques instalados nos shoppings Mueller e Estação (de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h) e no Call center, pelo fone (41) 3315-0808 (de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h) e na bilheteria dos teatros Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9h às 18h) e Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h) .

A classificação etária é livre. A casa abre às 20h e o show começa às 21h. O Teatro Positivo fica na Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, no Campo Comprido.