Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Divulgação
O MPB4 se confunde com a própria história da música brasileira. Afinal, o quarteto surgiu no Rio de Janeiro em 1963 e, além de seu trabalho solo, já estabeleceu parcerias e gravou com grandes artistas, entre eles Chico Buarque e Milton Nascimento.
Aquiles, Miltinho, Dalmo e Paulo Malaguti, o MPB4, apresentam-se nesta sexta-feira (18) no Teatro Positivo, em Curitiba, ao lado de Toquinho e João Bosco.
Na verdade, o show “50 Anos de Música” é uma grande celebração da amizade entre todos eles. “Eu acho que isso é uma grande sacada porque junta pessoas que se gostam, mas pouco se veem. Existe uma admiração mútua, um pelo trabalho do outro. Para nós, é muito prazeroso e eu acredito que, para o público, também seja”, diz Aquiles.
Durante o show, cada artista fará a sua apresentação, mas as parcerias entre eles poderão acontecer a qualquer momento. E nessa reunião de bambas, certamente, não faltarão clássicos como “Tarde em Itapuã” (Toquinho) e “Papel Machê” (João Bosco).
Outra música que deve estar presente no repertório do show é “Roda viva”. Afinal, ela é uma das canções mais emblemáticas do repertório do MPB4. Composta por Chico Buarque, com os arranjos vocais criados pelo falecido Magro Waghabi, ela foi apresentada em 1967 no III Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record.
A canção acabou conquistando o 3º lugar e faz parte dos shows do grupo até hoje. “Ela é muito importante na nossa carreira. Eu lembro que o Chico estava viajando, então nós ensaiávamos a música na casa do Magro. E, quando o Chico foi assistir, ele ficou muito entusiasmado! O arranjo que o Magro fez, aquela textura de vozes, era para colocar ele como coautor da música. O Chico ficou muito feliz! Até hoje ela é um grande sucesso. Ela é o tipo da música que se a gente não tocar, o público acha que o show não foi completo”, relembra.
Mudanças e momentos difíceis
Com mais de meio século de estrada, as mudanças em qualquer banda são inevitáveis. O MPB4, porém, só passou por duas baixas em sua formação nesse período todo. A primeira aconteceu em 2004, quando Ruy Faria decidiu deixar o grupo. Em seu lugar, entrou Dalmo Medeiros. Mas foi a morte de Magro Waghabi, em 2012, que causou o maior impacto em seus integrantes.
O baque foi tão grande que Miltinho e Aquiles, os remanescentes da formação original do MPB4, cogitaram a possibilidade de encerrar o grupo. “Foi uma decisão muito difícil. De início, chegamos a pensar em não continuar. O Magro sempre foi fundamental dentro do MPB4, como diretor musical e arranjador de todas as músicas e discos que nós gravamos. Resolvemos seguir em frente para perpetuar a obra do Magro”, explica.
No ano seguinte, o cantor e tecladista Paulo Malaguti se uniu ao MPB4 para dar prosseguimento à carreira do grupo. “O Malaguti é um músico muito experiente. O timbre da voz dele se encaixou muito bem com os nossos. Ele também aprendeu a fazer o que o Magro fazia no teclado. Isso foi um grande desafio, mas ele se saiu muito bem. A cada show, ele se vê mais dentro da história do MPB4. Então, mesmo quando acontecem coisas que nós não queríamos, precisamos seguir em frente. Foi o que aconteceu conosco”, diz.
Roda Viva – Chico Buarque e MPB4
Roda Viva – Chico Buarque e MPB4 Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu A gente quer ter voz ativa No nosso destino mandar Mas eis que chega a roda-viva E carrega o
Meio século de música
Mas, em tempos de música descartável, como manter vivo um grupo que preza pela qualidade de suas composições? Afinal, esse esmero técnico e literário parece ter cada vez menos importância para as novas gerações. “A música não pode parar. Cada compositor ou intérprete arruma um jeito de mostrar a sua obra. Agora, com a tecnologia desenvolvida da maneira que está, existe uma grande discussão sobre como vender as músicas nas plataformas digitais”, diz.
Aquiles acredita que a relação entre artistas e gravadoras mudou drasticamente nas últimas décadas e por causa delas mesmas. “As grandes gravadoras nem existem mais no formato que elas tinham há 30, 40 anos. O mercado fonográfico, do jeito que era antes, acabou. Ele morreu ou se suicidou, na verdade. Eles tomaram tantas decisões esdrúxulas que acabaram levando-o para o buraco”, critica.
A quase inexistência de uma major ditando os rumos de tudo, ao mesmo tempo, abriu espaço para que novos artistas conseguissem emergir das sombras trilhando outros caminhos. “Hoje, os independentes conseguem gravar com mais facilidade, sem precisar de todo aquele sistema megalômano das grandes gravadoras. As matrizes das grandes multinacionais tiraram o tapete desses produtores que queriam descobrir a pólvora”, complementa.
Mesmo com todas as transformações que o mercado fonográfico sofreu, uma coisa não mudou: o respeito do público pelo trabalho do MPB4. “Nós não tocamos no rádio e nem aparecemos na TV, então, como explicar essa longevidade? Nós nunca fomos um grande vendedor de discos e, hoje em dia, vendemos muito menos do que antes. Então, a única e singela explicação é que a nossa música passa de pai para filho. Os nosso fãs mais antigos tiveram filhos e eles ouviam a nossa música dentro de casa. Aí, eles perceberam que existe alguma música fora do sistema que eles veem na televisão ou ouvem no rádio e, assim, nós renovamos o nosso público”, finaliza Aquiles.
Serviço
O show “50 Anos de Música” acontece nesta sexta-feira (19) no Teatro Positivo. Os ingressos já estão disponíveis e custam: Setor Inferior Central – R$ 370 (inteira) e R$ 190 (meia-entrada). Setor Inferior direita e esquerda – R$ 310 (inteira) e R$ 160 (meia-entrada). Plateia Superior Central – R$ 260 (inteira) e R$ 135 (meia-entrada). Plateia Inferior direita e esquerda – R$ 210 (inteira) e R$ 110 (meia-entrada).
A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer. Portadores do cartão fidelidade Disk Ingressos e do programa de Benefícios do Teatro Positivo possuem 50% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular. Já está incluso o valor de R$ 10 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração do site Disk Ingressos. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro.
Os bilhetes podem ser adquiridos no site Disk Ingressos, na loja da empresa no Shopping Palladium (de segunda a sexta-feira, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), nos quiosques instalados nos shoppings Mueller e Estação (de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h) e no Call center, pelo fone (41) 3315-0808 (de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h) e na bilheteria dos teatros Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9h às 18h) e Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h) .
A classificação etária é livre. A casa abre às 20h e o show começa às 21h. O Teatro Positivo fica na Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, no Campo Comprido.
MPB4 – O Ronco Da Cuica
Music video by MPB4 performing O Ronco Da Cuíca.
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