Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
O show ainda contou com a abertura do The Interrupters, que fez uma apresentação impressionante
Desde a reabertura da Pedreira Paulo Leminski, Curitiba vem recebendo shows de bandas e artistas que marcaram a história da música em seus respectivos estilos. Black Sabbath, David Gilmour e Kiss foram algumas das atrações que passaram pelo palco sagrado do mais tradicional local de shows da capital paranaense.
Nesse domingo (5) foi a vez do trio norte-americano Green Day, talvez o maior nome do Pop Punk e um dos maiores símbolos da música da década de 1990. Mas apesar do peso da banda headliner, o grupo que fez a abertura, o The Interrupters, também conquistou o público com boas músicas e um carisma impressionante.
Ritmo e carisma
O grupo americano The Interrupters abriu a noite com uma apresentação espetacular. O som da banda é um mistura de Ska com Punk, ao melhor estilo The Specials.
Formado em 2011 por Aimee Interrupter (vocal), Kevin Bivona (guitarra), Justin Bivona (baixo) e Jesse Bivona (bateria), o grupo esbanjou simpatia e interação com o público.
O quarteto entrou no palco ao som de “Ghost town”, do The Specials. Depois, o guitarrista Kevin Bivona saudou o público e perguntou: “Vocês estão prontos para a Soul Music?”. A banda abriu a apresentação com a sensacional “A friend like me”.
A banda faz parte do selo Hellcat Records, comandado pelo guitarrista e vocalista do Rancid, Tim Armstrong, pelo qual já lançou dois álbuns: “The Interrupters” (2014) e “Say It Out Loud” (2016).
Mesmo não sendo conhecida do “grande público”, a banda foi muito bem recebida pela plateia. O setlist do show teve canções que funcionaram muito bem no palco gigantesco da Pedreira, entre elas, “Take back the power”, She got arrested” e “This is the new sound”.
“Family” encerrou a apresentação. Após o show, em sua página no Facebook, a banda demonstrou claramente a sua alegria pela recepção que teve. “Foi uma honra tocar para você, Curitiba! Essa foi uma das maiores multidões para quem já tivemos o privilégio de tocar! Obrigado por nos trazer, Green Day! Vocês são matadores! Obrigado!”, dizia o post.
A impressão que ficou é a de que um show da banda em um local menor, talvez no tradicional festival curitibano Psycho Carnival, possa ser ainda mais interessante. Assista ao vídeo da música “A friend like me”, gravado ao vivo no show do Green Day na Pedreira, e confira o nosso álbum de fotos da apresentação.
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Três acordes e diversão
O público começou a se preparar para a entrada da banda quando o sistema de som tocou a canção “Bohemian rhapsody”, do Queen. Esse é um ritual que virou tradição nas apresentações do Green Day na “Revolution Tour”. Apesar da barreira da língua, (afinal, nem todos sabiam a letra) o momento foi emocionante pelo fato de reviver, ao vivo, uma das canções mais emblemáticas da história do Rock.
Na sequência, uma pessoa vestida de coelho animou a plateia ao som de “Blitzkrieg bop” do Ramones. Billie Joe Armstrong (guitarra e vocal), Mike Dirnt (baixo) e Tré Cool (bateria) abriram o show com “You know your enemy”. Logo de cara, Billie chamou um fã ao palco e, ao final da música, o garoto deu um mosh no meio do público.
Ali, estava estabelecida a conexão com os fãs que ainda renderia dois momentos. O primeiro aconteceu em “Longview”, quando uma garota foi chamada para cantar a música e, no final, também se jogou no meio da plateia.
Em “Revolution radio”, o pano que estava posicionado atrás do palco desceu, mostrando uma grande imagem da capa do mais recente CD da banda. Ao lado da bateria de Tré, colunas de fogo subiam e “dançavam”.
Já em “Knowledge”, Billie Joe chamou ao palco um menino de 10 anos chamado Sérgio. Ele recebeu uma guitarra e Billie ensinou a ele os acordes da música. Após tocar durante alguns minutos, ele ganhou o instrumento de presente. “Sérgio, você é um rockstar!”, disse Joe.
“When I come around” foi um dos momentos mais emblemáticos do show. A canção, que faz parte do terceiro álbum de estúdio do grupo, “Dookie” (1994), simboliza perfeitamente uma era. Ali, na metade dos anos 1990, o Green Day se consolidou definitivamente como uma das bandas mais populares do mundo.
Em quase três horas de show, a banda fez uma grande retrospectiva de sua carreira que começou em 1987. O setlist teve desde os grandes sucessos, entre eles, “Holiday” e “Welcome to paradise”, faixas do novo ábum, como “Bang bang”, até músicas mais underground, como “J.A.R. (Jason Andrew Relva)” e “Scattered”.
Na sequência, veio “Basket case”, outro clássico absoluto da década de 1990. A produção do show não economizou nos efeitos especiais. Explosões e colunas de fogo surgiam a todo momento. Billie Joe também estabeleceu uma relação muito forte com o seu público, pedindo a participação dos fãs a todo momento, usando frases como “Esse não é um show, é uma celebração!” e “Hoje, nós não somos o Green Day dos Estados Unidos, somos o Green Day do Brasil!”.
Conheça seu inimigo
Uma das maiores características do som do Green Day sempre foi a crítica ao “american way of life”. A banda é conhecida por seus posicionamentos políticos, o que é um fato raro pois não é comum os artistas americanos irem contra as atitudes dos governantes de seu país.
No ano passado, por exemplo, logo após a eleição de Trump, o grupo participou do American Music Awards (AMA), em Los Angeles. Na ocasião, durante a sua apresentação, Billie Joe não poupou críticas à crescente onda de ódio em seu país. “Nada de Trump! Nada de KKK! Nada de fascistas americanos!”, disse.
Durante o show na Pedreira, Billie Joe também fez várias referências à homofobia, ao racismo e até ao público que assistia ao show e, ao mesmo tempo, filmava alguns trechos com os celulares. “O Facebook é legal, mas vamos viver o agora”, disse.
Em “King for a day”, o baterista Tré Cool usou uma fantasia carnavalesca e houve espaço até para um trechinho de“Garota de Ipanema”, tocada no sax pelo multi-instrumentista Jason Freese.
Na sequência da apresentação, um momento que pareceu desnecessário foi um longo medley com trechos de “Shout” do Isley Brothers, “Always look on the bright side of life” do Monthy Pyton, “Satisfaction (I can’t get no)” dos Roling Stones e “Hey Jude” dos Beatles.
Durante as canções, Billie Joe mandou vários “Fuck, Trump!” e “I love Brazil!”. A plateia também entoou o tradicional coro de “Fora, Temer!”. Em um desses momentos de “elogio ao presidente”, Billie disse: “Eu não entendo o que vocês tão gritando, mas eu posso sentir”.
Após “Forever now”, a banda saiu rapidamente do palco. Na volta para o bis, Billie Joe surgiu com uma guitarra Gibson estampada com bandeira norte-americana em preto e branco. A mensagem que o grupo parecia querer passar era a de que os Estados Unidos estão perdendo a sua alma com Donald Trump. Passado o recado, o grupo tocou “American idiot” e “Jesus of suburbia”.
Em “21 guns”, que foi cantada de forma belíssima pelo público, Billie Joe não segurou a emoção e chegou a derramar lágrimas. “Good riddance (Time of your life)” encerrou a apresentação.
Como disse Billie Joe, o show foi realmente uma grande celebração da banda com seus fãs e mostrou que, no ano em que comemora 30 anos de trajetória, o Green Day continua fazendo bem o som a que se propõe. Assista ao vídeo da música “When I come around”, gravado ao vivo no show na Pedreira, e confira o nosso álbum de fotos da apresentação.
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