Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
“Nesses 25 anos de carreira, o que fica são as canções”, disse o vocalista Rogério Flausino em uma entrevista exclusiva concedida ao Cwb Live. É pensando nessa junção entre música e letra que o Jota Quest chega ao seu primeiro trabalho desplugado.
Nessa sexta-feira (15), no Teatro Guaíra completamente lotado, a banda mineira apresentou aos curitibanos a turnê “Jota Quest Acústico – Músicas Para Cantar Junto”, que tem como base o CD/DVD homônimo lançado no ano passado.
Rogério Flausino (vocal), Marco Tulio (violão), PJ (baixo), Márcio Buzelin (teclados) e Paulinho Fonseca (bateria) abriram o show com “Dias melhores” e “O que eu também não entendo”. Os músicos de apoio foram Pedro Cassini (violões) e Play e Tibless (backing vocals).
Largar as guitarras
Na década de 1990 e parte dos anos 2000, lançar um acústico era garantia de sucesso e boas vendas. Foi assim que vários artistas nacionais, entre eles, Titãs, Cássia Eller, Capital Inicial, Gilberto Gil e Paralamas do Sucesso deram uma guinada na carreira.
Hoje, por causa de um mercado fonográfico completamente diferente, já não é tão comum uma banda lançar um trabalho desplugado. Mesmo assim, o quarteto de Belo Horizonte resolveu encarar o desafio.
O CD/DVD é composto por 25 faixas. Entre elas, estão sucessos como “Amor maior” e, também, três músicas inéditas feitas em parceria com outros compositores: “A vida e outras histórias” (Leoni), “Você precisa de alguém” (Marcelo Falcão) e “Morrer de amor” (Alexandre Carlo, do Natiruts).
A seleção do repertório e a desconstrução das músicas para transformá-las em canções com um novo formato durou sete meses. Para a preparação do show em si, foram mais quatro, tudo sob a supervisão e o olhar atento do produtor Liminha, um dos ícones do Pop/Rock brasileiro.
O interessante é que várias músicas compostas pelo Jota Quest durante a carreira da banda já possuíam as características de um acústico. Construídas com levadas de violão e letras que grudam na cabeça do ouvinte, muitas canções do grupo já parecem ter nascido com essa peculiaridade. Mesmo assim, a banda levou quase três décadas para se aventurar de forma desplugada.
Nesse período, eles lançaram oito álbuns de estúdio: “Jota Quest” (1996), “De Volta ao Planeta” (1998), “Oxigênio” (2000), “Discotecagem Pop Variada” (2002), “Até Onde Vai” (2005), “La Plata” (2008), “Funky Funky Boom Boom” (2013) e “Pancadélico” (2015).
Um dos melhores momentos do show foi “O Sol”, música de Milton Nascimento que manteve a sua beleza original na versão do Jota Quest – o que, convenhamos, não é uma tarefa simples de ser realizada quando se trata de uma obra de um gigante da MPB.
Após “Mandou bem”, um vídeo com os integrantes da banda falando sobre o acústico foi exibido no telão. Enquanto isso, cadeiras foram posicionadas na beira do palco, bem perto do público, para a banda tocar alguns dos maiores sucessos de sua carreira.. Nesse set, o grupo tocou “Fácil”, “Ônibusfobia”, “Vou praí”, e “Sempre assim”. Depois, Flausino cantou “O vento”, acompanhado apenas por Márcio Buzelin e Pedro Cassini. “Ônibusfobia” e “Vou praí”, canções do álbum de estreia do grupo, não fazem parte do CD/DVD acústico, mas foram lançadas como bônus nas plataformas digitais.
Bem-humorado, Flausino lembrou dos tempos em que a banda se apresentava no Chocolate Chic, onde hoje fica a Live Curitiba. O vocalista também fez questão de saudar o fã clube do grupo em Curitiba, que é o mais antigo do Brasil. “Eles montaram o fã-clube antes de a banda ser formada”, brincou.
Em “Planeta dos macacos”, o telão exibiu várias imagens de políticos brasileiros em uma animação muito bem-feita. Na sequência, a banda se retirou do palco, voltando para encerrar a apresentação com “Do seu lado”, composição de Nando Reis.
O Jota Quest, junto com os também mineiros do Skank, talvez seja o maior nome do Pop Rock brasileiro pós-geração 80, pois se mantém na ativa há mais de duas décadas sempre emplacando novos sucessos e renovando seu público.
No dia 8 de dezembro, a banda volta a Curitiba para participar do festival Rock Brasil, na Pedreira Paulo Leminski, ao lado de Nando Reis, Frejat, Humberto Gessinger, Paralamas do Sucesso e Capital Inicial. Confira um vídeo do show, uma entrevista exclusiva com o vocalista Rogério Flausino e veja também o nosso álbum de fotos.
Parabéns Flausino, obrigado por proporcionar um show fantástico.,