Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Camila Kovalczyk
Estrela Leminski e Téo Ruiz carregam a música no sangue e na alma, pois vivem a arte intensamente. Estrela é filha de Paulo Leminski e Alice Ruiz, mas se engana quem pensa que ela e Téo vivem dos louros da obra fantástica dos dois lendários poetas curitibanos.
Nessa quinta-feira (17), Estrela e Téo fizeram uma apresentação acústica na Caixa Cultural, parte da programação da 36ª edição da Oficina de Música de Curitiba. No show, os dois mostraram um pouco da trajetória artística que começou em 2004 e continua em evolução.
O show começou com “Tristeza não”, “Quase feliz” e “Gostável”. O repertório foi composto por canções dos três trabalhos lançados pela dupla até hoje, “São Sons” (2011), “Leminskanções” (2014) e “Tudo Que Não Quero Falar Sobre Amor” (2017), e por parcerias da família Leminski/Ruiz com artistas como Itamar Assumpção. “Vocês verão um grande show de nepotismo”, brincou Estrela no início da apresentação.
Um projeto artístico com várias frentes
“Tudo Que Não Quero Falar Sobre Amor”, aliás, tem uma história curiosa e inusitada. Afinal, o álbum teve sete produtores (entre eles o guitarrista e vocalista do Pato Fu, John Ulhoa, e o ex-baterista da Nação Zumbi, Pupillo. Além disso, o CD foi gravado em quatro cidades diferentes e gerou 12 clipes (uma para cada faixa), criados por 13 produtores distintos! Ou seja, mesmice não é uma palavra que faz parte do trabalho de Estrela e Téo.
Como o show foi acústico, com as canções despidas de tecnologia, o foco naturalmente acaba se voltando para as letras. Dentro dessa perspectiva, alguns dos momentos mais marcantes da apresentação foram “Só mais sim”, que contou com a participação da plateia, e “Poliamor”. O setlist ainda contou com “Hoje tá tão bonito”, “Dicionário” e “Quirera”, entre outras canções.
Ver um show de Estrela e Téo é mergulhar em um universo que envolve letristas essenciais na música brasileira. Em um país no qual a língua portuguesa e a importância do texto na música vêm sendo deixados cada vez mais de lado, o trabalho dos dois gera uma reflexão mais do que necessária: a de que é possível fazer música sem deixar de lado a qualidade do texto.
Entre esses compositores essenciais e, por isso mesmo, marginais dentro da música brasileira, o paulista Itamar Assumpção ocupa um lugar de destaque. Afinal, o “Nego Dito”, como era carinhosamente chamado, nunca pertenceu ao mainstream e fez questão de deixar isso bem claro ao longo da carreira.
Relembrando a obra de Itamar, Estrela e Téo fecharam o show com o clássico underground “Dor elegante”, do álbum “Pretobrás” (1998). “Ópios, edens, analgésicos não me toquem nessa dor. Ela é tudo o que me sobra. Sofrer vai ser a minha última obra”, cantava Itamar na canção que, originalmente, contou com a participação da cantora e compositora Zélia Duncan.
Assista ao vídeo da música “Poliamor”, gravada ao vivo na apresentação na Caixa Cultural, e veja também uma entrevista com Téo Ruiz.
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