Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
O público curitibano lotou o Teatro Guaíra para reviver os 37 anos de história de uma das bandas mais importantes do país
Vivemos em um país no qual não valorizar a cultura é praticamente uma regra. Na música, por exemplo, muitas bandas que construíram as bases para o cenário musical do Brasil são pouco reconhecidas ou, até mesmo, esquecidas.
No início dos anos 1980, ao lado de um grupo pioneiro de bandas, o trio carioca Os Paralamas do Sucesso mostrou ao show business brasileiro que o Rock nacional era viável. A partir dali, uma enxurrada de artistas surgiu em todos os cantos do país e o Rock deu os primeiros passos para se tornar a menina dos olhos do mercado fonográfico brasileiro.
Nesse sábado (27), os Paralamas se apresentaram no Teatro Guaíra, em Curitiba, e passaram a limpo os 37 anos de trajetória do grupo. Com o Guaíra lotado, Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria), reforçados pelos fiéis escudeiros João Fera (teclados), Bidu Cordeiro (trombone) e Monteiro Júnior (sax), abriram o show com “Sinais do sim”, “Meu erro” e “Alagados”.
O show ainda faz parte da turnê do álbum “Sinais do Sim” (2017), mas a banda também incluiu vários clássicos no setlist. Entre eles, a belíssima “Lanterna dos afogados”, “Perplexo”, “Cuide bem do seu amor” e “Ska”, uma das melhores composições da carreira do grupo.
Em “Caleidoscópio”, Herbert explicou que a música foi criada com a intenção de ser um Blues. No solo, o guitarrista usou frases curtas e carregadas de vibrato, em uma clara referência a B. B. King.
Entrosamento e criatividade
É impossível não ficar impressionado com a qualidade técnica e rítmica de João Barone. A variedade de estilos musicais que ele consegue reunir nas músicas do grupo, com uma criatividade incrível, chama muito a atenção.
Some a isso a cadência melódica de Bi Ribeiro e você terá uma das melhores cozinhas do mundo quando se fala de Reggae/Ska/Dub.
Em “Você”, o telão exibiu imagens de pessoas que foram importantes na carreira dos Paralamas, entre elas, a do cantor Tim Maia e a da “vó Ondina” (avó de Bi Ribeiro que “cedia” a casa na qual a banda fez os primeiros ensaios).
Para os fãs mais conectados com a temática do grupo, algumas músicas que foram compostas há muito tempo continuam apresentando um forte significado. É o caso de “Selvagem” e “O beco”, que abordam os problemas sociais do Brasil de uma maneira poética, mas incisiva.
Após “Vital e sua moto”, a banda saiu rapidamente do palco. Na volta para o bis, o grupo tocou a instrumental “Vulcão”, “Pólvora”, “Manguetown” (Chico Science), “Dos margaritas” e “Trac trac”, encerrando a apresentação com “Óculos”.
Quase quatro décadas depois, os Paralamas continuam produzindo material novo e atraindo multidões aos shows por todo o Brasil. Essa é uma grande prova de que as sementes que a banda plantou no início dos anos 1980, e que resultaram na criação da fantástica segunda geração do Rock brasileiro, continuam dando frutos.
Confira o vídeo da música “Alagados”, gravada ao vivo no show dos Paralamas do Sucesso no Teatro Guaíra e veja também o nosso álbum de fotos.
<
Deixar um comentário