Texto: Marcos Anubis
Fotos: Arquivo Electric Heaven
No grande boom de bandas que surgiram em Curitiba do final dos anos 1980 até a metade dos anos 1990, algumas tiveram um período curto de vida, mas fizeram história. Nessa lista está o quarteto Electric Heaven, que se apresenta no dia 4 de outubro (sexta-feira) no Jokers, ao lado do Pin Ups e do Tods.
Junior Oliveira (baixo e vocal), Eliseu Pereira (guitarra), Mauricio Carlacoski (baixo) e Luciano Romanichen (bateria) montaram o Electric Heaven em 1991. As influências, na linha do que boa parte da cena curitibana absorvia na época, vinham do Guitar, do Shoegaze e do Indie Rock que era produzido no Reino Unido naquele período.
A banda permaneceu na ativa até 1994 e, nesses quatro anos, o trio lançou apenas a demo “Flesh and Blood” (1994). “Infelizmente, era muito caro gravar algo naquela época, ainda mais para jovens desempregados”, relembra Junior.
Nos 23 anos de inatividade do Electric Heaven, os integrantes do grupo fizeram parte de alguns projetos. Junior, por exemplo, tocou no Plastic Fish, no Lasttape e no April Seven. Já Mauricio Carlacoski fez parte do Super Cross, do Plastic Fish e do The Dirties.
Porém, a intenção de reviver o Electric Heaven continuava viva. “A ideia de voltar com a banda sempre vinha à tona, até que ela ganhou força. Eu, meu eterno amigo Mauricio e o experiente baterista Alessandro Santiago (ex-dono do bar Camorra), voltamos a compor para o EH em 2017. Na sequência, o Rodrigo (Paia) do Tods se juntou a trupe em alguns shows”, conta. Pouco depois, o baixista Daniel Sasaki foi chamado para fechar a formação do grupo.
A formação atual do Electric Heaven tem Junior Oliveira (guitarra e vocal), Mauricio Carlacoski (guitarra), Daniel Sasaki (baixo) e Alessandro Santiago (bateria). No momento, o grupo está trabalhando no primeiro álbum full length, que ainda não tem nome e será lançado em 2020. Duas faixas já foram disponibilizadas nas plataformas digitais: “Lunar fever”, excelente composição que retrata muito bem o som do Electric Heaven, e “Flaming head”, que também ganhou um clipe feito pelo produtor catarinense Marko Martins.
A ascensão da cena curitibana
Entre 1988 e 1995, por causa de uma conjunção de motivos, Curitiba viveu um período único de fortalecimento da cena musical. “Foram vários os fatores envolvidos para que aquela cena acontecesse. Na época, tivemos na cidade uma rádio chamada Estação Primeira. Em uma era pré-internet, ela trouxe para aquela geração muitas informações sobre o que estava acontecendo no mundo da cultura alternativa e isto foi muito impactante. Para um cara de 16 anos, imagine o que era ligar o rádio e ouvir pela primeira vez um The Clash, um Joy Division ou um Sonic Youth! Foi revolucionário!”, analisa.
O próprio clima da capital paranaense e as características da sociedade curitibana são citados como motivos que influenciaram no surgimento de tantas bandas naquele momento. “Curitiba tinha todo um cenário propício para o Rock: era urbana, cinzenta, chuvosa e com um bando jovens entediados. Daí, para descobrir que tocar uma guitarra e formar uma banda era algo fantástico, foi um pulo. Porém, o mais importante eram as pessoas envolvidas. Foi uma geração de pessoas incríveis e talentosas que, quis o destino, estivessem reunidas na mesma cidade, na mesma época e contexto. Grandes cenas culturais sempre têm grandes figuras envolvidas”, complementa.
Naquele período de ouro, praticamente todas as bandas autorais curitibanas fizeram ao menos um grande show que ficou marcado de alguma maneira. No caso do Electric Heaven, Junior relembra que o habitat natural do grupo sempre foi o underground.
Por nisso, os shows mais marcantes da banda aconteceram em bares que tinham esse ambiente. “O período que existimos como banda antecede a época de palcos com estrutura, som de primeira e cachê. Tocávamos em porões e em cima de mesas de sinuca em troca de espaço e algumas cervejas (risos). Nossos melhores shows foram no Lino’s, no TUC, no bar do Hermes (antigo Berlin), no Hole do ilustre Marcelinho. Nosso melhor show talvez tenha sido no festival Bandas Independentes de Garagem (B.I.G.) de 1992, no 92 Graus do eterno agitador cultural J.R. Ferreira”, diz.
No setlist do show no Jokers, o grupo vai deve apresentar várias composições novas, justamente para mostrar que o Electric Heaven voltou para produzir e continuar a caminhada da banda. “Na real, tocamos poucas músicas do repertório antigo. Gosto de compor e sempre acho que a melhor música é a que foi feita por último, por isto estamos sempre compondo. Foi difícil escolher só 12 músicas para o show”, conta.
A apresentação, inclusive, será um momento de reencontrar duas bandas que faziam parte da mesma cena na qual o Electric Heaven estava inserido. “Eu sou muito fã e já tomei muito porre ouvindo Tods e Pin Ups! É realmente genial dividir o palco com esses caras. Tem toda uma nostalgia envolvida e tem tudo pra ser uma noite memorável”, finaliza Junior.
Serviço
Os ingressos para os shows do Pin Ups, do Tods e do Electric Heaven no Jokers, que acontece no dia 4 de outubro (sexta-feira), podem ser adquiridos no site Sympla (onde existe a cobrança da taxa de serviço da empresa no valor de R$ 2,50).
Os bilhetes também podem ser comprados no Jokers Pub, na Sonic Discos da Rua 24 Horas (Rua Comendador Araújo, 143, loja 14, Centro), e nas lojas Lucky dos shoppings Estação, Palladium, Ventura, Jockey, Plaza, Cidade, Polloshop e Portão.
As apresentações começam às 21h. O Jokers fica na Rua São Francisco, 164, no Centro.
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