Texto e foto: Marcos Anubis
Curitiba recebeu na última sexta-feira (12) um dos criadores do que hoje é chamado rock and roll. O show de Chuck Berry no Teatro Positivo provocou emoções bem distintas no público presente.
Chuck entrou no palco ao som de “Roll Over Beethoven”, um de seus maiores clássicos. A recepção foi digna do tamanho do artista na história da música mundial. Com o teatro lotado, as 2.400 pessoas presentes, capacidade total do local, se levantaram e aplaudiram efusivamente.
Entretanto, já nos primeiros acordes foi possível perceber que algo não estava certo. A princípio parecia ser a afinação da guitarra ou uma má equalização do som. A música foi tocada em um ritmo bem mais lento do que a original e esse formato se repetiria em todas as canções do show. Aos poucos o público foi notando o que estava acontecendo. O músico não conseguia acertar o tom das músicas na guitarra. Charles Berry Jr, filho de Chuck e guitarrista da banda, tentou, por várias vezes, mostrar a maneira correta de tocar, mas ele não conseguia “entrar” nas músicas.
Aos 86 anos, Chuck mostrou estar visivelmente debilitado. Sua filha, Ingrid Darlin Berry-Clay, que toca harmônica e canta, participou ativamente da apresentação. Em todos os momentos em que o pai não conseguia cantar ou tocar, ela entrava no palco e “segurava” o espetáculo com uma voz poderosa e solos de gaita. Após “Johnny B. Goode”, talvez o seu maior clássico, tocado ainda na primeira meia hora do show, o músico, praticamente, não tocou e nem cantou mais. A apresentação virou uma grande jam session com longos improvisos.
Respeito
Apesar de todos os imprevistos, o público que compareceu ao Teatro Positivo deu uma demonstração de como se deve tratar um ídolo. Em nenhum momento os fãs vaiaram o músico. O que se ouvia eram palmas para qualquer movimento que Chuck fazia no palco, como quando brincou ao levar um choque do microfone ou quando tentava se comunicar. Chuck agradeceu e repetiu duas vezes durante a apresentação, “eu voltarei”.
Se esta foi, realmente, a última turnê do músico americano, ele recebeu em Curitiba todo o respeito e admiração que fez por merecer em seus mais de 60 anos de carreira. Afinal, se hoje um garoto de 14 anos se apaixona por alguma banda ou procura aprender a tocar algum instrumento, um dos grandes responsáveis por isso será sempre Chuck Berry.
Confira a entrada de Chuck Berry no palco ao som de “Roll Over Beethoven”.
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