Texto: Marcos Anubis
Fotos: Divulgação
Os trabalhos apresentam uma união sutil de MPB, poesia e Rock’n’roll
Letras que abordam a preocupação com a questão social. Essa é a maior característica do trabalho do músico, cantor e compositor Guego Favetti. “Sempre procurei levar ao público um repertório de canções consagradas ou não, que provoquem alguma reflexão do ponto de vista humano e social. Uma coisa que me interessa muito é misturar as linguagens e temáticas, desde que se mantenha essa linha de pensamento”, explica Guego.
No dia 4 de junho, para escrever mais um capítulo em uma história musical que já passa dos 50 anos de duração, Guego lançou o álbum “Autorretrato”.
O novo trabalho foi gravado no estúdio Gramofone, em Curitiba, e é composto por dez músicas, sendo quatro inéditas.
Parcerias que vão além da música
Duas canções do álbum contam com a participação dos irmãos Vlad (violão e vocal) e Dora Urban (vocal), que são integrantes da banda curitibana Partigianos.
A primeira música é “Auto-retrato” que, no CD, foi escrita com uma grafia diferente. A composição nasceu de maneira bem inusitada. “O Aldo Zarbin, que é um dos meus parceiros, me mandou essa canção e perguntou se eu poderia musicá-la. Nessa fase da minha jornada, eu estava meio arredio e refratário para compor. Em consideração à nossa amizade e pela admiração que tenho por ele, eu me debrucei sobre a letra e fiz um esboço da melodia de uma vez só. Então, enviei ao Aldo e ele gostou, dizendo que estava no caminho certo. Confesso que a força da letra me arrebatou e impressiona até hoje. Depois, coletivamente, pensamos em somar força à canção convidando os Partigianos e o resultado ficou mais intenso do que eu imaginava”, diz Guego.
“Auto-retrato” foi gravada em duas versões, sendo uma acústica e outra com a participação dos Partigianos. O arranjo é uma parceria entre Guego e Vlad Urban.
A outra faixa que contou com a participação da dupla dos Partigianos é “Eu quero que esse canto” e retrata bem a união da MPB de Guego com a pegada mais Rock’n’roll do grupo curitibano. “Eles deram uma amplitude maior ao teor da letra, que denuncia as injustiças do campo, reivindica e se afirma como um grito de esperança e resistência dos assentamentos e movimentos em favor de quem precisa da terra para plantar”, diz Guego.
Nessa parceria musical, a diversidade de influências e visões artísticas fez toda a diferença no resultado final da canção. “Dentro dos Partigianos, nós temos muitas influências e confluências que ajudaram a montar a identidade da banda. Por isso, unir essa mistura com a MPB pura e trabalhada do Guego foi muito legal! E o mais bonito foi que construímos um discurso musical, no qual, mais do que as linguagens, a mensagem teve muita importância”, explica Dora Urban.
As outras duas parcerias do álbum são “Sob proteção” (com Cesar Matoso), e “Viola do meu coração” (com Gilberto Ferreira). O CD também conta com as participações dos músicos André Ribas, Luciano Pasinatto, Julião Boêmio, Márcio Rosa, Cesar Matoso, Alvaro Ramos e Vitor Pinheiro.
As seis canções que completam o álbum retratam bem as influências de Guego, que são baseadas principalmente na mais pura MPB. “Elas mostram a minha trajetória musical. Sempre cantei Sambas, Toadas, Bossa Nova e ritmos brasileiros em geral. As músicas refletem essas mais de três décadas cantando e compondo temas bem diversos, desde que sempre observando o sentimento, justiça, alegria, força e humanidade!”, explica Guego.
A produção musical de “Autorretrato” é de Alvaro Ramos, com arranjos do próprio Alvaro, de Julião Boêmio, Vitor Pinheiro e Vladimir Urban. A produção executiva é de Antonio Carlos Domingues.
O álbum está disponível nas principais plataformas de música digital e foi viabilizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Ministério do Turismo.
“Vou Sonhar Pra Você Ver”
Além do álbum “Autorretrato”, no dia 9 de julho, Guego e Dora Urban também lançaram o CD “Vou Sonhar Pra Você Ver”.
O trabalho é composto por oito músicas, sendo sete de domínio público e uma composição de Guego. As canções foram gravadas no estúdio Ad Libitum, com produção de Gilberto Zanelatto.
Na estrutura das músicas, a dupla explora bastante a construção de harmonias vocais, arte que é uma das paixões de Dora Urban.
Essa parceria surgiu em 2005, mas os dois já se conheciam superficialmente por causa das relações familiares (Guego é muito amigo do tio de Dora, Toni Urban).
Porém, o contato mais direto aconteceu quando a cantora foi assistir a um show do Trio DFavetti (formado pelos irmãos Tita, Titi e Guego) no Teatro Mambembe, em Curitiba. “Depois da apresentação, eu fui conversar com eles para pedir que explicassem como faziam aquelas harmonias. Para minha surpresa, eles disseram que não sabiam e contaram que sempre cantaram assim, de maneira bem natural, na família deles”, conta Dora.
Na mesma época, os três irmãos estavam trabalhando no álbum “Arretirança” (2005) e, percebendo o interesse de Dora, eles convidaram a cantora para assistir a um ensaio do trio.
Na sequência, a cantora também foi convidada para participar da parte de canto e técnica vocal do álbum. “Eu fiquei impressionada! É muito difícil criar arranjos de bom gosto da MPB, mesmo que seja só para três vozes!”, diz Dora.
Todo esse envolvimento artístico acabou se fortalecendo nos anos seguintes até chegar ao CD “Vou Sonhar Pra Você Ver”, que é um registro de todas as experiências vividas pelos quatro cantores nos últimos 18 anos.
O álbum está disponível nas principais plataformas de música digital.
Uma vida dedicada a música
Guego Favetti é natural da cidade de Paim Filho, no interior do Rio Grande do Sul, e se mudou para Pato Branco em 1965. A vinda a Curitiba aconteceu em 1975 e, a partir desse momento, Guego começou um profundo mergulho no mundo da MPB.
Ao todo, Guego já tem mais de 40 anos de trajetória artística como intérprete na noite curitibana, tanto de maneira solo quanto ao lado dos irmãos Tita e Titi no Trio DFavetti.
Nessas quatro décadas, Guego lançou os CDs “Noites Curitibanas” (1998), “Arretirança” (2005), “Branco” (2007), “Degrau do Tempo” (2011), que também foi lançado em DVD com a gravação do show de lançamento realizado no Teatro da Caixa, e “O Troco de Taiguara” (2017).
Além dos dois lançamentos, para se manter ativo musicalmente durante o isolamento, Guego já fez mais de 140 lives desde o início da pandemia. “É a forma que encontrei para resistir a esses tempos tão difíceis e também contribuir, por meio da minha música, para amenizar um pouco a dor das pessoas”, finaliza Guego.
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