O grupo carioca se apresenta neste sábado na Pedreira Paulo Leminski
Evandro Mesquita é uma figura presente em vários segmentos da cena cultural brasileira. Afinal, desde os anos 1970, o versátil artista carioca navega pelo teatro, cinema, TV e música com o mesmo talento e maestria.
Um dos grandes projetos de Evandro é a banda Blitz, que se apresenta neste sábado (26), na Pedreira Paulo Leminski. O show faz parte da programação do festival Prime Rock Brasil, que está de volta após dois anos de paralização por causa da fase mais pesada da pandemia.
Criado em 2018 pela produtora curitibana Prime, o Prime Rock Brasil é uma grande prova de valorização, mais do que necessária, da geração de bandas que colocou o Rock brasileiro no mapa das rádios e TVs do país nos anos 1980. “É muito bom receber essas homenagens. A Blitz sempre foi e será uma referência fundamental como a banda que arrombou as portas para a música contemporânea brasileira!”, afirma Evandro Mesquita.
A 3ª edição do Prime Rock Brasil em Curitiba também contará com shows de Paula Toller, Nando Reis, Humberto Gessinger, Titãs, Capital Inicial, Jota Quest e Colomy.
Música e diversão
A Blitz surgiu no Rio de Janeiro em 1982, em uma cena que foi fomentada incrivelmente pelo mítico espaço cultural Circo Voador.
O local nasceu a partir de uma ideia do grupo de teatro Asdrubal Trouxe o Trombone, do qual Evandro fazia parte ao lado de outros grandes artistas, entre eles, os atores Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé.
Hoje, o Circo é ainda mais cultuado porque, na realidade atual do Brasil e do mundo, esse tipo de local que abraça a arte sem pedir nada em troca está praticamente extinto. “Era um sonho do underground, algo que abrangesse todas as artes para dar voz a uma juventude marginalizada e sem espaço. Foi uma conquista maravilhosa e guerreira da maior importância para a cultura contemporânea”, conta.
A afirmação reflete bem a realidade porque, na esteira do que o Circo representou naquele início do Rock brasileiro, surgiram outros espaços essenciais em diversas cidades do país.
Um deles foi o 92 Graus, em Curitiba, que fez algo muito semelhante com as bandas da capital paranaense e está aberto até hoje sob o comando do produtor e músico J.R. Ferreira, uma das figuras centrais da cultura curitibana.
Leveza, alegria e o histórico show no Rock In Rio I
Desde o início, a sonoridade da Blitz sempre foi leve e despreocupada, no sentido de levar diversão ao público, em um reflexo da personalidade de cada um dos integrantes do grupo e do próprio povo carioca.
Até hoje, essa é talvez a maior marca do trabalho do grupo em relação aos contemporâneos da Blitz que também ainda continuam na ativa. “A gente sempre falou de coisas sérias sem ser óbvio ou panfletário. As nossas letras são crônicas musicais do cotidiano”, diz.
Essa aura festiva, aliada a reputação musical que a Blitz construiu desde os primeiros passos no Circo, fez com que a banda fosse convidada a fazer parte do lineup do primeiro Rock In Rio, um dos festivais mais conhecidos em toda a história da música.
O evento, realizado na Cidade do Rock, foi marcante não só para a banda, mas também para toda a geração de fãs de música no Brasil que nasceu nos anos 1970.
Afinal, o RIR marcou a abertura de uma porta para o mundo do Rock nacional e internacional e isso se reflete até hoje na vida dos artistas e de todos que vivenciaram aquele momento mágico. “Foi um golaço! A Blitz era a única banda brasileira que fazia shows em ginásios e estádios. Imagina! Tocar com Rod Stewart, Queen, Yes, Iron Maiden, Gil, Pepeu, Barão, Paralamas, James Taylor… Era o sonho se tornando real”, relembra.
Blitz 4.0
Em 2022, enriquecidos com toda essa bagagem conquistada com experiências muito distintas, a Blitz está completando 40 anos de estrada, o que é um fato raro de acontecer no mundo da música.
Porém, eles não navegaram sempre em um mar de rosas porque, nesse tempo todo, o grupo já passou por mudanças na formação e outros obstáculos que, normalmente, costumam encerrar a trajetória da maioria dos grupos.
Afinal, a ideia de que toda banda é um casamento se torna ainda mais real com a Blitz por um simples motivo: o grupo tinha sete integrantes na formação original (entre eles, o cantor Lobão, que tocava bateria, e a cantora Fernanda Abreu), o que torna essa longevidade ainda mais impressionante. “É sensacional resistir ao mais difícil teste, que é o do tempo! Eu tenho muito orgulho em ver que a nossa música continua emocionando não só a nossa geração, mas várias. É demais! O prazer de estar na estrada e a força da nossa música do passado e do presente mantém a chama acesa”, diz.
A versão atual da Blitz tem, além de Evandro, mais dois remanscentes daqueles tempos: o tecladista Billy Forghieri e o baterista Juba. Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo), Andréa Coutinho e Nicole Cyrne (backing vocals) completam a banda.
A Pedreira Paulo Leminski e a retomada do setor cultural
Nessas quatro décadas de vida, essa será a terceira vez que a Blitz se apresentará na Pedreira, que claramente tem um lugar especial no coração de Evandro. “É muito legal! Nós adoramos tocar em lugares com cenários naturais e ao ar livre. E ainda mais com o nome homenageando o querido e inesquecível poeta Paulo Leminski!”, elogia.
Além da oportunidade de estar em um dos mais tradicionais locais de shows da capital paranaense, as apresentações também terão um significado especial para todas as bandas e artistas que farão parte do evento.
Afinal, essa será a primeira edição do festival após os cancelamentos de 2020 e 2021, que vieram acompanhados pelos sofrimentos e privações que afetaram toda a sociedade brasileira durante a fase mais perigosa da pandemia. “Os shows têm sido emocionantes! Esse encontro oxigena palco e plateia! A arte salva! Ela fica viva em contato com a plateia que divide essas emoções com a gente”, diz.
Entretanto, apesar dessa alegria justificada, o show acontece em um momento no qual a quantidade de casos de Covid está subindo novamente em todo o Brasil, principalmente por causa da baixa procura pelas doses de reforço. “É fundamental ter a vacinação completa e seguir as recomendações da medicina e da ciência”, afirma.
As perdas irreparavéis e a necessidade de continuar
O mês de novembro está sendo muito triste para a música brasileira devido às mortes de Gal Costa e de Erasmo Carlos. Além disso, o genial Milton Nascimento tomou a decisão de não fazer mais shows.
Tudo isso causa um reflexo não só nos fãs, mas também nos artistas que perdem algumas das referências que nortearam o trabalho de cada um deles. “Foi um duro golpe para todo o Brasil! Eles são artistas maravilhosos que acompanharam toda a nossa vida. Sempre foram e serão referências fortíssimas de todo o país”, afirma.
No caso da Blitz, não existe nenhum desejo de parar. Muito pelo contrário, afinal, desde o início da pandemia, Evandro e Billy Forghieri se empenharam para começar a produzir nada menos do que cinco discos do grupo: “Blitz Super Novas” (de inéditas), “Lado Blitz – Volume 1 e 2” (músicas lado B), “Blitz Hitz” (usando a tecnologia atual) e “Blitz Nudosoutrus” (interpretações de músicas de outros compositores).
Com toda essa energia, que foi potencializada por causa das restrições de shows impostas pela pandemia, a Blitz pisará às 18h30 no palco do festival Prime Rock Brasil para se encontrar novamente com os fãs curitibanos, que sempre abraçaram a banda. “Amamos Curitiba! É uma cidade que tem ótimas bandas e músicos! Será demais esse show na Pedreira Leminski!”, finaliza Evandro Mesquita.
Confira todas as informações sobre o festival Prime Rock Brasil (valores dos ingressos, pontos de venda, horários dos shows) neste link.
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