A banda de Brasília brindou os fãs curitibanos com alguns dos maiores clássicos do Rock nacional

No Brasil, nas últimas quatro décadas, pouquíssimas bandas conseguiram retratar a realidade do país de maneira tão fiel, falando diretamente com os fãs sem perder a coerência em relação ao que sempre diziam defender.

Nessa lista, a Plebe Rude se destaca. Afinal, desde o início do grupo, nas ruas de Brasília no começo da década de 1980, os integrantes da banda mantêm um discurso coerente com os ideais pelos quais sempre lutaram com as armas que tinham, materializadas no Punk Rock e em boas letras.

Essa postura é ainda mais notável porque, na geração do Rock brasileiro dos anos 1980, não foram poucas as bandas que se perderam (ou fizeram questão de se perder) no caminho artístico, sem nenhum constrangimento, passando a defender ideias contra as quais esses grupos diziam se opor quando surgiram.

Nesse sábado (14), para celebrar esse legado, a Plebe Rude se apresentou no Cwb Hall, em Curitiba, na turnê de comemoração dos 40 anos do álbum “O Concreto Já Rachou” (1985).

O disco de estreia da Plebe é uma espécie de “New York” (1989), criado por Lou Reed como uma crônica urbana genial da cidade estadunidense.

No xará brasileiro, (que foi lançado quatro anos antes), a Plebe retrata a capital brasileira como uma cidade quase utópica, repleta de simbolismos que, na verdade, nunca saíram do papel e estão cada vez mais enferrujados devido às atitudes dos políticos que por lá habitam.

Com a casa praticamente lotada, Philippe Seabra (guitarra e vocal), Clemente Nascimento (guitarra e vocal), André X (baixo) e Marcelo Capucci (bateria) abriram o show com “Sua História”.

Em seguida, o grupo tocou “Anos de Luta”, uma canção que demonstra claramente a relevância da Plebe porque, mesmo após 44 anos de estrada, a banda conseguiu compor uma música que entra tranquilamente na lista das melhores que eles lançaram nessas quatro décadas.

No repertório, o quarteto incluiu músicas que fazem parte da vida de qualquer fã de Rock brasileiro, entre elas “A Ida”, faixa do álbum “Nunca Fomos Tão Brasileiros” (1987) que já fazia menção a questão ambiental, “Sexo e Karatê”, “Este Ano”, “Censura” (uma crítica feroz aos gatekeepers culturais do tempo da ditadura) e “Luzes”.

Cada uma dessas canções retrata um período ou um assunto que, para os jovens que estavam se apaixonando pelo Rock brasileiro, viraram uma verdadeira aula de história do Brasil.

Uma das surpresas do setlist foi “The Dead Heart”, canção da banda australiana Midnight Oil que serviu como base para Philippe cantar “Revoluções Por Minuto”, do RPM.

“Proteção” encerrou a primeira parte do show, com Philippe descendo do palco e indo para o meio do público.

Durante a música, o vocalista cantou a contundente “Selvagem”, dos Paralamas do Sucesso, e ainda convocou Clemente para tomar a frente do show e tocar “Pátria Amada”, dos Inocentes, um dos hinos do Punk nacional.

No final, o grupo se retirou rapidamente do palco. Na volta, o quarteto tocou “Brasília” e encerrou o show com o clássico “Até Quando Esperar”, que foi cantada do começo ao fim pelos fãs curitibanos.

Assistir a um show da Plebe Rude é uma constatação de que as bandas podem sobreviver nesse “bravo mundo novo” sendo reais, sem se entregar ao lugar-comum e muito menos embarcar nas ondas musicais ou ideológicas do momento.

Na verdade, a Plebe ratifica uma máxima que vale em qualquer segmento da vida e é o que mantém a conexão de um artista com o seu público: ou você é sincero no que faz, ou não é.

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