alice

DuVall e Cantrell reviveram a era de ouro do grunge (Foto – Reprodução Facebook Rock in Rio/Raul Aragão/I Hate Flash)

 

O Alice in Chains fez, na noite desta quinta-feira (19), uma das melhores apresentações do Rock in Rio, até agora. Marcada como um dos maiores representantes do movimento grunge, que assolou o mundo nos anos 1990, a qualidade musical da banda vai muito além das limitações do estilo.

Jerry Cantrell (guitarra e vocal), William DuVall (vocal e guitarra), Mike Inez (baixo) e Sean Kinney (bateria) iniciaram o show com “Them Bones”, que abre o álbum “Dirt”, de 1992. O riff pesadíssimo e os vocais divididos entre DuVall e Cantrell dão bem o tom do estilo das composições do Alice.

Os grandes destaques do setlist foram os clássicos eternos da banda, como “Down in a hole”, “We die young” e, principalmente, “Man in the box”, música do álbum de estreia do quarteto, “Facelift”, lançado em 1990 e que alavancou o grupo ao sucesso. Com sua base marcante e vocais em tom altíssimo criados por Staley, o hit fez a Cidade do Rock pular e cantar com DuVall.

“Hollow” e “Stone”, do recém lançado “The Devil Put Dinosaurs Here”, deram uma amostra de que o som do grupo continua mantendo a mesma essência do começo de sua carreira.

Na belíssima “Nutshell”, Cantrell apresentou a banda, em um dos poucos momentos de comunicação com o público. Em alguns deles, DuVall chegou a arriscar palavras em português.É muito bom estar de volta ao Brasil. E uma honra tocar no Rock in Rio”, disse. Em uma entrevista ao canal Multishow, após a apresentação, o cantor revelou que aprendeu as frases treinando com um amigo brasileiro. Em “Would?”, o vocalista elogiou o público: “os brasileiros são malucos, mas eu gosto disso”, brincou.

O grupo fechou o show com “Rooster”, do álbum “Dirt”. A música ganhou uma bela versão desplugada no especial que a banda fez para a série “Unplugged MTV”, em 1996.

 

O insubstituível Layne Staley

 

A “sombra” do ex-vocalista do Alice, Layne Staley, vítima de uma overdose de speedball, mistura de cocaína e heroína, em 5 de abril de 2002, nunca abandonará a banda. A criatividade do cantor para criar linhas melódicas com sua voz era impressionante e sua marca na concepção sonora do quarteto ainda é muito forte.

DuVall não é Layne Staley, obviamente, mas foi a melhor escolha que a banda poderia fazer para continuar a sua história. Os timbres de sua voz lembram o ex-vocalista, em muitos momentos, mas não de uma maneira forçada. A história, até hoje, não fez jus ao potencial do Alice in Chains. Se o Nirvana de Kurt Cobain levou os louros como o principal nome do grunge, o AIC era, e ainda é, a banda mais talentosa do movimento. Ficou nítido que o quarteto ainda tem muito o que criar com essa nova formação, e que sua trajetória ainda não acabou.