Texto e fotos: Marcos Anubis
A Relespública se apresentou na Ópera de Arame no último sábado (26), dentro do festival Estação Pedreira, que aconteceu no complexo da Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba. O show teve a participação especial de Nasi, vocalista do Ira!, que fez sua última apresentação solo antes da tão esperada reunião da banda, que volta aos palcos no próximo dia 17 na Virada Cultural de São Paulo.
A importância da Reles talvez passe despercebida para as novas gerações dominadas pala “indústria cultural”, os artistas de ocasião e a música descartável. A música curitibana sempre teve várias vertentes, do heavy metal à MPB, do jazz ao rap. E dentro desses estilos, alguns pilares são fundamentais porque construíram uma base sólida para o que é feito atualmente. Falar de rock and roll em Curitiba é falar da Relespública.
Por conta do show da atração principal do festival, (a banda carioca O Rappa que estava se apresentando no mesmo horário no palco principal da Pedreira), a Ópera de Arame não estava lotada. Mas o público que prestigiou o show dos curitibanos era composto por fãs que conheciam o trabalho de Fabio Elias (vocal e guitarra), Ricardo Bastos (baixo) e Emanuel Moon (bateria), e o respeito ao trio era evidente.
Um tema instrumental, “Boogie Top”, abriu o show, seguido por “Dê Uma Chance Pro Amor” . O som da Reles é cru e direto. Sem orquestrações ou grandes arranjos, a força e o peso que o grupo consegue com a trinca básica do rock and roll é impressionante. “Garoa e Solidão”, do álbum “Tudo Pode Mudar” (2005), por exemplo, tem qualidade suficiente para ser executada maciçamente nas grandes rádios do país. O problema é que os “critérios” que levam uma banda a se tornar popular no Brasil são obscuros. Em raríssimos casos a qualidade do grupo é o fator principal para que isso aconteça.
Durante o show, Fabio Elias revelou que a Reles está preparando um novo álbum que deve começar a ser gravado no próximo mês de julho. “Já estamos compondo, criando ideias, tomando porres e sofrendo para fazer música boa”, disse o vocalista antes de apresentar em primeira mão uma das canções desse novo trabalho, “Faça o que Quiser”.
A Ira! de Nasi
Na parte final do show, Nasi se juntou ao trio para cantar algumas músicas como “Boatos de Bar” da Reles, “A Fumaça é Melhor Que o Ar” de Edgard Scandurra, e “Blues do Assobio” dos Irmãos do Blues. Para deleite dos fãs, o vocalista presenteou o público com duas músicas emblemáticas na história do Ira! e do rock nacional: “Dias de Luta” e “Envelheço na Cidade”, do clássico segundo álbum da banda, “Vivendo e Não Aprendendo” (1986). Uma das coisas que mais chamou a atenção foi a química entre Nasi e a Relespública, o que se explica pela relação de amizade e parceria entre o vocalista e os curitibanos que vem desde a participação do cantor no disco “As Histórias São Iguais” (2003). O Cwb Live já publicou entrevistas com Edgard Scandurra e Nasi. Clique nos nomes para ler as matérias.
No bis, uma versão de “My Generation” do The Who encerrou o show. Na estrada há quase três décadas, a Reles teve um prêmio mais do que merecido com o convite para participar do primeiro festival nessa nova fase do complexo da Pedreira Paulo Leminski. Com a revelação de que a banda já trabalha em um novo álbum de inéditas, e pelo prazer que demonstraram no palco, é possível esperar que o trio continue a construir o seu legado. O rock curitibano ainda precisa, e muito, da Relespública.
Confira quatro músicas do show: “Garoa e Solidão”, “Dias de Luta”, “Envelheço na Cidade” e “Faça o que Quiser”.
Confira o clipe de “Para sempre” e aproveite para assinar o Cwb Live, pagando a quantia que você achar justa. É só clicar no link da plataforma Catarse que está abaixo (campanha “Eu Apoio o Cwb Live”).
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