Além de muito talento e simpatia, a vocalista fez questão de se posicionar em relação a assuntos chave na sociedade moderna 

Em 1994, quando foi convidada para assumir os vocais do Garbage, a cantora escocesa Shirley Manson não era conhecida no cenário internacional (ela fazia parte da banda Angelfish, de Edimburgo) e nem tinha a bagagem necessária para se impor diante do público ou da própria banda.

Entretanto, com muita persistência, carisma e dedicação, ela foi paulatinamente conquistando espaço.

Além da performance vocal, Shirley sempre se destacou pelos temas que aborda nas letras das músicas do Garbage, repletas de percepções pessoais, entre elas medos e angústias.

Hoje, Manson é reconhecida como uma das vozes mais importantes do cenário musical mundial, não só pelo trabalho com a banda, mas também devido a uma postura crítica em relação a diversas questões cruciais na sociedade moderna, mas sobre as quais poucos artistas têm coragem (ou vontade) de se posicionar.

Nesse domingo (23), na Ópera de Arame, em Curitiba, Shirley encantou o público com todos esses atributos que, infelizmente, estão em extinção dentro da música internacional.

Minimalismo no palco e preocupação com a produção nas músicas

Com a Ópera de Arame recebendo um grande público, Shirley Manson (vocal), Duke Erikson (guitarra, baixo, teclado), Steve Marker (guitarra, teclados), Nicole Fiorentino (baixo) e Butch Vig (bateria) pisaram no palco sem nenhuma apresentação mirabolante e iniciaram o show com “Queer”, “Fix Me Now” e “Empty”.

A abertura foi das bandas L7 e The Mönic (a nossa cobertura desses shows será publicada em seguida).

Aliás, o palco do Garbage impressionou o público por ser extremamente minimalista.

Somente um gigantesco backdrop com a imagem da capa do álbum “No Gods, No Masters” (2021) foi erguido atrás da bateria.

Os músicos do grupo não usam sequer amplificadores para as guitarras e o baixo, o que dá um ar clean à performance e joga o foco totalmente nos instrumentistas.

Esse, aliás, foi um dos shows mais bem equalizados que a Ópera já presenciou, devido à abordagem musical que o Garbage sempre teve desde o início da banda.

Nas músicas, cada nota é milimetricamente posicionada, com uma produção cuidadosa que tem principalmente a mão do baterista e produtor Butch Vig, o homem que transformou o álbum “Nevermind” (1991), do Nirvana, em um sucesso estratosférico, fazendo com que o Grunge se tornasse o último grande movimento cultural a causar um impacto real em todo o mundo.

Vig também produziu dois grandes álbuns que fazem parte da história da música: “Siamese Dream” (1993), do The Smashing Pumpkins, e “Dirty” (1992), do Sonic Youth.

Nas canções que o grupo incluiu no setlist, “Happy When It Rains” e “Stupid Girl”, duas faixas do álbum de estreia do Garbage, autointitulado, lançado em 1995, foram as que mais empolgaram os fãs.

Elas foram um grande sucesso em Curitiba porque fizeram parte da programação da rádio Estação Primeira, a lendária emissora que apresentou o Garbage e outras diversas bandas ao público da capital paranaense.

“I Think I’m Paranoid”, do segundo trabalho de estúdio da banda, “Version 2.0” (1998), também foi muito bem recebida.

Antes de “Cherry Lips (Go Baby, Go!)”, Manson fez um longo discurso sobre os ataques a comunidade LGBTQIA+ e sobre a insistente característica do Homo sapiens do século XXI de querer decidir o que as pessoas devem ou não fazer, usando como base os dogmas religiosos e a falácia da “moral e bons costumes”.

“Push It” encerrou a primeira parte da apresentação.

Na volta, sob os aplausos do público, Shirley elogiou a beleza da Ópera de Arame e disse que ficou nervosa com uma das características da arquitetura do local, que coloca o público bem perto do palco. “Eu consegui ver os sorrisos de cada um de vocês!”, disse emocionada antes de fechar o show com “When I Grow Up”.

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