Texto: Marcos Anubis
Fotos: Rafaela Zolnier

O disco é apenas um dos mais de 100 itens que fazem parte da coleção do curitibano Joel Zolnier




O Álbuns Clássicos de hoje traz o administrador Joel Zolnier falando sobre o álbum “Boy”, da banda irlandesa U2. O disco foi lançado em outubro de 1980 e teve a engenharia de som a cargo de Paul Thomas, com produção de Steve Lillywhite. “O álbum definitivamente colocou o U2 no caminho do estrelato. Suas letras, ora políticas, ora cristãs, mostraram imediatamente que a banda veio com a missão de protestar contra os desvios da humanidade e seus governantes”, analisa Joel.

A capa de “Boy” é uma foto do garoto Peter Rowen (que os integrantes do U2 apelidaram Peter Radar) com um ar inocente e puro. O menino era amigo dos músicos e frequentava os ensaios do quarteto.

Temendo uma repercussão negativa, a banda lançou o disco nos Estados Unidos com uma capa que mostrava apenas uma foto da banda. No terceiro disco do U2, “War”, Peter seria novamente mostrado na capa, desta vez com um ar raivoso. “Boy” foi lançado pela gravadora Island Records porque a CBS, que lançou os primeiros singles do grupo, não acreditou que a banda pudesse se tornar um sucesso.

Uma das características quem fizeram o som de Bono Vox (vocal), The Edge (guitarra), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen Jr. (bateria) soar tão original é a manutenção dessa formação, o que é um fato raro na história da música.




O acervo e a paixão pela banda

Joel tem 35 vinis, entre álbuns e singles, 52 CDs, 10 DVDs e três livros oficiais. “Tenho os 40 singles em sequência, inclusive, o raro “U2-Three”, primeiro single que eles lançaram, em 1979, ainda pela gravadora CBS”, conta.

A paixão de Joel pelo grupo começou na adolescência, em um sábado à tarde, quando ele estava com o rádio-relógio sintonizado na Rádio Caiobá e ouviu a versão ao vivo do clássico “Sunday bloody sunday”, do álbum “Under a Blood Red Sky” (1983).  “Quando começou a bateria, depois do breve discurso do Bono, não tive dúvidas de que aquela seria a minha banda preferida. Esperei o locutor falar o nome do grupo e, imediatamente, fui até ao Shopping Água Verde e comprei os seis discos que a loja tinha”, relembra. “Sunday bloody sunday” também fez com que Joel aprendesse a tocar bateria.

Por meio do U2, Joel conheceu outras bandas, não menos importantes na história do Rock, como o Joy Division, o Echo & The Bunnymen, o The Sisters of Mercy e o Bauhaus. os irlandeses também acabaram influenciando a formação pessoal de Joel. “O U2 me levou a ter a personalidade que tenho. Adoro dialogar, debater e expor ideias”, explica.

Simplicidade e energia

A sonoridade de “Boy” é única na carreira do U2. O disco une os harmônicos característicos do guitarrista The Edge, a bateria e o baixo quase primais de Larry e Adam e os vocais adolescentes de Bono.

O álbum traz um dos maiores sucessos da banda, presente nos shows do grupo até hoje. “É impossível falar do ‘Boy’ sem pensar em ‘I will follow’, o hino da banda. A religião está muito presente na letra dessa música. Indiretamente, eles falam em seguir ao Senhor, mesmo tentados a não fazê-lo”, diz Joel.

Outra música destacada por Joel é “Stories for boys”. A letra fala faz uma analogia sobre a forma com que a televisão e o rádio incitam a imaginação das pessoas, fazendo com que elas “aceitem” os heróis e vilões impostos pelos veículos de comunicação. “A música começa com um acorde marcante da guitarra de The Edge, característico de todo o álbum, seguido de uma bateria crescente e enérgica de Larry Mullen Jr. Nem todos sabem o Larry, além de fundador da banda, é também o líder, e não o Bono, como todos pensam”, afirma.

Depois de “Boy”, o U2 lançou mais 14 álbuns oficiais. Atualmente, o grupo é um dos poucos que ainda conseguem lotar estádios em turnês pelo mundo e manter o status de “supergrupo”, fato raro em cenário cada vez mais tomado pela música descartável. “O ‘Boy’ mostra toda a energia de garotos dos subúrbios de Dublin, que tinham muita coisa a dizer e situações para protestar em suas letras. É um disco com os recursos básicos de uma banda que se baseia em uma guitarra emblemática, um baixo muitas vezes conduzido (dando um preenchimento enérgico e levando todos a pular e dançar muito nos shows), e uma bateria cadenciada, simples e muito objetiva”, finaliza Joel.

Confira a versão ao vivo da canção “I will follow”, um dos clássicos do álbum “Boy”.

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