As duas bandas representam muito bem as transformações pelas quais a música independente passou nas últimas duas décadas
O Indie Rock, nos anos 1980/90, se restringia a um número limitado de bandas que faziam por merecer esse título.
Nessa lista, estavam Sonic Youth, The Jesus and Mary Chain, Suede, Ride, The Stone Roses, Cocteau Twins, Pixies e outros grupos que se tornaram conhecidos por causa do impacto que causaram no underground mundial.
Atualmente, o número de artistas que se enquadram nessa nomenclatura, merecendo ou não, é infinitamente maior, justamente por causa das mudanças que aconteceram nesse segmento.
No Século XXI, o termo Indie é bem mais abrangente porque as bandas têm um pé no underground, mas algumas também figuram claramente entre as estrelas do Pop mundial. Basicamente, elas caminham de maneira paralela entre a aura cult e o sucesso.
Nessa terça-feira (8), dois protagonistas desse Indie Rock moderno, os ingleses do Arctic Monkeys e os estadunidenses do Interpol, se apresentaram na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, diante de um grande público.
Arctic Monkeys
Já com a Pedreira praticamente lotada, Alex Turner (vocal e guitarra), Jamie Cook (guitarra), Nick O’Malley (baixo e backing vocals) e Matt Helders (bateria e backing vocals) abriram o show com “Sculptures of anything goes”.
A turnê do Arctic Monkeys faz parte da divulgação do mais recente álbum da banda, “The Car” (2022), o sétimo trabalho de estúdio do grupo.
Justamente por isso, no setlist do show, além da música que abriu a apresentação, o grupo incluiu mais três faixas do álbum: “Body paint”, There’d better be a mirrorball” e “The car”.
A iluminação do palco foi construída da maneira bem minimalista, pois somente em alguns momentos a luzes eram projetadas com uma tonalidade mais forte, normalmente, em vermelho ou verde.
Seguindo essa linha, o telão posicionado no fundo do palco também acompanhava a simplicidade da iluminação, mostrando imagens que ajudavam a compor esse cenário propositalmente minimalista.
Em “Arabella”, a banda incluiu um trecho do clássico riff de “War pigs”, do Black Sabbath.
Alex Turner
Durante o show, foi possível perceber com clareza o quanto o vocalista do Arctic Monkeys é absolutamente amado pelos fãs.
Porém, mesmo com essa conexão tão forte, Alex Turner se dirigiu poucas vezes ao público e de maneira bem rápida, se limitando a agradecer os aplausos.
No setlist da apresentação, a banda incluiu músicas de praticamente todas as fases do Arctic Monkeys, entre elas, “Cornerstone”, “Do I wanna know?”, “Snap out of It” e “Crying lightning”.
Depois de “505”, o grupo saiu rapidamente do palco e voltou para encerrar o show com “There’d better be a mirrorball”, “I bet you look good on the dancefloor” e o clássico “R U mine”.
Confira o vídeo da música “R U mine”, gravado ao vivo no show do Arctic Monkeys na Pedreira Paulo Leminski.
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Interpol
A abertura da noite coube ao trio estadunidense Interpol. Paul Banks (vocal, guitarra), Daniel Kessler (guitarra, vocais) e Sam Fogarino (bateria), acompanhados por Brandon Curtis (teclados) e Brad TRuax (baixo), iniciaram o show com a excelente “Untitled”.
Levando em conta os setlists dos dois shows, essa talvez seja a música que mais se enquadra no termo Indie que era usado nos anos 1980/90.
Isso acontece, principalmente, por causa da estrutura da música, que tem um riff bem ao estilo etéreo que era utilizado por várias bandas inglesas, entre elas, o Lush, o Loop e o My BLoody Valentine.
Os shows do Interpol na América do Sul fazem parte da turnê “The Other Side of Make-Believe”, título do álbum mais recente da banda, lançado neste ano.
Na parte visual da apresentação (que faz parte da turnê “The Other Side of Make-Believe”, título do álbum mais recente da banda, lançado neste ano) a iluminação do palco foi utilizada com muita discrição.
Em muitas ocasiões, inclusive, os integrantes da banda ficavam quase em uma penumbra, com as sombras se destacando entre eles.
Em “Evil”, por exemplo, o palco foi iluminado por luzes vermelhas e amarelas bem saturadas.
Introspecção
O vocalista Paul Banks pouco se comunicou com o público, utilizando-se da mesma postura adotada por Alex Turner.
Essa atitude se torna bem estranha em um show dessa magnitude, com tanto público, pois os os fãs esperam uma sinergia mais próxima e nem sempre isso acontece.
Essa introspecção, que era uma das maiores marcas das bandas do movimento Shoegaze nos anos 1980/90, realmente parece ter sido incorporada pelos grupos do novo Indie Rock a partir dos anos 2000.
Além da faixa-título, que abriu o show, a banda também incluiu mais três faixas do novo álbum: “Toni”, “Fables” e “Passenger”.
Entretanto, é claro que houve espaço para músicas de toda a trajetória do Interpol, entre elas, “The rover”, Rest my chemistry” e “Obstacle 1”.
“Slow hands” encerrou a apresentação e a banda saiu do palco muito aplaudida. Porém, mesmo com o carinho recebido do público, o grupo não voltou para fazer um bis.
Confira o vídeo da música “Untitled”, gravada ao vivo no show do Interpol na Pedreira Paulo Leminski.
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