Texto: Marcos Anubis
Fotos: Pri Oliveira

Neste sábado (26), o guitarrista do Ira! faz um show instrumental na versão curitibana do Festival BB Seguros de Blues e Jazz



Festival Rock na Estação, Ginásio do Círculo Militar, Curitiba, 1988… Como parte das comemorações dos dois anos de vida da saudosa rádio Estação Primeira, a emissora organizou um grande show que tinha como atrações as bandas Nenhum de Nós, Defalla, Blindagem, e Os Replicantes, além do duo Os Mulheres Negras.

Os paulistas do Ira! fechariam a noite. Na época Nasi (vocal), Edgard Scandurra (guitarra e vocal), Gaspa (baixo), e Andre Jung (bateria) já eram uma das grandes bandas do país por causa da trilogia “Mudança de Comportamento” (1985), “Vivendo e Não Aprendendo” (1986) e “Psicoacústica” (1988).

Porém, uma série de acontecimentos marcariam de maneira permanente tanto a história da banda quanto a conexão com os curitibanos. “Esse show foi incrível! Nós tínhamos outra apresentação, acho que era em Minas Gerais. Estava tudo certinho porque era uma esquema muito bacana e profissional, tinha um jatinho esperando a gente depois do show para levar todo mundo a Curitiba. Só que, de repente, sumiu a chave do carro no qual estavam os nossos equipamentos! Todo mundo ficou desesperado porque o tempo estava passando, as coisas estavam no porta-malas do veículo e a gente não conseguia abrir! O horário do show no Círculo já estava estourado e aí alguém conseguiu abrir! Então, nós voamos literalmente para Curitiba”, conta o guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra.

Só que os problemas não acabariam aí. “Chegamos bem atrasados no aeroporto e eu lembro que, nessa época, existiam muitas lombadas no caminho até o Centro da cidade e a gente tinha que passar devagar para não quebrar o carro! Sei lá, a cada 30 metros tinha uma lombada e isso fez com que a gente se atrasasse mais ainda! Nós chegamos no Círculo bem preocupados, achando que o público estaria vaiando! Porém, para a nossa surpresa, o ginásio estava lotado, com as pessoas sentadas e esperando a gente chegar”, complementa.

A partir desse momento, a ligação do Ira! com a capital paranaense se tornou indestrutível. “Ali começou uma história de amor entre o Ira! e Curitiba que nunca mais acabou! A partir desse show, nós voltamos muitas vezes e sempre foram shows memoráveis, inesquecíveis!, diz.



Scandurra instrumental

Neste sábado (26), às 19h, Scandurra escreverá mais um capítulo nessa extensa relação com a cidade de Curitiba. Desta vez, ele fará uma apresentação virtual na 6ª Edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz.

Obviamente, por causa da pandemia do novo coronavírus, as apresentações serão transmitidas por meio do canal do BB Seguros no YouTube e da página do projeto no Facebook.

Na edição curitibana do evento, que ainda será realizado posteriormente em outras cinco cidades brasileiras, o lineup será composto oito bandas e artistas.

As atrações internacionais são o virtuoso guitarrista Stanley Jordan e a cantora Thornetta Davis. Do Brasil, foram escalados o Dudu Lima Trio, o saxofonista Hélio Brandão (que será acompanhado pelo lendário percussionista Airto Moreira), e os grupos Bixiga 70 e O Bando – Tributo Eric Clapton. Os shows terão 50 minutos de duração e começam às 17h.

As apresentações também serão transmitidas em um telão montado no Planeta Drive In, na Pedreira Paulo Leminski, com entrada gratuita. Os ingressos (que são válidos para um carro com até quatro pessoas) podem ser reservados por meio deste link. As regras de segurança e saúde serão seguidas à risca para que as pessoas, dentro dos carros, possam curtir os shows com toda a segurança e conforto.

Todas as apresentações foram pré-gravadas, mas com a preocupação de criar uma atmosfera que se aproximasse da energia de um show ao vivo. “É uma maneira criativa de mostrar a nossa música para o público de um jeito mais intimista, de dentro das nossas casas, para que as pessoas acompanhem por meio da internet. É uma coisa nova, mas é prazeroso. Eu já fiz algumas lives e não deixo de sentir que estou me apresentando para alguém. Você não tem o aplauso e o contato com as pessoas, mas existe uma responsabilidade, um nervosismo e uma tensão até próxima dos shows. O calor humano faz muita falta, mas no momento pelo qual nós estamos passando, eu acho que é uma saída inteligente e criativa. Foi muito gostoso gravar o show para esse projeto”, avalia.

Cada artista teve a liberdade para escolher a melhor maneira de gravar o shows. No caso de Scandurra, o cenário foi a própria casa do músico paulista.

O show será muito diferente do que o público que acompanha o trabalho de Edgard Scandurra está acostumado. Afinal, as músicas serão apresentadas de maneira instrumental. No repertório, certamente estarão as músicas do Ira! e dos projetos solo de Edgard.

Na apresentação, o guitarrista do Ira! também aproveitará para mostrar o Thomas organ, que vem sendo o novo “xodó” do arsenal de instrumentos que Edgard possui.

Scandurra se apaixonou pelo som do Thomas Organ durante a gravação do mais recente álbum do Ira!, que foi lançado em junho.

A partir dali, o guitarrista fez uma pesquisa para descobrir se existia algum exemplar à venda no Brasil. “Eu encontrei no litoral do Rio Grande do Sul, não lembro o nome da cidade. Estava com um preço muito barato e eu até desconfiei, aí fui descobrir que era porque ele estava quebrado. Só umas duas teclas estavam funcionando”, conta.

Mesmo assim, Scandurra resolveu comprar e restaurar o instrumento. “Eu paguei mais caro pelo transporte até São Paulo do que pelo próprio instrumento. Ele pesa uns 90 kilos! Então, eu levei para um técnico aqui em São Paulo, especializado órgãos, que ficou uns seis meses trabalhando nele para descobrir como funcionava. Até que ele acabou desvendando qual era o esquema elétrico do órgão e consertou!”, diz.

O Thomas organ é muito semelhante a um órgão Hammond e tem uma sonoridade impressionante. “Ele tem um som lindo! Tem até uma bateria eletrônica, que eu amo, com um som meio de ‘churrascaria’. Eu venho combinando algumas coisas com a guitarra, com os ritmos. Ele tem até um baixo que você pode tocar com os pés nos pedais”, revela.



Parcerias

Scandurra é um dos músicos e compositores mais inquietos do país. Além do trabalho com o Ira!, ele já participou de diversos outros projetos, entre eles, os lendários Smack e Mercenárias.

Na trajetória do músico paulista, esses relacionamentos musicais são essenciais. “Isso é vital! Eu descobri isso com as cabeçadas que a gente dá na vida, principalmente nas relações amorosas e na família. Nesse período de pandemia, no qual a gente fica mais sozinho, eu descobri que a música é o que eu sei fazer bem na vida e ela é muito importante para mim! O contato social que ela proporciona com as parcerias, ensaios e encontros para preparar as músicas, em todo esse processo que existe quando você compõe uma música e divide essa criação com alguém, isso é muito importante na minha vida!”, afirma.

Edgard também fez parte da banda do ex-Titãs Arnaldo Antunes e mantém o projeto Pequeno Cidadão, criado em 2008 em parceria com a ex-vocalista da Gang 90, Taciana Barros, e com o produtor e multi-instrumentista Antonio Pinto.

Essa diversidade de relações musicais é essencial para manter a criatividade do trabalho de Scandurra. “Eu sou muito grato a todas as parcerias que eu tive! O meu período com o Smack foi mágico! Já com as Mercenárias, tocando bateria, foi um momento no qual eu me sentia muito livre para compor com aquelas meninas tão loucas que fazem um som tão incrível! Com o Ira! também porque são praticamente irmãos nessa convivência de quase 40 anos. Igualmente com o Arnaldo Antunes, que é outro irmão, um cara muito criativo que tem uma velocidade na palavra até maior do que a minha na música, na criação. Todas essas parcerias são muito importantes para mim e até o meu último dia na Terra eu estarei compondo, fazendo alguma música, com alguma parceria. Esse é o meu oxigênio”, complementa.

Scandurra está prestes a adicionar mais uma parceria nessa lista, mas desta vez ela é bem inusitada. Na semana passada, a jornalista Marília Gabriela elogiou alguns trechos das músicas que Edgard gravou no Thomas organ e postou no Instagram.

Na sequência, o guitarrista resolveu agradecer diretamente e, nesse contato, acabou surgindo a possibilidade de uma parceria. “Ela é uma pessoa com grande popularidade, quase uma unanimidade, muito querida e importante na história da comunicação no Brasil. Durante a conversa, a Gabi me mandou um link de um disco que ela gravou há muito tempo, com uma voz que é um absurdo, muito bonita! Não é a toa que ela tem aquela voz como apresentadora. Aí, sugeri que a gente fizesse uma música: ‘fazemos um som bem louco, um Blues, uma música lenta pra você cantar bem a vontade, com um solo de guitarra legal!’. Ela amou a ideia, me mandou uma letra e eu estou trabalhando em cima disso. Vamos ver quando será possível ir a um estúdio para gravar. Depois, a gente também se encontrou e ficamos conversando durante horas. Descobrimos que temos uma sintonia incrível. Eu fiquei muito feliz!”, revela.



Criatividade em alta

Desde o início quarentena, Scandurra já compôs aproximadamente 18 canções e algumas serão apresentadas em primeira mão no show de sábado. “Eu fiz muitas músicas no violão e na guitarra! Uma das minhas características como guitarrista é o improviso e eu levei um pouco disso para essa apresentação”, diz.

Algumas dessas novas composições devem ser lançadas em outubro, em um novo trabalho chamado “Jogo das Semelhanças”. A primeira será o single “Contém”.

Na tracklist desse novo projeto, três músicas foram gravadas no Thomas organ. “São canções que eu gravei e postei no IGTV, do Instagram. Eu gravei no microfone do meu celular, então, tem um som bem peculiar, não tem aquela qualidade impecável, mas tem a vantagem de ser extremamente original.”, complementa.

O álbum completo deve ser disponibilizado nas plataformas de música digital no final do mês de outubro.



Quatro décadas de Ira!

Em julho, o Ira! lançou o álbum. Batizado de “Ira”, sem o ponto de exclamação, esse foi o primeiro trabalho de inéditas do grupo desde o CD “Invisível DJ” (2007).

O álbum também marcou o reencontro fonográfico de Edgard com o velho companheiro Nasi. “Esse disco foi muito importante. Nosso último trabalho foi gravado em 2006 e lançado em 2007, quando a banda terminou. Nós estávamos há 13 anos sem entrar em um estúdio. Voltamos em 2014, mas fazendo releituras dos sucessos da banda, então, existia uma expectativa do público em relação a um novo trabalho com o Johnny Boy no baixo e o Evaristo de Pádua na bateria”, explica.

O álbum começou a ser trabalhado no final de 2018 e revela uma face diferente do Ira!. “É um disco muito maduro e nós conseguimos tirar um som como o que a gente faz ao vivo. Às vezes, você tem uma diferença muito grande do som do estúdio para o do show. Principalmente no caso do Ira! porque nós usamos outros elementos no estúdio, como teclados, timbres diferentes e dobras de guitarra. Nos shows, nós somos um power trio, então, a coisa fica um pouco mais seca e simples. O álbum tem um som que nós vamos conseguir reproduzir ao vivo e eu acho isso bem legal”, diz.

O álbum também se tornou especial para a banda porque aborda temas mais profundos. “É um disco de pessoas mais maduras. Todos nós já temos mais de 50 anos de idade e transportamos essa história de vida para as nossas músicas. O momento político também é uma coisa que bate na gente em cheio, o risco que as minorias estão correndo com essa onda conservadora”, explica.

Nessa linha, as canções retratam vários assuntos que fazem parte do universo pessoal de Nasi e Scandurra. “Nós falamos do ativismo, da mulher. O CD tem músicas mais de protesto e outras que falam de amor, mas sempre de um ponto de vista de uma pessoa que já viveu muitas experiências. Esse disco mostra o nosso amadurecimento como artistas e pessoas, ao contrário de outros do Ira! que passavam um ideia de ‘juventude eterna’, como se a gente sempre fosse uma molecada tocando”, analisa.

O único senão diz respeito ao momento de paralização dos shows em todo o mundo por causa da pandemia. “É uma pena. Isso deu uma ofuscada porque a gente tinha o projeto de fazer shows no Brasil inteiro. Nós acreditamos muito no poder da música ao vivo, tanto que esse disco tem músicas com sete minutos de duração, a gente deixa o som rolar para as pessoas viajarem com o que estão ouvindo. Isso, em um show, teria uma reação maravilhosa com as pessoas viajando nos improvisos e nos arranjos mais longos. Vamos ver se, em 2021, nós teremos essa oportunidade de mostrar essa magia ao vivo”, diz.

O mais recente show do Ira! aconteceu em dezembro no festival Rock’n’road, que foi realizado Pedreira Paulo Leminski. E por incrível que pareça, essa foi a primeira vez que o grupo se apresentou no mais tradicional palco da música em Curitiba. Relembre neste link como foi a cobertura do Cwb Live.

Giannini

Scandurra é um dos artistas brasileiros que mais valoriza os instrumentos nacionais. Afinal, uma das principais marcas de Edgard é o uso das guitarras Giannini, que ele utiliza desde a década de 1980 em gravações e shows. “A minha primeira guitarra foi uma Giannini Supersonic, que era do Nasi e acabou ficando pra mim. Ela tem uma sonoridade muito peculiar. As guitarras da Giannini remetem muito a timbragem dos anos 1950, 60 e 70, que são os períodos nos quais estão as minhas principais referências. A própria estética Mod tem muito a ver com essas décadas. Elas têm um som que lembra um pouco a Rickenbacker, a Fender Jaguar, limpo com um agudo que lembra até um copo de cristal quebrando no chão, um ‘som de vidro’ que eu gosto muito”, explica.

Essa predileção acabou gerando uma sonoridade bem característica para o som de Edgard tanto com o Ira! quanto nos projetos paralelos. “A Giannini é uma guitarra mais primitiva, então, você tem que brigar um pouco pra tirar um som e esse esforço é muito prazeroso porque acaba saindo um som muito peculiar e característico”, explica. “No ano 2000, mais ou menos, a Giannini fez uma guitarra pra mim, a Supersonic azulzinha, com um acabamento muito bom e um puta som! Eu também acabei comprando uma Giannini do Fabio Elias (guitarrista da banda curitibana Relespública), ainda mais antiga do que a que eu tinha”, complementa.

Além das guitarras Giannini, Edgard também possui outros instrumentos brasileiros. “Eu tenho um violão Del Vecchio, que tem um som muito bacana. Também tenho uma guitarra de um luthier aqui de São Paulo dos anos 1970, o Romeu Berger. Essas guitarras tem distorção, são tecnológicas. A minha é de 1987, mais ou menos, e eu gosto muito de usar”, diz.

Obviamente, como a tecnologia era bem diferente, a sonoridade a a própria parte física desses instrumentos eram únicas. “Nessa época, era tudo meio artesanal. Apesar de não ter uma tradição de guitarras elétricas, o Brasil tem coisas que são feitas com muito capricho. As pessoas davam o melhor de si pra fazer esses instrumentos. Os captadores da Giannini que eu uso, por exemplo, foram fabricados por um senhor chamado Vitório, que foi um dos pioneiros nessa parte elétrica das guitarras brasileiras. Quando você toca com um instrumentos desses, você tem um objeto histórico nas mãos. Eu valorizo a aparência, a estética e a sonoridade deles, que são muito particulares”, elogia.

Postura crítica

Diferentemente da maioria dos artistas nacionais, Scandurra mantém uma postura crítica em relação a sociedade brasileira e faz questão de se posicionar em relação aos assuntos que ele acha relevante. “Eu me sinto na obrigação de ter um posicionamento perante vários desmandos. É um reflexo do momento pelo qual nós estamos passando, com a verdade sendo questionada a todo instante, a ciência sendo colocada em dúvida. Os valores estão sendo invertidos, a compaixão é sinal de fraqueza e o progresso é medido no mérito das pessoas”, afirma.

Assim, Edgard procura não fechar os olhos para algumas situações que vêm afetando a população. “A gente vê o fosso entre ricos e pobres aumentando de uma maneira absurda! A pandemia não emociona, não preocupa. As pessoas de classe média alta se acham imunes porque possuem plano de saúde ou quartos em uma casa grande nos quais elas podem ficar isoladas. Nós temos um número gigantesco de desempregados e uma quantidade cada vez maior de pessoas morando nas ruas”, diz.

Edgard acredita que, nesse período da história brasileira, é ainda mais necessário manter a voz ativa. “Quem tem um pouco de consciência e não se deixa levar por essa onda tem que se posicionar. São essas vozes isoladas que vão aparecendo aqui e ali que vão fazer com que as pessoas voltem a ter um pouco de razão na vida, no sentido de ser humano e ajudar as pessoas. Não são valores da esquerda, socialistas ou comunistas, disso de ‘vai pra Cuba ou pra Coréia do Norte’, não é uma coisa tão simplista assim. Não é jogo de futebol ou torcida, é respeito, é querer que as pessoas que estão a sua volta também tenham acesso a cultura, a arte, saúde, alimentação, a alegria de viver. E isso acaba sendo uma contramão de uma tendência que mistura fanatismo religioso, uma visão forma de patriotismo e de ecologia”, avalia.

O espanto de Edgard é ainda maior ao perceber a postura de parte da sociedade em relação a temas que, teoricamente, já faziam parte de um passado obscuro. “Poxa, não é possível que a gente tenha vivido tudo isso, passado por uma ditadura, que a gente tenha conhecimento de tanta gente que sofreu com tortura, que morreu, que teve que sair escondida do país, para de repente aparecer essa massa de gente pedindo a volta dos militares. Eu me sinto na obrigação de me posicionar não como artista, mas como cidadão”, afirma.

Porém, no meio musical, são poucas as vozes que têm se levantado efetivamente nesse momento. “Eu acho que o ambiente da música Pop, jovem, comercial, e do próprio Rock, tem um berço de pessoas com origem em famílias ricas, que ganhavam instrumentos dos pais ou tinham dinheiro para comprar. Isso acaba sendo uma realidade meio paralela. É um ambiente machista, de piadas homofóbicas, que permite esse espaço do conservadorismo. Ser artista não é sinônimo de ser progressista, não mesmo! Isso aparece muito e agora essas pessoas se revelam”, diz.

Analisando a situação do país com uma abrangência mais ampla, Scandurra bate na tecla da necessidade de exercitar o amor ao próximo antes de qualquer ideologia ou preferência política. “Por exemplo, na música Sertaneja, que eu não acompanho muito e posso estar falando uma grande besteira, eu percebo um reacionarismo muito grande dessa turma. Você vê que as letras são todas machistas, da mulherada não sei o que, é um mundo paralelo que vai ganhando força. É bom que a nossa bolha seja grande, que ela cresça e abrace essas pessoas para que elas comecem a ter um pouco de noção de que o que está acontecendo é cruel com muita gente. Já que as pessoas falam tanto em Cristo, eu acho que existe um ensinamento de amor ao próximo que precisa ser mais importante. Mais do que dizer que Deus está acima de tudo é saber que Deus está entre nós, que é mais humano, mais carinhoso e respeitoso”, finaliza Edgard Scandurra.

Assista ao vídeo de “Dias de luta”, gravado ao vivo no show do Ira! no Festival Rock’n’road, que aconteceu em outubro de 2019 na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba.

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