Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Leo Aversa
Se hoje o Rock é um estilo consolidado no Brasil, boa parte da “culpa” pode ser atribuída aos cariocas do Barão Vermelho. Afinal, Frejat (guitarra e vocal), Cazuza (vocal, falecido em 1990), Rodrigo Santos (baixo), Guto Goffi (bateria), Mauricio Barros (teclado), Fernando Magalhães (guitarra) e Peninha (percussão, que morreu no ano passado) construíram alguns dos mais fortes alicerces do rock nacional.
Agora, a banda está voltando com uma nova roupagem e promete dar continuidade ao seu rico legado musical. O grupo apresenta a turnê “Barão pra Sempre” nesta sexta-feira (23) no Teatro Positivo, em Curitiba, desta vez com o guitarrista e vocalista Rodrigo Suricato na linha de frente.
De novo na estrada
Sem dúvida nenhuma, desde o fim da turnê “+1 Dose”, em 2013, a volta do Barão era muito esperada por todos que acompanham a música brasileira. No início deste ano, a banda anunciou que tinha decido retomar a sua carreira e que, em comum acordo, Frejat não participaria dessa nova fase. “O grupo sempre quis continuar na estrada, fazendo shows. Em função da carreira solo do Frejat, houve uma interrupção nas turnês que ficaram mais esporádicas e pontuais. Quando iniciaram as conversas para essa nova turnê, ele nos informou que não pretendia interromper seu projeto solo e pediu que o grupo ficasse à vontade para seguir em frente. A partir daí, fomos amadurecendo a ideia. Apesar de tudo, em nenhum momento, a banda titubeou sobre seguir em frente”, explica Mauricio Barros.
Encontrar alguém para assumir o posto que já havia sido de Cazuza e, posteriormente, de Frejat, não seria nada fácil. Portanto, a escolha foi uma tomada de decisão que precisava ser certeira. O eleito foi o músico e cantor Rodrigo Suricato, que ficou conhecido em 2014 durante a primeira temporada do programa SuperStar, da Rede Globo, com a banda Suricato.
Nos vídeos das recentes apresentações do Barão, Suricato parece já ter estabelecido uma química bem interessante com seus novos companheiros. “No ano passado, eu participei da turnê Nivea Rock Brasil, que percorreu diversas capitais do país, e o Suricato também fazia parte da banda. Ao longo dos meses de ensaios e shows, pude comprovar o seu talento como cantor e instrumentista. Acabamos ficando amigos. Quando começamos a pensar em alguém para assumir os vocais e a guitarra, sugeri o seu nome e todos aprovaram. Fiz o convite e, para a nossa alegria, ele topou na hora. Para completar, ele é um cara gente boa e até parece que já está na banda há muito mais tempo, tamanha é a sintonia com todos nós”, elogia Mauricio.
Nesta nova turnê, apesar do foco estar voltando para o novo integrante do Barão, uma ausência será sentida pelos fãs e, também, pelos remanescentes do grupo. No ano passado, o percussionista Peninha que, de certa forma, era a cara do rock do Barão, com sua alegria e irreverência, faleceu em decorrência de uma hemorragia digestiva.
Na visão da banda, estar no palco retomando o trabalho é de certa forma, uma maneira de manter vivo o legado de seu ex-companheiro. “O Peninha vai estar para sempre no Barão. Ele tinha uma musicalidade ímpar e era nosso irmão. Foi uma perda muito difícil para todos. Ele é o Barão, também, e com a banda tocando e na ativa, isso por si só é a maior homenagem para ele”, diz Fernando.
Vem um novo álbum por aí?
Apesar do pouco tempo de vida dessa nova formação do Barão, a banda já está pensando em compor e lançar um novo álbum.
Os primeiros passos começarão a ser trilhados à medida que os músicos forem assimilando a presença de seu novo integrante. “Optamos por recomeçar com uma tour para nos ambientarmos novamente, tocar juntos outra vez e criar laços com o nosso novo vocalista/guitarrista. Com certeza, faremos muitas músicas novas. Todos somos compositores e parceiros. Em um futuro breve, vamos nos juntar e expor nossas ideias, rascunhos e músicas para começar o processo de criação de um novo álbum inédito. Como diz Suricato: ‘vamos namorar primeiro, para depois fazermos um filho’ (risos)”, diz Fernando.
O velho e o novo mundo
O Barão Vermelho foi um dos responsáveis pela popularização do rock brasileiro. O grupo também abriu portas para que inúmeras bandas pudessem mostrar seus trabalhos nos anos 1980.
Hoje, olhando para trás, Fernando acredita que essas quase quatro décadas de Rock’n’roll valeram a pena. “Tudo foi válido. Sinto-me feliz vendo que a nossa música tocou e influenciou muitas pessoas e músicos, por gerações. O rock do Barão sempre foi rock brasileiro, com as pitadas dos nossos gostos pessoais. Sempre fizemos tudo com muita sinceridade. Até o que achamos, hoje em dia, que pode ter sido exagerado ou que faríamos de outra maneira com a nossa cabeça de hoje, valeu! Tudo faz parte da nossa trajetória. Acho muito legal que tenhamos levado o rock para um patamar popular, agradando a roqueiros mais aficionados e, também, aos que são mais ecléticos no gosto musical”, analisa o guitarrista.
Hoje, as plataformas digitais são uma grande ferramenta para os músicos. Gravar um álbum também se tornou muito mais fácil do que nos anos 1980/1990, por exemplo. Ao mesmo tempo, a pirataria ainda tem um forte impacto sobre as bandas.
Obviamente, esse “novo mundo” da relação dos fãs com as bandas também teve o seu impacto na vida do Barão. “As mídias digitais são fundamentais hoje em dia, inclusive para bandas e artistas já estabelecidos. Quando começamos, a única forma de divulgar uma banda desconhecida era ter uma música tocando numa rádio alternativa. Atualmente, existem muitas ofertas, o que chega a ser um problema pra se destacar no meio de tanto conteúdo. A pirataria está dando lugar ao streaming que, apesar de ser uma ferramenta e tanto, ainda é melhor para o consumidor do que para o criador. Tenho esperança de que essa situação se resolva no futuro. Todos nós do grupo procuramos estar conectados aos fãs e damos atenção às nossas páginas nas redes sociais para estarmos cada vez mais atentos e próximos dos nossos fãs”, explica Mauricio.
A “segunda casa” de Fernando Magalhães
Curitiba já foi palco de shows inesquecíveis do Barão Vermelho e a cidade abriga muitos fãs da banda, mas a ligação de um dos integrantes com a capital paranaense vai além disso. “Eu sou suspeito. Sou carioca, mas não da gema (minha mãe nasceu em Morretes e viveu sua adolescência em Curitiba). Sinto-me meio paranaense de coração. O Barão tem uma história linda na cidade. Sempre fomos à capital paranaense em todas as turnês. Temos muitos fãs e muitos, mas muitos amigos de longa data por aí. Um show marcante foi o que fizemos na Pedreira, com os Paralamas e os Titãs, se não me engano, nos idos de 1994/1995. Estava lotado e foram shows lindos. Não só na capital, mas em todo o Estado, onde já rodamos muito, sempre fomos recebidos com carinho e acolhidos com muito amor. Bem, amo a minha meia cidade (risos)”, revela Fernando.
O show acontece nesta sexta-feira (23) no Teatro Positivo. Pela vontade demonstrada pela banda, o show deve ser não só uma celebração da história do Barão, mas também o início de uma nova fase para a banda. “Se você não gosta de rock, não vá ao show do Barão Vermelho!”, finaliza Mauricio.
A casa abre às 20h15 e a apresentação começa às 21h15. Confira neste link os valores e pontos de venda dos ingressos. O Teatro Positivo fica na Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, no Campo Comprido.
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