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Bruce Springsteen mostrou fôlego em sua apresentação na Cidade do Rock (Foto – Facebook Rock in Rio/Raul Aragão / I Hate Flash)

 

Junte carisma, boas canções e simpatia. Some a isso três horas de música, quase sem interrupção. Acrescente o contato com o público, uma homenagem a um dos maiores nomes da música brasileira e você terá uma das maiores apresentações de um artista internacional em solo brasileiro, em todos os tempos. O cantor, compositor e músico Bruce Springsteen uniu todos esses ingredientes e fez uma apresentação acima da média neste sábado (21) no Rock in Rio.

O show começou logo com uma surpresa. O público incrédulo viu Bruce e a E Street Band tocarem “Sociedade Alternativa”, clássico do baiano Raul Seixas, cantada em português. A homenagem deixou a plateia nas mãos do músico, como se ele precisasse disso…

Em um dos muitos momentos em que conversou com o público, antes de “Spirit in the night”, Springsteen disse: “Quero fazer uma pergunta. Vocês estão sentindo o astral?”, questionou. Durante a canção ele foi para o meio do público e cantou em pé na grade que separa os fãs do vão de segurança central.

Após “Hungry heart”, o cantor revelou a outra surpresa da apresentação. “Nesta noite temos algo especial para vocês, vamos tocar o álbum ‘Born in the U.S.A.’  inteiro”, disse arrancando aplausos da plateia. A música que dá título ao disco, lançado em 1984, foi cantada do começo ao fim pelas mais de 80.000 pessoas presentes na Cidade do Rock.

Até nos momentos mais introspectivos, como em “I’m on fire”, onde os fãs ouviram a canção, respeitosamente, cantando apenas o refrão, acompanhando com palmas, uma energia diferente estava presente.

 

Uma reunião de grandes músicos

 

A E Street Band, que acompanha Springsteen  desde o início de sua carreira, dá o suporte perfeito para a sua música. Destaque para o guitarrista Little Steven, com sua inseparável coleção de bandanas, mantendo a mesma irreverência e presença de palco dos anos 1980.

Bruce faz parte de um época do rock mundial em que as bandas se apresentavam frequentemente em grandes estádios, para públicos semelhantes ao do Rock in Rio. Hoje o cenário é outro. Os shows em grandes arenas estão restritos a poucos artistas.

Na sequência da apresentação, Springsteen enfileirou dois dos maiores clássicos dos anos 1980: “Glory days” e “Dancing in the dark”, onde o cantor chamou cinco pessoas da plateia para o palco, transformaram a Cidade do Rock em uma grande pista de dança.

O carisma e a simplicidade de Springsteen são impressionantes. O músico conversou, brincou e entusiasmou o público durante toda a apresentação. A felicidade de todos na banda era evidente pela acolhida que tiveram no Brasil.

Em “Waiting’  on a sunny day”, Bruce foi mais uma vez para o meio do público. Quando voltava para o palco ele deu o microfone para um garoto cantar o refrão da música. O menino não se intimidou e chegou a chamar a E Street Band para voltar a tocar.

“Twist and shout”, clássico dos Beatles, fechou uma noite mágica. Bruce apresentou toda a banda e mandou um “Obrigado Brasil, obrigado Rio”. Na volta para o bis, Springsteen brindou o público com “This hard land”. Em quase três horas de apresentação, o músico conquistou a todos com sua simpatia. A aposentada Ilaice Lemes (60), fã do artista desde os anos 1970, assistiu ao show pela televisão e diz que foi um momento único. “Foi maravilhoso. É impressionante a simplicidade dele, é uma pessoa igual a gente. Ele era muito pobre na infância e, por isso, é simples assim. Ele gosta do contato com o público”, afirmou emocionada.

Amanhã (23), o músico completa 64 anos de idade. O carinho e o respeito do público brasileiro foram o grande presente que Bruce Springsteen recebeu. Isso certamente ficará marcado para sempre na vida do “The Boss”.