O público curitibano foi brindado com alguns dos grandes clássicos do Deathgrind
O Brujeria se apresentou pela primeira vez em Curitiba na noite desta quinta-feira (6) no Music Hall. O show encerrou uma semana que foi especial para a capital paranaense, afinal nesse curto período a cidade sediou o Curitiba Rock Carnival e o tradicional festival Psycho Carnival, um dos mais respeitados eventos do cenário Psychobilly em todo o mundo.
Juan Brujo e Fantasma (vocais), El Cynico (baixo), Hongo e AK (guitarras) e Hongo Jr. (bateria), entraram no palco ao som de “Verga Del Brujo”. Antes de “Marcha de Odio”, Fantasma brincou dizendo que o Brujeria estava no Brasil para arrebanhar novos soldados para o exército da banda. Em “No Aceptan Imitaciones”, Fantasma fez uma clara referência ao ex-guitarrista e membro fundador do Brujeria, Dino Cazares, que deixou a banda em 2004. “Existem grupos que estão reclamando o nome do Brujeria”, disse. Em seu projeto, o Asesino, Cazares costuma fazer “covers” de sua ex-banda, o que parece não ser bem recebido pelos membros remanescentes.
As letras das músicas do Brujeria são um dos fatores que mais chamam a atenção para a banda, pois criticam de forma dura as mazelas da América Latina. Não é surpresa o grupo ter tantos fãs no Brasil, pois nossa realidade é, há décadas, muito próxima a dos irmãos sul-americanos e centro-americanos. Dentro desse contexto, a acolhida que os fãs curitibanos deram à banda foi elogiada pelo vocalista em várias ocasiões. “O Brasil é o melhor público do Brujeria. Tocamos na Espanha, Itália, mas os brasileiros são os melhores”, disse.
“Revolucion” foi um dos pontos altos do show. A música fala do descaso dos políticos mexicanos em relação ao seu povo. Fantasma cita o Partido Revolucionário Institucional (P.R.I.), que governou o México de 1929 até o ano 2000 e voltou ao poder em 2012. “Ouçam ou se fodam, não sejam idiotas. O governo mexicano não está nem aí. P.R.I. manda em todos, eles são comunistas. Índios e pobres, não têm chances”, diz a letra.
Antes de “Mexico Campeon”, Fantasma falou sobre a Copa do Mundo que será realizada a partir do próximo mês de junho no Brasil. O público vaiou a citação. O vocalista citou o nome do Rei Pelé e foi vaiado novamente. Estranha reação endereçada a um jogador que foi três vezes campeão do mundo pelo país e é considerado, até hoje, o maior atleta da história do futebol. Na sequência o vocalista citou Garrincha e disse que esperava que o México ganhasse o Mundial. A letra da música usa o tradicional grito de guerra dos torcedores mexicanos em jogos da sua seleção, “Mexico, Mexico, la, la la”.
O Brujeria tocou em primeira mão três músicas do seu novo álbum que está prestes a ser lançado: “Pocho Aztlan” que dá nome ao disco, “Angel De La Frontera” e “Satongo”, apresentada por Fantasma como uma canção inspirada em alguém meio homem, meio monstro. O último trabalho do grupo foi “Brujerismo”, no ano 2000.
“Matando Gueros” fechou a apresentação de forma apoteótica. A letra da canção que dá nome ao primeiro álbum do Brujeria, lançado em 1993, narra a dura vida dos mexicanos menos abastados. “Años pasan y nuestra raza se jode. Cabrones gabachos nos quieren ver muertos. Forzados a la pobreza, siempre somos mayates. Tu venganza sera tu destino oscuro”, canta Brujo. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.
Confira três músicas do show: “Matando güeros” , “Consejos narcos” e “Revolucion” .
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