Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira

division

O Division Hell é uma daquelas bandas nitidamente preparadas para alçar voos maiores. O quarteto curitibano une técnica, peso e criatividade em boas composições e parece ser questão de tempo que um grande selo gringo “descubra” os caras. Na última sexta-feira (5) no 92 Graus a banda deu mais uma amostra dessa realidade.

A abertura foi das bandas Thanatose, Decimated e Device. Fechando a noite, o Division Hell apresentou quatro músicas novas em seu setlist: “Army Of The Dead”, “World Khaos”, “Bleeding Hate” e “The Fable of Salvation”. Elas farão parte do novo álbum do grupo, “Bleeding Hate”, que está em fase de masterização no estúdio Clínica Pro-Music, em Curitiba. Ainda fizeram parte do setlist as músicas “The Last Words”, “Flesh Blood Desire” e “Apokaliptika”, faixas de seu primeiro EP “Apokaliptika” (2011).

A nova formação do Division Hell tem Ubour (guitarra e vocal), Renato Rieche (guitarra), Hernan Oliveira (baixo e backing vocal) e Eduardo Oliver (bateria). O veteraníssimo Hernan, que já tocou com várias bandas extremas curitibanas como Anmod, Ethel Hunter e Imperious Malevolence, deu ainda mais contundência ao som do DH. “O Ubour já tinha me convidado para entrar na banda, porém eu estava meio sem grana porque estava construindo um home studio em casa. Aí conversei com ele explicando que não teria condições de entrar porque sabia que os projetos deles eram sérios e gravação no Clínica não é barata”, explica o baixista.

Após um período pensando na oportunidade, Hernan decidiu encarar o desafio e novamente emprestar o seu talento para uma das mais importantes bandas do Death curitibano. “O que me fez aceitar o convite é o fato de conhecer e curtir o trabalho deles. As músicas são muito boas eu queria participar desta gravação e da banda”, complementa.

Este foi o terceiro show com a nova formação e a agressividade sonora ficou ainda mais evidente. “Entrar em uma banda não é fácil porque além de tirar as músicas você tem que entender a mentalidade dos músicos e a proposta deles. No caso do Division eles buscam referências para criar todo o trampo da banda e isto é uma coisa que eu não costumo fazer, então é meio novidade”, analisa Hernan. “Tem sido incrível! Ele é um cara experiente, um puta baixista e também um grande vocalista. Tudo isso torna ainda mais insana a experiência ao vivo do Division Hell!”, elogia Ubour.

Ao que parece, tanto no palco quanto na convivência nos ensaios e gravações, a escolha não poderia ter sido mais certeira. “Eles são super sérios e comprometidos e têm uma maturidade legal. Isto é difícil encontrar”, finaliza Hernan.

Sexta Brutal - 92º - 05/06/2015 - Division Hell

O respeito ao 92 Graus

O Cwb Live está apoiando a campanha de crowdfunding lançada pelo 92 Graus por entendermos que é imprescindível manter aberta a casa que mais abre espaço para a música autoral de Curitiba. E é nesse tipo de show que é possível perceber de forma ainda mais clara a importância do templo da música curitibana, pois não é fácil organizar eventos undergrounds.

Mesmo assim, desde 1991 o 92º abre suas portas para esse tipo de evento, sem se importar com pouco público ou com a parte financeira. Em função disso, era evidente o respeito mostrado pelos músicos. “O J.R. me falou: ‘Porra, você toca aqui desde os 16 anos’. Eu mesmo nem lembrava disso. Hoje, o 92 é a única forma das bandas autorais mostrarem seus trabalhos no meio underground. Ninguém faz o que o J.R. faz”, afirma Hernan.

Essa foi a primeira vez que o Division Hell se apresentou no 92° e a experiência parece ter sido positiva. “Foi foda! Público legal, o som estava legal, o clima do 92° é muito foda! O J.R. está sempre presente e prestativo, não deixando as bandas na mão. Cara, se o 92° fechar estamos ferrados porque teremos poucos ou quase nenhum lugar para tocar. A empreitada do J.R. não será fácil, pois o que ele precisa não é pouco”, avalia Ubour.

A missão de manter vivo o 92 Graus cabe a todos os agentes culturais da cidade. Se cada um fizer a sua parte, será possível vislumbrar um futuro para a música autoral curitibana. Veja três vídeos da apresentação: “Army Of The Dead”, “Pray & Cry” e “World Khaos”. Confira também nosso álbum de fotos das bandas Thanatose, Decimated e Device.

Sexta Brutal - 92º - 05/06/2015 - Device, Decimated e Thanatose