Texto: Marcos Anubis
Fotos: Divulgação




Peso sempre foi a praia de Neri (bateria e vocal) e Netão Lombada (baixo e voz). Afinal, os dois fazem parte do trio The Mullet Monster Mafia, que faz uma Surf Music instrumental repleta de elementos do Heavy Metal e seus subgêneros.

Agora, mergulhando ainda mais nos gêneros mais extremos do Metal, Neri e Netão montaram um novo projeto ao lado de Allisson Big Bull (guitarra e voz) e Rejão DeNyah (guitarra e voz).

A banda foi batizada de Escalpo e estreou no dia 20 de novembro com o lançamento do EP “Retrocedendo”.

Logo de cara, o grupo chama atenção por apresentar um conceito filosófico muito bem definido. “O Escalpo surgiu da necessidade de marcar posição contra tudo que vem acontecendo no Brasil, ultimamente. Toda essa degradação social que estamos vivendo estava sufocando a todos nós e sentíamos a necessidade de mostrar uma posição de forma clara e explícita contra as ações, condutas e opiniões dessa corja de imbecis que vem espalhando ódio e estupidez desenfreadamente”, explica Neri.

Seguindo essa linha de pensamento, que mostra um discurso forte e direto, a banda já nasceu com uma visão musical e lírica bem clara. “Escrevemos as letras e definimos um conceito sonoro que tivesse a ver com a proposta, dando prioridade a mensagem que acreditamos ser fundamental neste momento”, complementa o baterista.




Peso e letras fortes

Os outros trabalhos dos quais Neri e Netão participam ou fizeram parte sempre foram pesados, mas com o Escalpo isso foi levado ao extremo.

O peso das três faixas do EP, que foi gravado, mixado e masterizado pelo músico e produtor Franco Torrezan no Casarão Music Studios, em Piracicaba, é impressionante.

Musicalmente, as canções apresentam várias referências, entre elas, o Ratos de Porão do álbum “Anarkophobia” (1991) e os trabalhos da fase inicial do Slayer. “Ratos e Slayer estão diretamente ligados às nossas raízes musicais. Em relação a sonoridade, o nosso plano era trazer a tona as nossas referências, misturando o Metal e o Punk em suas essências cruas e ríspidas, sem ficar limitando a subgêneros. Se eu tivesse que citar nomes que foram o nosso ponto de partida para a construção musical, colocaria o Anti Cimex, Discharge, Venom, Motörhead, e bandas brasileiras dos anos 1980, como o Anthares, Lobotomia, Dorsal Atlântica e Taurus”, analisa.

Além dessas influências mais diretas, o som do Escalpo também carrega a formação musical de cada um integrantes. “Toda a nossa escola influenciou diretamente o nosso som, do Metal dos anos 1980 ao Death Metal dos 1990, passando por bandas de Punk/Crust e Dbeat. O incrível é que as resenhas que estamos recebendo sempre citam nomes de bandas diferentes como referência sonora, o que pra gente é enriquecedor”, complementa.

“Retrocedendo” está disponível nas principais plataformas de música digital, entre elas, o Spotify e o Bandacamp. Além disso, a música “Onda de estupidez” também ganhou um lyric video.

Visão além da música

O Escalpo foi formado há apenas três meses, mas nasceu com uma direção musical e conceitual muito bem definida. “Somos amigos a muitos anos e a ideia de ter um projeto voltado às sonoridades que formataram nosso caráter musical era algo que estava nos planos a algum tempo. Pra gente, o importante neste momento era definir um time que pensasse da mesma forma, que defendesse os mesmos interesses e lutasse pelos mesmos objetivos”, diz.

Com a formação definida, as músicas do EP foram compostas em setembro, gravadas em outubro e lançadas em novembro. “A banda, com o nome e a proposta clara em nossas cabeças, existe oficialmente desde setembro. Eu já vinha escrevendo as letras desde o início da pandemia, pensando em um projeto, mas sem ter as coisas muito claras na minha mente. A partir de agosto, começamos a conversar mais diretamente sobre a formação e definir detalhes (escolher nome, identidade visual e começar a pensar nas músicas). Em setembro nós realmente começamos a existir, passando de uma ideia a algo real que começou a se formatar”, conta.

A ideia da banda é canalizar a contestação em forma de um som pesado que é usado como pano de fundo para letras que confrontem a realidade social do país. “O Escalpo é a consolidação de toda a revolta e indignação contra esse sistema estúpido que está no poder. Acreditamos na igualdade, queremos que todos possam ter os mesmos direitos e oportunidades. Não podemos mais tolerar o racismo humano e social, a homofobia, e/ou toda e qualquer tipo de manifestação retrógada que espalha ódio e ignorância”, explica.

Claramente, o Escalpo é um projeto que nasceu com uma visão que vai além da música. “Somos parte da resistência contra tudo e todos que integram e/ou apoiam este conceito escroto que, infelizmente, voltou a crescer no Brasil e em outras partes do mundo. Nós estamos aqui com as mangas levantadas e os punhos cerrados, prontos para lutar por direitos iguais para todos!”, finaliza Neri.

Ouça o EP “Retrocedendo”. Aproveite para assinar o Cwb Live, pagando a quantia que você achar justa. É só clicar no link da plataforma Catarse que está abaixo (campanha “Eu Apoio o Cwb Live”).

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