Texto: Marcos Anubis
Foto: Reprodução/Facebook Gibson
A fábrica norte-americana Gibson, uma das mais lendárias marcas de guitarra do mundo, declarou falência nesta terça-feira (1). Apesar disso, a empresa apresentou um plano de continuidade comercial que foi aceito pela maioria de seus credores. A dívida da Gibson estava em um impasse que obrigava a fábrica a pagar US$ 375 milhões em títulos antes do dia 1º de agosto, ou refinanciar esse valor.
Para se manter viva, a Gibson Brands, empresa controladora das guitarras Gibson, chegou a um acordo de reestruturação com os detentores de 69% dos títulos totais com vencimento em 1º de agosto e receberá um crédito de US$ 135 milhões. “Esse processo será praticamente invisível para os clientes, que continuarão a se beneficiar de um produto e de um atendimento ao cliente inigualáveis”, garantiu o CEO da Gibson Brands, Henry Juszkiewicz. Ao lado do presidente da empresa, David Berryman, Juszkiewicz controla cerca de 85% do capital da Gibson Brands, de acordo com documentos apresentados nesta terça-feira em um tribunal especializado.
A grande vilã dessa história foi a “aventura” no setor de sistemas de áudio por meio de sua filial, a Gibson Innovations. A gigantesca dívida começou a tomar ainda mais corpo em 2014, com a compra de uma divisão da empresa de entretenimento holandesa Philips, a Woox Innovations, por US$ 135 milhões. A ideia era ampliar o alcance da empresa entre seus clientes.
Agora, de acordo com um comunicado oficial emitido pela Gibson, o grupo decidiu se concentrar nos instrumentos musicais e nos sistemas profissionais de sonorização. “Nos últimos 12 meses, fizemos avanços substanciais por meio de uma reestruturação operacional. Vendemos marcas não essenciais, aumentamos os lucros e reduzimos as demandas de capital de giro”, disse Juszkiewicz.
Segundo a empresa de consultoria administrativa que ajudará na reestruturação da empresa, a divisão de eletrônicos da Gibson ficou presa em um ciclo vicioso no qual não tinha liquidez para comprar estoques e impulsionar as vendas. A Gibson continuará a operar durante o processo de reorientação e falência, graças aos acordos firmados com os acionistas e detentores de notas.
A receita anual da Gibson caiu quase meio bilhão de dólares nos últimos três anos. As dívidas podem alcançar US$ 500 milhões e são destinadas a pelo menos 26 empresas, incluindo fornecedores, principalmente de madeira.
A Gibson também possui fábricas de instrumentos musicais com outros nomes, entre elas, a Epiphone, a Kramer, a Steinberger, a Dobro e a Baldwin. “O nome Gibson é sinônimo de qualidade e as ações de hoje permitirão que as gerações futuras experimentem o som inigualável, o design e a habilidade que nossos funcionários colocam em cada produto da Gibson”, disse Juszkiewicz.
As guitarras da Gibson, com sede em Nashville, são modelos icônicos que fazem parte de todas as vertentes da música. Entre os guitarristas que imortalizaram a marca estão Tony Iommi (Black Sabbath), Slash (Guns N’ Roses), B.B. King e Jimmy Page (Led Zeppelin). Já os pianos da Baldwin, criados em 1862, são ou já foram usados por vários grandes nomes, entre eles, Ray Charles e Igor Stravinsky.
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