Na véspera da eleição mais tensa da história do Brasil, Gil trouxe um pouco de calma e amor aos corações dos curitibanos
O que dizer sobre um artista que está completando 80 anos de idade e se mantém há mais de meio século criando músicas que fazem parte da vida da imensa maioria das pessoas?
Esse é o caso do cantor, músico e compositor Gilberto Gil, um compositor de canções que retratam diversas épocas e aspectos da história do Brasil de maneira brilhante.
Nessa sexta-feira (28), Gil trouxe a turnê “80 Anos” para o Teatro Positivo, em Curitiba, em uma grande celebração dessa trajetória que, para o bem da música, ainda continua sendo escrita.
Além desse show, Gil também fez uma apresentação no dia anterior, no mesmo local, e ambas tiveram lotação esgotada.
Tudo, agora mesmo, pode estar por um segundo
O destino quis que a apresentação acontecesse na véspera da eleição para presidente da República que seria a mais acirrada e tensa da história do Brasil.
Por isso, era inegável que a atmosfera no teatro estava elétrica, cheia de expectativa, justamente porque Gil nunca escondeu as preferências políticas e ideológicas e boa parte dos fãs que acompanham o trabalho dele também pensam da mesma maneira.
Entretanto, até nessa questão, Gil soube ser elegante e discreto pois, antes de encerrar o show, ele não escancarou em nenhum momento alguma fala ou gesto nesse sentido.
Com o Teatro Positivo completamente lotado, Gilberto Gil, acompanhado por Bem Gil (guitarra), Danilo Andrade (teclado), Nara Gil (backing vocals), Mestrinho (acordeom e backing vocals) e Marcelo Costa (bateria) abriram o show de maneira emblemática com “Tempo rei”.
Na sequência, depois de apresentar a banda que está excursionando com ele, Gil emendou em sequência três clássicos absolutos da MPB: “A novidade”, “Não chore mais” e “Vamos fugir”.
Depois, Gil exaltou a força cultural do povo nordestino e fez uma homenagem a essas pessoas, apresentando um bloco composto por quatro músicas compostas por autores do Nordeste: “Esperando na janela”, “Respeita Januário”, “O xote das meninas” e “Eu quero um xodó”.
Um cronista do Brasil real
Gilberto Gil sabe retratar a realidade do povo brasileiro e a própria história do país de maneira genial.
Nesses mais de 50 anos de trajetória, Gil compôs músicas que são praticamente crônicas do nosso cotidiano e muitas dessas canções fizeram parte do setlist do show em Curitiba.
“Barracos” e “Punk da periferia”, por exemplo, falam sobre as dificuldades que a esmagadora maioria da população enfrenta para sobreviver. Afinal, elas abordam a situação dos que são menos (ou nada ) favorecidos por uma sociedade brasileira que tem a desigualdade como a maior característica.
Ao mesmo tempo, ele também sabe falar de amor com “Drão” e “Esotérico”. Gil ainda incluiu “De leve”, uma pérola esquecida no álbum ao vivo “Refestança” (1977), gravado em parceria com a cantora Rita Lee. A canção é uma versão para o clássico “Get back”, dos Beatles.
“A paz” foi outro momento bem simbólico do show, pois Gil cantou a letra da música ainda com mais alma e não foram poucos os fãs que chegaram às lágrimas.
Em “Estrela”, Gil falou da simbologia dessa música e da relação de amizade que ele tem com a poetisa Alice Ruiz, com o falecido companheiro dela, o poeta Paulo Leminski, e com a filha do casal, a artista Estrela Leminski.
Mistério sempre há de pintar por aí
Na sequência do show, Gil fez o público se levantar para dançar com os clássicos “Palco” e “Aquele abraço”.
Depois, “Andar com fé” foi entoada literalmente como uma espécie de oração por dias melhores, em um momento de muita emoção.
Para encerrar a apresentação, Gil cantou “Maracatu Atômico”, canção de Jorge Mautner que também foi gravada por Chico Science e a Nação Zumbi, e “Toda menina baiana”.
Na saída, ele desejou uma “boa eleição para todos” e saiu do palco fazendo discretamente o “L”, que é um símbolo do então candidato, e agora presidente eleito, Luís Inácio “Lula” da Silva. Esse foi o único momento no qual ele se expressou mais diretamente em relação à eleição.
Gilberto Gil é sinônimo de música brasileira, de cultura, de arte, e representa um Brasil que faz do amor a maior arma. Por tudo isso, vê-lo no palco com saúde, aos 80 anos de idade, é um privilégio para todos que tiveram essa oportunidade.
Confira o vídeo da música “Tempo rei”, gravada ao vivo no show de Gilberto Gil no Teatro Positivo, e veja o nosso álbum de fotos.
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