Texto: Marcos Anubis
Foto: Pri Oliveira

sepultura

As autoridades libanesas proibiram a banda brasileira Sepultura de realizar o show que estava marcado para o próximo domingo (28) no The Palace – Aresco Center, em Beirute. O motivo que foi alegado, (de acordo com a produtora Skull Session, responsável pela apresentação), foi que os integrantes do grupo “insultam o cristianismo”, são “adoradores do diabo” e “gravaram um clipe em apoio a Israel”. O vídeo em questão é “Territory”, que mostra a banda no Mar Morto e em outras localidades importantes na região.

Segundo os organizadores, as autoridades do Líbano se recusaram a fornecer os vistos de entrada no país, mas não mostraram os documentos que comprovariam as medidas. A decisão teria sido tomada pelo chefe das Forças Gerais de Segurança do Líbano.

A Skull Session também informou que recebeu a seguinte declaração do staff do Sepultura, assinada por Frank Hessing: “A banda não é satânica. A maioria da banda e membros do staff são católicos. Sim, às vezes eles criticam injustiças políticas ou outras. Isso pode ocasionalmente incluir críticas a igrejas, empresas ou instituições, mas não de forma destrutiva. Artistas são bem-vindos em todos os lugares e também nos países muçulmanos! Tocamos na Indonésia e estaremos na Turquia e nos Emirados Árabes em breve!”, diz a nota.

A produtora do show também divulgou uma nota defendendo o Sepultura de todas as acusações dos libaneses. “Gostaríamos de esclarecer que essas acusações são totalmente falsas. A banda não tocou em Israel. O videoclipe mencionado menciona o racismo de Israel sem nomeá-lo. O mesmo videoclipe, que foi lançado em 1993, contém cenas da repressão israelense e os integrantes da banda são mostrados bebendo chá com os clãs árabes. Quanto ao insulto à religião, os atuais membros do Sepultura lutam contra todas as formas de corrupção e pedem ao mundo que retorne à bondade e à natureza e rejeite a corrupção. Como é a natureza do Heavy Metal, a banda usa um estilo violento de expressão, mas eles não atacaram diretamente o cristianismo. Na verdade, há alguns dias, o vocalista da banda compartilhou, em suas fotos pessoais no Instagram, uma imagem da Catedral de St. George em Lviv, na Ucrânia. Deve-se notar que o ícone de Saint Charbel aparece na foto”, diz a nota.

A Skull Session também afirmou que a banda não tem uma ideologia específica nas letras das músicas. “Gostaríamos de salientar que a banda é socialmente ativa, pois tenta lançar luz sobre a corrupção nas sociedades sem adotar nenhuma ideologia ou se inclinar a qualquer pensamento. Pelo contrário, por meio das letras, eles pedem que as pessoas retornem a Deus e rejeitem uma sociedade automatizada anormal e não adorem Satanás, como foi interpretado por alguns. Finalmente, gostaríamos de salientar que é uma vergonha ver tal censura no Líbano, um país que afirma ser a única democracia no mundo árabe, onde a liberdade de pensamento e crença é salvaguardada imparcialmente, enquanto os países que são mais religiosamente estritos, como a Turquia e os Emirados Árabes Unidos, hospedam essa banda que foi proibida de entrar no Líbano”, disseram os representantes da produtora, que ainda estão tentando contornar a proibição.

A banda brasileira está em uma longa turnê que já passou pela Rússia e Ucrânia. Nesta segunda-feira (22), o grupo se apresenta no Casaquistão e, ainda nesta semana, no Quirguistão e na Mongólia. O Sepultura deve divulgar um vídeo de resposta na próximas horas. Confira o clipe de “Territory”, usado pelas autoridades libanesas para acusar a banda de “apoio a Israel”.