Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Pri Oliveira e Dani Ernst

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O Hillbilly Rawride é um dos grupos curitibanos que mais atrai público para os seus shows. Neste ano, a banda está completando 14 anos de estrada. No dia 24, a banda se apresenta na abertura da 18ª edição do Psycho Carnival. O show acontecerá no Jokers, em Curitiba, e promete ser uma grande celebração.

Mutant Cox (voz, guitarra e violão), Mark Cleverson (violino e voz), Joe Ferriday (piano e voz), Osmar Cavera (baixo acústico) e Juliano Cocktail (bateria e cajón) talvez sejam os maiores precursores da mescla entre Folk, Country e Rock no Brasil. “Isso aconteceu de uma forma muito natural. Nunca planejamos ter influências disso ou daquilo. Nosso som é uma grande mistura de um pouco do que cada um gosta. Basicamente falando, é um Country Rock, mas essa coisa de rótulo eu acho meio complicada”, analisa Mutant Cox.

Nas músicas da banda, essas influências trazidas por cada integrante são absorvidas de uma maneira muito particular. “A melhor forma de conhecer a banda é nos vendo ao vivo ou escutando um disco inteiro! Em uma só música também não tem como definir. A principal ideia, no começo, era fazer um Country, mas do jeito que a gente gosta, com essa mistura toda, principalmente do Rock, que é a nossa raiz. E quando se faz o que gosta tudo fica muito melhor, com outro valor”, complementa.

Cox também integra outras duas bandas com estilos completamente diferentes do Hillbilly. O Sick Sick Sinners é um dos maiores nomes do Psychobilly no mundo. A banda define o seu som como “Psychobilly Maldito”, por ser pesado e visceral. Já o 99 Noizagain tem o peso do Heavy Metal e do Rock, aliado à urgência do Punk e do Hardcore.




Valorizar a história local

Uma das características mais fortes do Hillbilly é abordar a história paranaense em algumas de suas letras. Usando seu som como pano de fundo, a banda costuma falar sobre temas que fazem parte da vida dos paranaenses. “Para nós, é muito importante falar sobre a história local, especialmente sendo de onde somos. É um lugar muito especial, único não só no Brasil, mas também no mundo. Muita gente no Brasil, por exemplo, mal tem ideia do que seria a cultura paranaense. Muitas vezes, nem quem é daqui sabe muito também. Além disso, nas nossas músicas, sempre preferimos falar sobre fatos reais, que fazem parte das nossas vidas. Então, nada melhor do que poder falar sobre a história do lugar em que vivemos. Isso tudo torna essas músicas muito mais fortes, pois são verdadeiras”, diz Mutant Cox.

Duas músicas do repertório do Hilbilly expressam muito bem essa valorização da cultura paranaense. Uma delas é “Honky Tonk Lino’s”, que homenageia um dos locais mais respeitados na música autoral curitibana. “A ‘Honky Tonk Lino’s’ é uma homenagem ao bom e velho Lino’s Bar, que é o berço do rock underground curitibano e nosso também, é claro. É um lugar que eu comecei a frequentar desde muito jovem. Acho que por causa disso, hoje eu faço o que faço. Ali eu tive os primeiros contatos com o underground de verdade e, se isso não tivesse acontecido, talvez nem conheceria os estilos que toco até hoje. Em 2002, antes mesmo de a banda se chamar Hillbilly Rawhide, nós fizemos a primeira apresentação no Lino’s, ainda como um trio. Então fica até fácil escrever sobre isso. Ela saiu de uma forma bem rápida e natural”, conta.

A segunda é “Cavaleiros da morte”, que fala sobre o Cerco da Lapa. “Essa foi uma guerra antiga da nossa região que não é tão conhecida, mas foi de extrema importância para a nossa história. Fizemos de uma forma um pouco mais poética, claro. Não é a história do acontecimento em si, em detalhes, é mais sobre o choque que ele causou”, complementa.

O novo álbum

Formada em 2003, a banda conta com cinco álbuns em sua discografia: “Ramblin’, Primitive, Outlaws!” CD (2006), “F.N.M.” EP (2006), “Lost and Found” CD (2011), “Ao Vivo no Teatro Paiol” CD e DVD (2012) e “Ten Years on the Road” CD (2013).

Atualmente, o grupo está se preparando para entrar em estúdio e registrar seu novo trabalho. “Já estamos há algum compondo músicas novas e, inclusive, tocando ao vivo. Então, provavelmente ainda neste ano, nós gravaremos um novo álbum. Ele será um dos nossos CDs mais especiais, pois, hoje, temos muito mais experiência e bagagem. Além disso, ele será muito variado. Cada música será de um jeito, com uma influência diferente. Porém, é tudo Hillbilly Rawhide, mas um pouco mais ‘maduro’, evoluído. Estamos muito ansiosos pra começar a gravar e, claro, escutar o resultado final. Acho que será um grande disco! Pelo menos para o nosso gosto (risos)”, conta.




Momento histórico

Em 2015, o grupo fez um show fantástico no Rock Carnival (evento paralelo ao Psycho Carnival). A apresentação marcou a carreira da banda porque simplesmente lotou o estacionamento da Câmara dos Vereadores de Curitiba. “Esse talvez tenha sido o nosso maior show até agora. Foi a última ‘tarde’ daquele ano, de graça, na nossa cidade, em nosso festival, no Carnaval… Tinha quase 5 mil pessoas e praticamente todas cantando junto e agitando. Isso dá muita energia para a banda em cima do palco. É o que faz tudo valer a pena e nos impulsiona a continuar e tentar fazer cada vez melhor”, relembra.

Selo internacional de qualidade

Chegando a sua 18ª edição, o Psycho Carnival se consolidacomo um dos mais importantes festivais da cena psychobilly em todo o mundo. “Para nós, o Psycho Carnival é totalmente parte de nossa história. Tocamos em todas as edições, desde o começo, no festival ou em shows paralelos”, diz.

Essa admiração se justifica. Ao longo dessas quase duas décadas, Mutant Cox foi uma das pessoas que ajudaram a construir o respeito que o festival conquistou nos quatro cantos do planeta. “Acho que a importância do Psycho Carnival é mundial. O Psychobilly é um estilo mais underground, não tão conhecido. Ele sempre foi basicamente consolidado graças aos festivais que acontecem há muitos anos ao redor do mundo. Agora fazemos parte desse círculo. A maioria das bandas do estilo, ou próximas, querem tocar aqui. Tanto as maiores, principais e mais importantes, quanto as mais novas, que querem mostrar seu trabalho”, analisa.

Em Curitiba, cidade que pouco valoriza os seus artistas ou as suas iniciativas culturais, a existência do Psycho Carnival se torna ainda mais emblemática. “É no Brasil, no Carnaval e em Curitiba. É outra história, uma vibe completamente diferente dos eventos que acontecem no inverno europeu, por exemplo. Para a cultura local, o festival foi fundamental não só para a cena psychobilly, mas para toda a cena do Rock. Ele até fez com que muitos outros bares e produtores de eventos começassem a produzir festivais de Rock no Carnaval”, afirma.

Por causa do festival, a cidade de Curitiba, que não é conhecida por sua “folia”, acaba sendo destaque no país durante o Carnaval. “Para o curitibano, o paranaense é muito importante, pois aqui o Carnaval é bem diferente do tradicional, como é no resto do Brasil. Acho que tem muito mais público de Rock mesmo e, como a maioria está de folga nesses dias, nada melhor do que curtir esses dias regados a muito Rock’n’roll!”, analisa.

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Destaques desta edição

Nos quatro dias de Psycho Carnival, 24 bandas se apresentarão no palco do Jokers. O lineup vai dos argentinos do Jinetes Fantasmas à estreia dos catarinenses do Fritz da Puta.

Uma dessas bandas, porém, vem sendo aguardada em terras curitibanas há muito tempo. “Sou até bem suspeito para falar, pois, nesse ano, teremos a mais importante banda da história do Psychobilly como conhecemos (e minha banda favorita) o grande The Meteors! Essa é, com certeza, a atração mais esperada para a maioria! Mas, claro, o festival também é sempre bem variado. Teremos bandas de alguns outros estilos”, diz.

Cox também destaca algumas bandas que farão a sua estreia no festival. “Temos a volta dos Billys Bastardos, de Londrina, com sua formação original, a primeira apresentação dos catarinenses do Fritz da Puta e também do Long Tall Texans, que é uma clássica banda inglesa. Mas, basicamente, esse é mesmo o ano em que o The Meteors estará no Psycho Carnival! Imperdível até para quem não é muito do estilo! Recomendo demais, é algo único que existe no mundo, de uma energia sem igual!”, finaliza Mutant Cox.

O Hillbilly Rawhide se apresenta na Noite do Esquenta da 18ª edição do Psycho Carnival, que acontece sexta-feira (24), no Jokers.

As entradas são limitadas e estão à venda no site Sympla. O Jokers Pub fica na Rua São Francisco, 164, no bairro São Francisco. Informações pelo fone (41) 3013-5164.

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